31 de dezembro de 2017

Top 2017

Ficção

  • The Awakening - Kate Chopin
  • O Caminho Estreito para os Confins do Norte - Richard Flanagan
  • Gone with the wind - Margaret Mitchell
  • Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios - Marçal Aquino
  • O Tribunal da Quinta-Feira - Michel Laub
  • Landline - Rainbow Rowell
  • Everything I never told you - Celest Ng
  • Lavoura Arcaica - Raduan Nassar

Não Ficção
  • Mulheres Visíveis, Mães Invisíveis - Laura Gutman
  • The Feminine Mistake - Leslie Bennets
Cristãos
  • Encontros com Jesus - Tim Keller
  • Relationships - a mess worth making - Timothy S. Lane e Paul David Tripp



Estatística 2017

Esse ano, dois fatores me ajudaram a ler mais: uma competição amigável com uma amiga (ela ganhou de lavada com mais de 100 livros lidos), e a decisão deliberada de ler ao invés de fazer outras coisas (nominalmente: ver redes sociais e assistir TV). Para mim, isso funcionou tanto pelo fato de ter a satisfação de atingir metas ousadas de leituras, como de usar os livros como distração e entretenimento (sabendo escolher os livros certos para cada momento, claro).

Em números:

- 71 livros lidos
- 21473 páginas (em média, são 59 páginas por dia, e livros de 301 páginas. Gostei dessa nova estatística)
- 12 livros brasileiros
- 47 livros lidos no idioma original (português e inglês)
- 52 livros digitais (dispositivo kindle e aplicativo no celular)
- 40 livros escritos por mulheres (não é algo forçado, eu realmente acabo lendo mais livros de autoras)
- 35 livros em português, 36 livros em inglês (salve promoções da Amazon)
- 52 livros do presente século

Considerando meu histórico de blog:


Esse ano, eu percebi que é muito bom ler livros que já ganharam prêmios (mais do que simplesmente ler uma lista de livros que a população em geral acha bom), então expandi minhas metas para envolver os principais prêmios internacionais (a partir de 1983 somente, e sem limite temporal). Ainda estou pensando se incluo algum prêmio brasileiro ou de língua portuguesa, aceito sugestões.


Olhando assim, eu li muito, mas não muito focada nas metas - espero que 2018 seja melhor para isso.

Com relação a quantidade, eu espero continuar lendo pelo menos 1 livro por semana, o que é bem razoável.

Feliz ano novo cheio de livros para vocês!




30 de dezembro de 2017

Lavoura Arcaica

Editora Companhia das Letras - Capa Ettore Bottini

Poucos conhecem o autor Raduan Nassar - mas quem o conhece, o elogia. Mesmo com o filme de 2001, acredito que poucos tenham lido o texto original da década de 1970 que o inspirou - Lavoura Arcaica. 

O livro não é longo, mas é denso: tanto pela linguagem (um discurso no fluxo do pensamento, com muita imagem figurada), como pelo assunto - um filho pródigo invertido, como o autor explica no final, com segredos bem incômodos e que ainda são tabu (numa época de exposição e caminho para tolerância e aceitação, algo ainda ser tabu quer dizer muito).

Eu fui impactada pelo livro - é algo impressionante e bonito, toda a construção da ideia como a execução, embora, obviamente para quem já leu, é bem difícil de digerir. Consigo entender porque o autor é admirado e pouco conhecido. 

28 de dezembro de 2017

Coração de Tinta

Editora Cia das Letras - Capa Cornelia Funke
Cornelia Funke é alemã e quis escrever um livro para apaixonados por livros - cada capítulo tem uma citação (a maioria de outros livros infantis, muitos clássicos) e a história é sobre personagens que saíram do livro "Coração de Tinta" (igual o título do livro) e vieram para o mundo "real" e algumas pessoas que entraram para dentro do livro - uma troca possível pela leitura involuntariamente mágica de Mortimer (ou Mo ou Língua Encantada).

Pelo que eu li por aí, o livro é infantil (criança mesmo) e continua em uma trilogia - eu diria que é um livro ambicioso (de 450 páginas) para esse público. Mas eu entendo que um livro que você lê na "idade certa" pode torná-lo fã de carteirinha, o que não foi o meu caso.

Eu achei o livro lento: pouca coisa acontece, mas há bastante descrição de paisagem, personagens e bastante diálogo sobre o que está acontecendo, e como os personagens estão com medo ou receosos, e o que pode vir acontecer. Talvez quando as minhas filhas forem mais velhas, eu encare o livro e as continuações, talvez mesmo o filme, mas agora pelo menos eu matei a minha curiosidade sobre esse livro de capa tão bonita que eu sempre vi na parte infantil das livrarias.

The Distance Between Us

Editora Headline Publishing Group
O livro "A Distância entre nós" apresenta dois personagens geograficamente distantes: Jake em Hong Kong e Stella em Londres, eles não se conhecem mas nós temos certeza que eles serão o casal romântico do livro, apesar de estarem a meio mundo de distância e até um deles envolvido com outra pessoa.

No entanto, a capa do livro mostra duas garotas, já que a história das irmãs Stella e Nina é igualmente importante e também se refere ao título - a tal distância entre elas. As garotas são tão próximas que isolam as outras pessoas, até a mãe, que se surpreende constantemente com esse relacionamento.

O livro é incrível, e muito bem construído para ser envolvente e repensar o julgamento do caráter ou personalidade das pessoas - já que o contexto é extremamente relevante nessa história. Adoro livros assim, intricados, com relações significativas e romance.

23 de dezembro de 2017

The Shakespeare Book

Editora D.K.

Nos últimos meses, a editora D.K lançou vários livros dentro de uma coleção chamada "Grandes Ideias Explicadas de maneira Simples", entre eles, Política, Religião, Literatura. Eu comprei a versão digital do "O Livro de Shakespeare", e achei bem interessante.

Cada capítulo, é um dos seus livros (e alguns sonetos), com um resumo da história, uma linha do tempo, os principais eventos relacionados ao texto, e uma breve análise. É ótimo para ter uma visão geral de toda sua obra, e até para decidir o que gostaria de ler dele. 

Dá para ler a versão do kindle, embora a linha do tempo fique bem difícil de ler, mas acredito que é mais interessante ler e ter a versão física para referência.

Hogwarts - an Incomplete and Unreliable Guide

Editora Pottermore

Mais um dos livretos sobre o universo Pottermore publicados virtualmente, Hogwarts - Uma história incompleta e não confiável, é sobre o castelo propriamente dito, no universo mágico da história. O interessante é que há comentários da J.K. Rowling sobre seu processo de criação de Hogwarts, como uma visão de bastidores.

20 de dezembro de 2017

Everything I Never Told You

Editora Blackfriars 

É um livro maravilhoso, incrível, emocionante, tocante, sensível e notável. Eu não posso conter muitos elogios - eu realmente gostei muito de Everything I never told you (Ou "Tudo o que Nunca Contei" ou melhor em Portugal: "Tudo que ficou por contar").

A história começa quando a família nota que Lydia, a filha do meio, não dormiu em casa (estamos em 1977). Como a narradora apressa-se em contar, ela já está morta, e tudo o que virá em seguida, desde a história dos seus pais, como casaram, como são casados, quem são os irmãos, os amigos, onde moram, etc, é para que seja possível entender porque Lydia está morta naquele dia. 

Como mãe, a história me tocou mesmo, porque o drama de perder um filho é intenso, assim como toda a questão de identidade e maternidade que é trabalhada no livro. Uma amiga de descendência chinesa disse que o livro também faz bastante sentido culturalmente falando (o pai da história é filho de chineses).

A autora Celeste Ng impressiona, e eu mal posso esperar por ler seu próximo livro (Littles Fires Everywhere, que também foi aclamado pela crítica recentemente).


19 de dezembro de 2017

The Feminine Mistake

Editora Hachette Books

O título do livro é O Erro Feminino e eu já entrego o ouro / spoiler que se trata de: depender financeiramente de um homem. A autora Leslie Bennetts repete isso praticamente em todas as páginas do livro - é um pouco cansativo até, mas ela vai construindo todo seu livro ao redor desse argumento principal, que depender do marido não é bom, e não funciona na maioria das vezes - vide taxa de divórcio, taxa de viuvez, ou até o famoso faço o que com a minha vida agora com esse ninho vazio?

Da metade para frente, o livro fica mais interessante, quando ela aborda questões como impacto da carreira e na criação dos filhos, além da questão de individualidade e satisfação como pessoa, e daí vem o subtítulo: estamos desistindo de muita coisa?

A autora é uma jornalista que fez uma pesquisa bastante intensa sobre o assunto, citando pesquisas científicas e entrevistas "com os dois lados" da história - quem parou de trabalhar para cuidar dos filhos e da casa, e quem não parou, em diversas fases, com filhos pequenos, adolescentes e adultos. Há muitos casos tristes, principalmente envolvendo divórcio que a mulher sai com uma mão na frente e outra atrás, trabalhando em qualquer coisa para se sustentar - ou mesmo uma viuvez precoce. Há os casos de mulheres que perseveraram na vida dupla de profissional e mãe, abrindo mão de uma coisa ali e acolá, e se tornaram mulheres satisfeitas e bem sucedidas na meia idade, com filhos sem traumas aparentes.

Um dos pontos interessantes que ela menciona é uma pesquisa científica que diz que o bem estar da criança não está tão relacionado com a mãe trabalhar fora ou só ficar em casa quanto com o estado emocional dessa mãe. Se ela está feliz, o filho vai ficar bem - tanto faz se ela alcança essa felicidade dedicando a ele 100% do seu tempo, ou trabalhando uma parte do tempo. 

É um assunto polêmico, claro, mas na conclusão, ela diz que é estranho que as pessoas dediquem tanto tempo para brigar e atacar pessoas que são diferentes delas, que tomaram outras decisões. Se a pessoa está tão bem com sua decisão, por que atacar os outros? Além disso, a autora afirma que quer provar que é possível equilibrar sim vida pessoal e vida profissional, não "tendo tudo" que tanto se defendeu por aí - mas buscando um equilíbrio que seria ideal para os homens aproveitarem a paternidade também. 

Infelizmente, esse livro não tem tradução para o português, mas eu recomendo para todas aquelas mulheres que gostam do seu trabalho ou não podem abrir mão do salário, querem educar bem os filhos, e se sentem perdidas frente a patrulha das mães perfeitas que advogam que amor de mãe se mede, assim, visto por fora, em conversas casuais e fotos de instagram.




18 de dezembro de 2017

A viúva Simões

Domínio Público

No livro História Bizarra da Literatura Brasileira, a autora brasileira Júlia Lopes de Almeida é citada como alguém que escrevia muito bem, era popular, e participou da fundação da Academia Brasileira de Letras, mas seu nome foi excluído da primeira lista de membros por ser mulher - eles deliberadamente formaram um grupo só de homens (e considerando o tanto de político que fez e faz parte da ABL, realmente não se pode considerar a entrada na Academia como meritocracia).

Como ela é uma escritora do final do século XIX, seus livros já estão em domínio público, e disponíveis gratuitamente no formato de ebook. Eu escolhi para conhecê-a o livro "A viúva Simões", história de uma viúva de trinta e poucos anos, com a filha adolescente, que reencontra um amor do passado. É um dramalhão, aquelas histórias de novela, que a gente sabe muito bem aonde vai chegar, e fazem um sucesso imenso com as multidões. Não é Machado de Assis ou José de Alencar, mas é um livro bem escrito, característico do estilo romantismo.

É muito bom saber que a literatura brasileira nos surpreende com uma autora feminina de quase 140 anos, embora sejam poucas ainda hoje.

14 de dezembro de 2017

Sobre a brevidade da vida

Editora L&PM - Capa Néktar Design

Sêneca é um escritor do primeiro século depois de Cristo, e o seu livro Sobre a brevidade da vida é muito bonito - uma reflexão sobre o que importa realmente, e onde devemos investir o tempo, que é limitado, uma discussão sobre o que vale a pena.

Um dos pontos que eu achei interessante é que ele cita pessoas de 70, 80 anos - e aí a gente tem essa impressão que viver muito é algo moderno, mas na verdade é a expectativa média de vida que aumentou, não a longevidade básica da pessoa.

Outro ponto é que eu achei a temática e até algumas conclusões parecidas com a de Salomão, em Eclesiastes, que veio antes. 

Eu li assim, por ler, sem me demorar nos pensamentos profundos, que talvez seja a maneira mais correta de ler esse livro - mas mesmo assim, sem compromisso, deu para aproveitar. 

12 de dezembro de 2017

Landline

Editora Orion Books

Eu sei que a Rainbow Rowell faz livros românticos açucarados, com uma pitada de modernidade. Então, quando peguei Landline para ler (Ligações, no Brasil), eu estava esperando exatamente isso, o que não é muito. Mas eu realmente me surpreendi.

Na história, temos um casal mais perto dos 40 anos do que dos 20, com filhos, vivendo uma crise, num desentendimento de prioridades e comunicação. De maneira inexplicável, a mulher se vê falando num telefone com o marido anos atrás, antes de eles se casarem, quando também ficaram separados. Ok, parece besta resumindo assim - mas é só o ponto de partida para acompanharmos a mulher repensando toda sua vida, seus relacionamentos, a própria decisão de casar com o marido na época, e agora de continuar casada.

É mais do que eu esperava, e eu realmente me surpreendi de ver uma história tão densa - porque depois de um tempo você percebe que chegar ao altar não é tão difícil quanto viver junto pelo resto da vida.

"As vidas das pessoas não se encaixam automaticamente. Você tem que trabalhar para as vidas se encaixem. É algo que você faz acontecer - porque vocês amam um ao outro."



11 de dezembro de 2017

Made for me

Editora Kathryn R. Biel - Capa Becky Monson
"Made for me" de Kathryn R. Biel é o clássico chick lit, livro fácil, com uma heroína que não confia muito em si mesmo, mas se supera, realiza sonhos e até arranja um namorado no processo - tudo simples e inspirador. Vale a pena mencionar que essa protagonista aqui não tem o corpo magro perfeito de revista - mais baixa, um pouco mais cheiinha, e a valorização disso durante a história não deixa de ser um trunfo. Para entretenimento e diversão sem ligar o cérebro.

10 de dezembro de 2017

Treasure Island

Editora Wisehouse Classics - Capa Louis Rhead

A ilha do tesouro é o clássico livro infanto-juvenil de pirata. Já tem mais de 130 anos, mas o apelo de buscar um tesouro escondido numa ilha e fazer fortuna não deixa de ser atual. Acredito que o livro de Robert Louis Stevenson funciona para os pré-adolescentes de hoje, no entanto com uma linguagem atualizada seja mais fácil de levar.

7 de dezembro de 2017

História Bizarra da Literatura Brasileira

Editora Planeta

Eu entendo o que a editora pensou: "olha aquela coleção de livros que não para de crescer! Vamos entrar nessa onda e dar o título "História Bizarra da Literatura Brasileira" para esse livro, vai chamar atenção." Mas a verdade é que ficou estranho, e não condiz com o conteúdo. Não há tanta coisa bizarra sim na história da literatura brasileira - mas não temo como negar como é interessante ter mais informações e saber anedotas peculiares sobre nossos autores e livros mais famosos.

Marcel Verrumo condensou uma coletânea de anedotas muito interessante - e no começo da literatura brasileira (tudo antes do século XIX) - há um trabalho de pesquisa ótimo, com muitas informações que eu desconhecia, apesar de sempre gostar das aulas de literatura da escola (geralmente nessa época, ficamos na literatura de Portugal).

Os capítulos são curtos, a linguagem é simples, e o foco é sempre "humanizar" os autores, e não discutir suas obras - e mesmo assim, eu anotei algumas dicas de livros para os quais ele despertou meu interesse. Acredito ser leitura obrigatória para professores de literatura, dá para tirar material para ilustrar uma aula, despertar o interesse, e talvez por associação de ideias, firmar um conteúdo na cabeça dos adolescentes.

No entanto, para quem busca Bizarrices, é melhor procurar em outro lugar...

4 de dezembro de 2017

O Tribunal da Quinta-feira

Editora Companhia das Letras - Capa Raul Loureiro

Esse é o terceiro livro que eu eu leio de Michel Laub, e o que o consolidou como meu autor favorito brasileiro contemporâneo. Seus livros são fenomenais, gente! Corram, corram, vão lê-los todos.

(Eu ainda não li todos, mas com os 3 últimos já deu para perceber que há consistência no estilo).

Estilo esse bem característico de contar a história de forma não linear, que vai descortinando a trama aos poucos, a medida em que se conhece mais os personagens (não só o narrador, como também os coadjuvantes), num mergulho psicológico mesmo, e aí a cada página pode vir uma surpresa, aquela pecinha do quebra-cabeça que revela mais do que todas as outras.

Além disso, o autor incorpora nas histórias assuntos polêmicos e os desenvolve de uma forma tão interessante, que dá vontade mesmo de falar sobre o enredo, sobre a ideia, sobre a polêmica, e trazer para a vida o que era "só" literatura.

Por meio da história de "O tribunal da quinta-feira", dá para discutir rede social, intimidade, sexo, relacionamentos, homossexualidade e embora não seja um livro "leve" (com toda essa carga de conteúdo), é um livro que não dá para parar de ler - e que acaba deixando a gente ansiosa por mais.

E eu espero mesmo que venha muito mais!


2 de dezembro de 2017

A menina que não sabia ler

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Editora Leya - Capa Christiano Menezes / Retina 78
Confesso que me atraí pelo título desde que o vi pela primeira vez: A menina que não sabia ler. Parecia um pouco de metalinguagem irônica - ler sobre alguém que não sabia ler e esse era o foco da história (aí está o título para confirmar). Demorou muito até que eu chegasse a lê-lo mesmo, já sabendo que na verdade a garota tinha aprendido a ler sozinha. 

Logo no começo, eu já senti que o livro parecia muito com "A volta do parafuso" (de Henry James), mas com outra perspectiva, e a internet me confirmou que era isso mesmo. Como eu já conhecia a história original, já sabia o que me esperava - é um suspense, quase uma história de terror.

John Harding foi criativo com sua proposta de recontar a história preenchendo os espaços em branco do original (o título original cabe melhor na história: Florence and Giles, o nome da protagonista e seu irmão). Mas eu acredito que o mistério que circunda o clássico de Henry James é mais interessante, embora esse livro tenha feito tanto sucesso que levou o autor a escrever uma continuação - aí, pelo que eu vi da sinopse, totalmente apelativa com relação às circunstâncias.




1 de dezembro de 2017

Contos da Rua Brocá


Editora Martins Fontes - Capa Manu Santos
Esse ano, na classe da minha filha de 4 anos, a professora apresentou uma nova proposta de livro: com mais texto, poucas ilustrações, mas igualmente infantil e divertido. Lendo um pouco por dia, "A bruxa do armário de vassouras" fez sucesso com a turma, especialmente com a Anna, que comentou  bastante desse livro de 1o ano, que a fez se sentir "criança grande".

Eu não conhecia o livro "Contos da Rua Brocá" ou o autor Pierre Gripari, e o inclui na minha biblioteca pessoal, para que um dia minhas filhas também possam ler. São contos curtos de temática fantástica - há magia, há seres mágicos, as crianças da tal rua vivem diversas aventuras e correm perigos, mas sempre voltam a salvo para suas casas.

Eu me encantei com livros ilustrados nesses últimos anos, mas estou feliz de ir começando aos poucos conhecer e retomar livros infantis com histórias mais longas. (Eu pensei em falar ricas, complexas, completas - mas bons livros ilustrados podem ser tudo isso também - o problema é que eles acabam rápido mesmo.)

25 de novembro de 2017

Cold Comfort Farm

Editora Stellar Classics

"Cold Comfort Farm" é um livro que parece aqueles romances bucólicos ingleses, mas a protagonista, Flora, é meio estranha. Quando os pais morrem, uma amiga a aconselha a começar a trabalhar. No entanto, ela decide: vou escrever cartas para os meus parentes, afinal, alguém deve poder me receber em sua casa para que eu não tenha que trabalhar pelo meu sustento.

Além de ser um golpe no estômago do feminismo, achei muito estranha esse candura toda de expressão, então fui procurar sobre o livro na internet e descobri que se trata de uma paródia da vida rural romantizada da época - Stella Gibbons publicou o livro em 1932. O livro anda nessa toada, exagerando e criticando todos os arquétipos.

Eu achei interessante, mas talvez por não entender as "piadas da época", não foi tão engraçado - ou é como dizem, o humor inglês é diferente mesmo.

24 de novembro de 2017

A criança de 5 a 10 anos

Editora Zahar - Capa Sérgio Campante

Eu acho curioso que se estuda muito no período da gestação - como lidar com a gravidez, como lidar com um bebê, mas daí por diante, a literatura oferecida diminui bastante - assim como a disponibilidade para ler, obviamente.

Com a minha filha mais velha prestes a fazer 5 anos, achei interessante achar o livro "A criança de 5 a 10 anos" numa promoção. O livro foi escrito por um pediatra do Reino Unido, Abrahão H. Brafman, contando sobre a etapa de desenvolvimento da criança e sua experiência no consultório. Lá, as criança entram na escola propriamente dita com essa idade (seria o equivalente a mudança de ir para o 1o ano do fundamental), então a criança tem mais contato social, o tempo na escola aumenta, e sua interação com os pais muda.

O que eu aprendi com esse livro é a importância de manter o diálogo aberto desde já. Ele disse que a criança tende a diminuir a conversa com os pais, principalmente se ela sente que será criticada ou se não está recebendo atenção e consideração - quando o pai não está realmente interessado no que aconteceu com a criança, ou se quer resolver o que ela pergunta sem se preocupar com o que ela está pensando e sentindo. Dessa forma, acredito que essa fase é importante para diminuir o impacto para a transição para a adolescência, que é uma crise por si só, mas provavelmente deve ser muito mais difícil manter o diálogo se antes ele já era mínimo.


22 de novembro de 2017

Sejamos todas feministas

Editora Companhia das Letras

Chimamanda Ngozi Adichie projetou-se a nível mundial com seus livros sobre a Nigéria e sobre ser negra nos Estados Unidos (Americanah), nos quais as personagens femininas estão sempre em destaque. Ela fez também uma palestra (TED Talks) sobre feminismo, que teve tanta repercurssão que virou um livro. Livrinho, de 24 páginas, rápidas de ler e de concordar: sim, "Sejamos todos feministas".

21 de novembro de 2017

Série Napolitana


Editora Globo - Capa Mariana Bernd

Eu li a Série Napolitana de Elena Ferrante. São livros incríveis, que realmente não dá vontade de parar de ler - queremos acompanhar a vida da Lenú, saber o que vai acontecer com a Lila, e todos aqueles amigos de infância que seguem caminhos diferentes, que se cruzam e se interrompem.

Embora se passe há décadas atrás na periferia de Nápoles, há temas universais relacionadas ao universo feminino - carreira, namoro, casamento, sexo, maternidade, a relação com a mãe, a sogra, a empregada, o marido e os filhos. Mas o tema principal de maior destaque é a amizade entre Lenú e Lila, e como essa relação muda da infância para adolescência, da vida adulta para a maturidade, e como há um carinho - quiçá um amor - entre elas, as circunstâncias afetam esse relacionamento de maneiras imprevistas.

Outro tema que também chama a atenção é essa trajetória de independência feminina e como isso muda e torna confuso o relacionamento com os homens, que, nessa época (não agora! de jeito nenhum!), ainda não sabiam lidar com tanta emancipação. Aliás, a própria mulher ainda não sabe como lidar com suas expectativas amorosas - e podem agir muito bobamente em algumas situações. (Não entro em detalhes para não dar spoilers).

Não é literatura profunda, são livros para entretenimento, e bom para ler com uma amiga, ou num clube de leitura, para discutir alguns temas ali apresentados - o que elas pensavam? O que nós pensamos? Como nossa vida mudou e o que continua igual, e, principalmente, para onde queremos ir?





20 de novembro de 2017

Menos é Mais

Editora Lampejos Livreteria
Se Menos é Mais como dizem por aí, esse livro que leva essa expressão no nome, também o levou para o conteúdo e forma: é um pequeno livro, poucas páginas e pouca altura, e os capítulos são objetivos e breves.

O autor André Botelho escolheu alguns pontos e contrapôs o que se vê muito por aí, e o que seria melhor que perseguíssemos, coerente com uma vida cristã: menos popularidade, mais amigos, menos publicidade, mais testemunho, menos conectados, mais contemplativos. Mudanças de atitude que não são simples, mas que podem nos libertar da pressão de satisfazer os outros e nos tornar menos ansiosos, mais alegres.

Não é um livro que basta em si mesmo, mas pode servir de inspiração para mudanças maiores.

19 de novembro de 2017

Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios

Editora Companhia das Letras - Capa Kiko Farias / Elisa Cardoso / Máquina Estúdio

Marçal Aquino foi criativo com o título do seu livro: "Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios", e ainda mais criativo ao contar a história de um fotógrafo de prostitutas no interior do Pará, Cauby, que se apaixona por uma mulher casada, Lavínia.

A história não é linear, se mistura a uma conversa numa varanda de uma pequena estalagem às memórias do narrado, o Cauby, que vão e vem pelo que ocorreu nos últimos anos. Embora a narrativa vá e vem, ela não é complicada de seguir, e o leitor mergulha nesse universo tão parecido com o real - gente real, problemas reais, sem uma dicotomia de bem / mal.

Acima de tudo, é um romance, uma história de amor de um homem por uma mulher, que ultrapassa o entendimento, mas que não precisa de castelo e cavalo branco para acontecer.

18 de novembro de 2017

Relationships - a mess worth making

Editora New Growth Press - Capa Matt Nowicki

"Relacionamentos - uma confusão que vale a pena" é um livro fantástico que ultrapassa os limites do que se espera ler sobre relacionamentos - já que ele não fala só somente relações amorosas, mas todas - entre amigos, colegas, companheiros de trabalho.

O ponto de Timothy S. Lane e Paul David Tripp é que Deus se apresenta como um ser e 3 pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, que se relacionam entre si. Mais que isso, é um Deus que procura se relacionar com a humanidade - a Bíblia está aí como a história desse relacionamento, que permanece vivo através das igrejas, e na relação de salvação pessoal.

Dessa forma, eles afirmam que os relacionamentos são importantes. No entanto, isso não quer dizer que são fáceis. A relação entre duas pessoas tende a causar conflito, e é por meio dessa bagunça / confusão que se amadure, se aprende, chega-se a patamares que valem a pena.

Eu realmente gostei muito desse livro, aprendi muito com ele - principalmente no tocante a amizades (assim como a série de mensagens da IBAB nesse ano de 2017, que falam sobre amizades), e o recomendo para todos que quiserem entender porque não é bom que se viva só.

26 de outubro de 2017

Gone with the wind

Editora Prabhat Books

Eu lembro de pedir para a minha mãe para assistir E o vento levou na TV, numa sessão noturna de filme da globo, de tão impressionada que eu fiquei com a propaganda. No entanto, não lembro de muita coisa do filme em si - então ler o livro agora, quase 20 anos depois, foi uma experiência totalmente nova.

É um romance daqueles, escrito por Margaret Mitchell, num contexto histórico incrível que é a guerra da Secessão nos Estados Unidos (quando o Norte brigou com o Sul por conta dos escravos).

Scarlett O'Hara é a mocinha não convencional, sem papas na língua e pronta para fazer inimizades. Rhett Butler também é um galã não convencional, pronto para chocar a sociedade conservadora e se dar bem no processo (mas ouso dizer que ele ainda sim consegue ser mais ético e moral que a Scarlett).

É uma história de amor, e também de sobrevivência e prioridades na vida. É um mundo completamente diferente do nosso - e também não muito. Eu gostei de ver um livro "feminista" de quase 100 anos (não exatamente com relação a Scarlett em toda sua trajetória, mas em partes dela).

Eu realmente gostei de ter lido esse livro, e poder ver como as pessoas da época do livro (1936) viam essa época da história americana - não dá muito para afirmar que era tudo daquele jeito mesmo. E vê-se como o livro tem apelo, o filme foi lançado apenas 3 anos depois! 


23 de outubro de 2017

On the Road

Editora L&PM Pocket - Capa Marcello Lima

"É um clássico", eles disseram. "Marcou uma geração", eles disseram. "O filme é bom", eles disseram. (Está na lista da BBC, eu disse).

Aí eu fui ler "On the Road", ou Pé na Estrada, de Jack Kerouac. Eu li tudo. Até o final. Cada alucinação. Cada loucura. Só para escrever que eu não gostei, não é o meu tipo de livro.

Contado em primeira pessoa, um cara que quer ser escritor viaja pelo interior dos Estados Unidos com os amigos, de um lado para o outro, com pouco dinheiro, mudando de garotas, se aproveitando da solidariedade alheia. Bebendo e se drogando e criando filosofias muito loucas. Fazendo filho por aí (estamos falando do começo da década de 50), sem se importar muito com isso. Amando muito, amando desesperadamente, amando loucamente cada mulher, sem saber o que  é amor mesmo.

Sim, sou careta.

Não vi o filme, mas já aviso você que pelo que eu fiquei sabendo ele é um resumo polido do livro. São várias viagens da costa oeste para a costa leste. Ida e volta. Vários carros diferentes. Vários romances diferentes ( começa com uma, surge outra, volta para uma, aí vem uma terceira, volta para a segunda, lembra da primeira, aí aparece a quinta e por aí vai...)

Eu realmente não curti - e acho que se você gostou do filme, fica com ele mesmo. 



20 de outubro de 2017

A música do silêncio

Editora Arqueiro - Capa Miriam Lerner

Patrick Rothfuss criou uma trilogia, mas só escreveu dois livros. E não há nenhuma perspectiva de fazerem uma série sobre seus livros, o que nos deixa em suspenso indefinidamente sobre quando saberemos o desfecho da história. (Ele tem um blog. Ele escreve muito nesse blog. Ele não fala sobre o 3o livro. Há boatos que ele só vai publicar o 3o livro quando vender os direitos para a indústria cinematográfica. E os leitores? Paciência. Assim, eu não gosto dele e me arrependi um pouco de ter começado a ler seus livros - o primeiro é mais ou menos, o segundo é melhorzinho).

De qualquer forma, ele publicou esse spin off sobre uma de suas personagens mais enigmáticas, Auri, que vive no subterrâneo da universidade. Na descrição do livro, ele diz que essa não é uma história tradicional, que é para quem gosta de mistério e segredo. De qualquer forma, o título original porcamente traduzido para "A música do silêncio" diz mais sobre o livro do que se pode achar num primeiro momento. O título é algo como "O lento conhecimento das coisas silenciosas" (The slow regard of silent things), ou seja, o livro é lento e cheio de adjetivos.

O texto é curto, pouco mais de 100 páginas, mas é basicamente muito descritivo - todas as coisas - TODAS AS COISAS - são personificadas, e a personagem Auri as ouve, as compreende, as nomeia, fala com elas. Ela passa por uma escada, e a considera x e y, e fica procurando o seu nome. Ou ela vê um objeto e percebe que ele não está feliz ali e vai encontrar uma prateleira com companhia que lhe seja agradável. 

Aí você pode considerar a beleza e poesia disso - não só da história, como da própria personagem - ou você pode considerar tudo uma loucura. O autor reconhece isso e avisa o leitor na descrição, tudo muito coerente.

Eu?

Só gostaria que ele publicasse o terceiro livro. É pedir muito?

16 de outubro de 2017

O chamado do anjo

Editora Verus - Capa André S. Tavares da Silva

O começo de "O Chamado do Anjo" é meio besta: duas pessoas completamente diferentes (um homem e uma mulher) trombam no aeroporto de Nova York, deixam cair algumas coisas, e acabam trocando de celular. Elas só percebem que fizeram essa troca quando chegam em seus destinos: Paris e São Francisco. Aí começam a fuçar nos celulares - porque obviamente não há senha, nem bloqueio de tipo algum e ficam curiosos a respeito do outro - talvez uma atração incipiente e começam a trocar mensagens e ligações.

Eu achei super hiper mega blaster forçado esse início, mas é claro que tem mais coisa relacionando os dois personagens - que cruzaram ali por uma forcinha a mais do destino - e aí a trama muda para um suspense eletrizante com crimes, quadrilhas, assassinatos e perseguições - tudo o que franceses gostam (histórias policiais).

Resumindo, é forçado e violento - não tenho muita vontade de ler outras coisas do mesmo autor, Guillaume Musso, mas para quem gosta da temática, pode aproveitar: está no unlimited do kindle.

15 de outubro de 2017

Holes

Editora Yearling Books - Capa Brandon Dorman

"Holes" é um livro de Louis Sachar que virou o filme "O mistério dos escavadores" (embora o título do livro traduzido tenha se mantido "Buracos"). Como usual, eu não assisti o filme da Disney, mas gostei do livro. É uma história simples e bem amarrada de um garoto, cujo antepassado precisou de ajuda de uma cigana e não cumpriu sua parte no acordo, então foi perseguido por uma má sorte que passou de geração em geração. Aliás, é por isso que ele foi detido por um roubo que não cometeu e enviado para um "acampamento" ou "reformatório" com outros garotos cuja única função é fazer buracos num deserto o dia todo.

A história tem muitos flashbacks, para ir amarrando as tramas do que está acontecendo "agora" e o que aconteceu no passado dos personagens, e eu realmente gostei de como isso deixa tudo mais interessante, a ponto de irmos apostando o que vai acontecer em seguida, qual outro arco irá ser fechado entre passado e presente. Não é nada muito complexo também, nada de tramas intricadas, é um livro infanto-juvenil que estava na lista dos livros preferidos da enquete da BBC e por isso parou na minha lista de leitura e valeu a pena.

Atenção: no kindle unlimited há a versão do roteiro - rimado, inclusive - mas o livro original é em prosa.

8 de outubro de 2017

The Birthday Girls

Editora Poolbeg Press
"The Birthday Girls" (não encontrei edição traduzida) é um livro sobre 4 amigas de infância na Irlanda que chegaram aos 39 anos e se reúnem em Miami para comemorar o que é o último aniversário de todas (já que uma delas se recusa a fazer 40 anos, então vai passar a ignorar a data no próximo ano). Depois da infância, elas passaram por histórias bem diferentes - a que engravidou e casou cedo e já tem filhos adultos, a que virou atriz, casou e descasou várias vezes e está passando por uma crise com vício em álcool e remédios, a workaholic sem relacionamentos, e a artista que passou por uma tragédia e está num relacionamento estável pensando em casar.

O livro é bem simples - dá para ir adivinhando o que vai acontecer - mas o que eu achei curioso é que a autora Pauline Lawless às vezes apresenta as personagens como muito velhas, que não conseguem lidar com novas tecnologias ("melhor dar um computador para a fulana, ela não vai conseguir usar um tablet") e às vezes como jovens com corpo sexy (todas possuem corpos esculturais, umas mais outras menos, mas ninguém sofre com peso acima do normal), prontas para aventuras amorosas com desconhecidos. É claro que um livro desses - fácil - não pode dar muita profundidade para os personagens, mas eu sinto que houve exageros demais que o deixa artificial.

De qualquer maneira, foi curioso ler um "chick lit" com mulheres mais velhas.






3 de outubro de 2017

Harry Potter - The complete collection

Editora Pottermore - Capa Olly Moss

Olha o Harry Potter aqui novamente! Reli todos os livros, pela primeira vez em inglês, na versão digital. Continuam tão bons como aquelas memórias afetivas de bolo feito pela mamãe no lanche da tarde.

1 de outubro de 2017

A lista de Brett

Editora Verus - Capa Arrow Books

A lista de Brett: livrinho fácil de ler, com aquele final feliz encomendado, com empoderamento feminino e príncipe encantado. Nessa história, a mãe de Brett, que criou um império de cosméticos, falece e ao invés de promovê-la a presidente, deixa no seu testamento uma lista de sonhos a realizar (que a própria filha escreveu aos 14 anos) para que possa receber a parte do dinheiro que lhe é devida.

Para dar uma filosofada, a autora Lori Nelson Spielman coloca foco no que a gente abre mão de ser e fazer por causa do dinheiro, e como isso pode estar relacionado com uma tristeza intrínseca e falta de realização pessoal.

Mas esse livro é para ler de passatempo mesmo, não é de filosofar não! (E está no kindle unlimited.)

30 de setembro de 2017

After Disasters

Editora Little A - Capa Emily Mahon

Depois dos recentes furacões e terremotos, e com ajuda de vídeos e fotos que circulam o mundo em um instante, estamos bem familiarizados com imagens de desastres. No entanto, eu espero que a maioria de nós não faça parte de um, ou que consiga sobreviver caso se encontre em uma situação de risco dessas.

No livro, "After Disasters" (Depois de desastres), o autor Viet Dinh escolheu as pessoas que primeiro respondem a um desastre - equipes de emergência, de resgate, médicos locais - para povar um romance de humanidade tão latente, que é impossível não se envolver com os dramas pessoais deles.

O ponto de partida é um terremoto na Índia, mas a história vai e vem no tempo com os personagens, para que seja possível entendê-los. Os personagens principais são quatro homens: Ted, um americano que recentemente se tornou membro de um time de resposta a desastre, Piotr, um colega com mais experiência, Andy, um jovem bombeiro inglês e Dev, um médico local. De diferentes origens e funções, as histórias deles se cruzam no meio do caos de um terremoto que traz caos e desespero para o local.

É um ótimo livro, tanto por sem bem estruturado como por trazer a baila temas relacionados a vida e morte muito além da situação que retrata, mostrando pessoas profundas e complexas. Não encontrei informações sobre tradução em português, mas o texto original está no kindle unlimited.

26 de setembro de 2017

Machamba

Editora Nova Fronteira - Capa Danilo Perrotti Machado

Machamba ganhou o I Prêmio Kindle de Literatura, no ano passado. Depois do prêmio, Gisele Mirabai publicou o seu livro com uma grande editora. No entanto, basta ver os comentários na própria página da Amazon para ver que é um livro controverso, já que o "povo" está fazendo muitos comentários ruins.

Eu li o livro antes de ver essa questão dos comentários - e posso afirmar que não fui influenciada a dizer que não gostei. Aliás, pensei em desistir de tão ruim que eu achei, mas não o fiz porque 1: era um livro pequeno, 2: assim poderia fechar a resenha no blog com essa minha opinião (eu não incluo aqui livros não terminados).

A partir daqui, há spoilers.

A autora usa uma linguagem que lembra sim Guimarães Rosa, mas muito piorado, para contar a história da garota que sai de Minas Gerais depois de um tipo de trauma (a história vai e volta no tempo e a superação desse trauma faz parte da trajetória de redenção dela). Há muitas cenas de sexo para mostrar a desconexão de sentimentos da protagonista, mas eu fiquei com a impressão de ser algo forçado, ali para tornar a narrativa moderna e ousada. Por fim, a pessoa sai da Inglaterra, passa por Grécia, Turquia, Israel, assim, só com um cartão de crédito no bolso e uma explicação lá pelas tantas (para manter a verossimilhança, suponho), que ela já tem um passaporte europeu herdado de não sei quem (essa é a parte Comer, Rezar, Amar).

Achei o livro artificial, um recorte do que a autora achou que ia ser considerado uma boa mistura de referências. Não recomendo mesmo. Agora é a última semana para inscrição para o II Prêmio Kindle de Literatura - vamos torcer para sair algo melhor esse ano.



13 de agosto de 2017

Mulheres Visíveis, Mães Invisíveis

Editora Best Seller - Capa Marianne Lépine

O livro mais famoso da "Laura Gutman" é "A Maternidade e o encontro com a própria sombra" que, convenhamos, é algo que parece um pouco esotérico e muito alternativo. Eu sou mais pé no chão, praticidade e objetivo. No entanto, já ouvi mais de uma pessoa falando bem desse livro, então entrou na lista de interesses.

Contudo, o que cruzou o meu caminho primeiro - por estar no unlimited da amazon - foi "Mulheres visíveis, mães invisíveis", que é um coletânea de textos da mesma autora. Li tudo, fiquei encantada, fiquei admirada, estou recomendando por aí.

Não é um tratado sobre maternidade, mas a Laura Gutman vai abordando cada aspecto desse assunto, principalmente na época de bebês e crianças pequenas. Ela é radical - no sentido de pregar uma maternidade que praticamente não existe mais e pode parecer um tanto irreal nesse mundo moderno de mãe que trabalha fora, mas é uma maternidade que já existiu em algumas comunidades. 

Ela defende que a mãe dá conta do bebê. Ela carrega ele para cima e para baixo, amamenta quando precisa, faz dormir quando precisa, dorme junto, dá carinho, dedica-se totalmente a ele. O bebê irá se desenvolver saudável e seguro.

O que a mãe não dá conta - de fazer comida para ela mesma, lavar roupa, limpar a casa - tem "a comunidade de apoio": as avós, as irmãs, as vizinhas, outras mães, que vão assumir essas tarefas para que a mãe se dedique ao bebê, amparada. 

A mãe também precisa de um suporte emocional para lidar com as mudanças que estão acontecendo na sua vida, e no fato de ter uma pessoinha que a suga física e emocionalmente. Essa comunidade feminina originalmente também vai ajudar nesse sentido, por meio de conversas, presença e carinho.

Essa abordagem é na contra mão da independência e auto-suficiência feminina / materna. Parece que pedir ajuda é admitir-se imperfeita, quando todo mundo por aí apregoa um papel de super mãe / super mulher. Eu acho que a mulher dá conta de ser mãe - mas pela minha experiência, é uma mãe muito melhor se pode contar com a ajuda tanto para o básico de sobrevivência e manutenção da ordem doméstica (sem esquecer de licença maternidade real do trabalho) - e eu sou grata pelo apoio incondicional da minha mãe nesse aspecto.

A Laura Gutman também fala um pouco sobre paternidade, ressaltando como o papel do pai mudou e tem mudado. Com a diminuição da unidade familiar - sem essa comunidade feminina de apoio - caiu tudo nas costas do pai / marido (quando presente): a cobrança para ajudar com o bebê, com a casa, com o sustento financeiro, e com o apoio emocional para a mãe, que pode estar a ponto de surtar com essa nova situação de vida. É muita coisa para o pai moderno, assim como tudo isso também é muita coisa para a mãe moderna (e solo). 

Nós - mulheres e homens modernos - precisamos caminhar para uma situação familiar e comunitária em que todo mundo participe e que fique equilibrado e confortável - tanto do ponto de vista físico como emocional. Para isso, não existe uma receita de bolo - porque cada situação de adultos com filhos é diferente - mas cada um deve mesmo refletir sobre o seu papel nesse círculo de relacionamentos e agir para chegar juntos numa harmonia, que não é pesada para ninguém.

1 de agosto de 2017

Intérprete de Males

Editora Globo - Capa Adriana Bertolla

O livro "Intérprete de Males" de Jhumpa Lahiri, é um livro incrível de contos disponível no Kindle Unlimited (nem só de bast seller e literatura de banca vive esse programa, ufa) e ganhou o prêmio Pulitzer de 2000.

Com esse nome diferente, estranha-se um pouco ela ter ganhado um prêmio para autores dos Estados Unidos - mas estamos falando do país onde os sonhos se tornam realidade: a família dela emigrou da Índia para o Reino Unido, ela nasceu em Londres e com dois anos eles mudaram para lá, e ela se considera americana, afinal viveu praticamente toda sua vida lá.

O livro, no entanto, reflete essa pluralidade cultural, as histórias são sobre indianos - na Índia, na América - uma comunidade diferente, interessante não tão presente aqui no Brasil (como outros imigrantes, por exemplo, europeus e japoneses). Embora as histórias sejam bem corriqueiras (referem-se a pessoas comuns), há um pouco de pano de fundo histórico aqui e acolá, o que é uma ótima oportunidade para aprender sobre a história desse país do outro lado do mundo. 

Em cada conto, transborda-se humanidade. Relacionamentos amorosos, amizades, paternidade, religião, imigração, sanidade estão ali trazendo uma riqueza para a história graças ao olhar cuidadoso da Lahiri. É de se encantar.

29 de julho de 2017

A febre do amanhecer

Editora Companhia das Letras - Capa Cláudia Espínola de Carvalho

Quão delicioso é ver uma história de amor verdadeira e emocionante?

Muito!

Eu adoro romances. Adoro. Por isso, assim que eu vi a sinopse desse livro, fiquei encantada, e coloquei na minha lista de desejos, que virou sonho realizado rapidinho.

O autor Péter Gárdos escreveu a história do namoro dos seus pais, húngaros judeus sobreviventes do Holocausto que foram se recuperar na Suécia. Miklos, 25 anos, está a beira da morte e está desenganado pelos médicos que lhe dão 6 meses de vida, mas pensa: eu não sobrevivi a guerra para morrer aqui, solteiro. Então, ele consegue uma lista das mulheres judias da sua região da Hungria que estão na Suécia, e manda uma carta para cada uma delas. Algumas escrevem de volta, ele filtra algumas respostas, e a troca de correspondência vai em frente com Lili, que só respondeu porque teve uma crise e foi internada, e queria uma distração no hospital.

Eu gosto desse amor deliberado - pessoas que decidem deixar-se envolver-se, rendem-se a um sentimento amoroso (amor, paixão), e firmam um compromisso. É a vitória humana sobre a tragédia da guerra, manter a capacidade de amar e a vontade de viver.

Tem gente que faz isso todos os dias, depois de uma tragédia... 

Eu achei muito interessante um detalhe da história - que mostra tanto a humanidade dos médicos suecos que receberam esses refugiados da guerra em missões humanitárias: quando Lili tem uma crise e precisa ser internada, o médico descobre quem são suas amigas, e as "interna" também, para que Lili não fique sozinha no hospital. Ela já tinha sofrido tanto na guerra, estava longe da sua família, e o médico teve esse cuidado de lhe dar companhia. 

Cuidar de uma pessoa é dar atenção aos detalhes também, de cuidar do corpo e da alma...

26 de julho de 2017

Seeing Christ in All of Scripture

Editora Westminster Seminary Press

"Vendo Cristo em Toda a Escritura" é um livro sobre Hermenêutica no Seminário Teológico de Westmister - como o subtítulo indica - editado por Peter A. Lillback. 

A medida que você estuda a teologia, fica claro que há diferentes premissas e abordagens, verdadeiras escolas teológicas. Achei interessante ver nesse livro essa exposição tão clara de crenças e perspectiva de uma instituição. Seria tão bom se mais instituições pudessem ser tão claras rumo a coerência!

23 de julho de 2017

O sexo no casamento

Editora Best Seller - Capa Tita Nigri

"O sexo no casamento" tem duas linhas: dois contos que envolvem o assunto do título por Flávio Braga (um no período medieval, outro contemporâneo), e textos da Regina Navarro Lins sobre a psicologia da coisa. Os contos são bem mais ou menos, mas o triste mesmo é a conclusão do livro de que "não dá" para passar a vida toda fazendo sexo só com uma pessoa. Tem duas alternativas: terminar o relacionamento para "resolver" essa situação, ou abrir o relacionamento, e manter a relação estável enquanto se satisfaz por aí.

Achei realmente triste, pois acredito no casamento como instituição, como fundação para a família. É um privilégio encontrar alguém para dividir a vida, mas também é um trabalho manter uma relação saudável e satisfatória, em todos os níveis.

Cada um precisa traçar seu caminho individual para a alegria de viver, equilibrando todas as áreas da sua vida, e todos as faces do seu ser, mas eu, por mim, continuo desejando que as pessoas encontrem um amor para a vida inteira e que saibam construir sua felicidade em cada passo do caminho.

18 de julho de 2017

Good Night Stories for Rebel Girls

Timbuktu Labs - Capa Pemberley Pond

Feminismo de cá, feminismo de lá, algumas pessoas começaram a fazer estudos sobre a presença de mulheres no cinema, na literatura adulta, na literatura infantil. Muitos livros não tem nem uma personagem feminina, e se elas existem, elas não se pronunciam (não tem falas). Não de maneira explícita isso acaba por influenciar as crianças - o papel das mulheres passa a ser de coadjuvante e, de preferência, calado.

Isso claramente tem mudado nos últimos anos, mas "Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes" de Elena Favilli e Francesca Cavallo vai além e entrega o que o subtítulo promete: 100 contos de mulheres extraordinárias. Sim, histórias verdadeiras de mulheres atuais, do século passado, do milênio passado, que sonharam mais alto, chegaram mais longe, brilharam - basicamente, fizeram o que queriam fazer.

Não é que elas são extraordinárias comparando com a maioria das mulheres. Elas são extraordinárias comparadas com a humanidade em geral. São sucessos na ciência, no esporte, na política, em serviços humanitários, na arte, e até na pirataria. Existes homens que também são bem sucedidos e brilhantes? Sim. Mas é incrível como parece difícil citar 100 mulheres de sucesso em diversas áreas - e esse livro o faz, assim como o volume 2 que está sendo lançado também em crowdfunding. 

A proposta desse livro é clara e nobre: mostrar para as crianças do mundo que não tem nada que uma mulher não possa fazer que alguma outra já não tenha feito também - pode não ter sido fácil e pode não ser fácil, mas isso não é motivo para não sonhar alto e correr atrás do que se quer fazer.

13 de julho de 2017

The reinvention of Mimi Finnegan

Editora Kissing Frog Publications

A reinvenção de Mimi Finnegan, de Whitney Dineen, é para ler sem pensar. Na história, a "patinho feio" da família verdade vai virar um cisne logo logo (afinal é tão bonita, inteligente, esperta como as irmãs, bem sucedidas, mas ainda por cima é um coração de ouro), apesar de sua baixa auto-estima. Se você pensar, você conclui que essas pessoas e essas situações forçadas não existem. Se você não pensar, pode ficar sonhando que isso ainda vai acontecer com você: tornar-se uma Giselle Bundchen casada com o Rodrigo Hilbert.

6 de julho de 2017

Operação Impensável

Editora Intrínseca - Capa Cláudia Warrak

Pode-se escolher um livro pela capa, pela história, por uma recomendação, por uma circunstância. Eu escolhi ler "Operação Impensável" porque a personagem principal chama Lia, igual a minha filha. Critério assim meio torto, mas o fato de ser uma autora brasileira - Vanessa Barbara (e eu gosto de ler literatura local) e também estar bem barato na versão digital do kindle, também pesaram na decisão.

A história é bem simples: o começo, o meio e o fim do relacionamento entre Lia e Tito - a história começa indicando que o casamento acabou. Mas não é um relato linear, parecem mais registros escritos ao longo desses anos, emails, recados, entradas em diários. (Tem muita piada interna do relacionamento deles, referências a filmes que eu não vi, e isso eu não consegui acompanhar - e convenhamos que piada interna não tem graça para quem está de fora mesmo).

A partir daí, é difícil ficar isento - ir apontando o que foi certo, o que foi errado, talvez até escolher algum lado, aquela típica atitude de julgamento ou então de identificação - algo como já passei por isso, ou tenho um amigo que já passou por isso e sei bem como é, olha aqui, ouve esse conselho (mas no caso dos personagens, essa parte de interferir no rumo das coisas não rola).

Um ponto interessante é que os personagens adoram a guerra fria - a Lia é historiadora estudante do assunto, então o livro é permeado por fatos e referência a esse assunto - aliás, Operação Impensável, é uma dessas referências.

Mas o que eu mais gostei é a pequena coletânea de piadas soviéticas da época do regime comunista, e ver como rir de si mesmo é uma característica humana que não depende de posição politica ou econômica. Como por exemplo essas:

Três prisioneiros estão num gulag na Sibéria contando como foram parar lá.
"Eu cheguei ao trabalho cinco minutos atrasado, então fui acusado de sabotagem."
"Eu cheguei cinco minutos mais cedo e fui acusado de espionagem."
"Eu cheguei na hora e fui acusado de possuir um relógio ocidental."

A professora pergunta à classe: "Quem são a mãe e o pai de vocês?"
Um aluno responde: "Minha mãe é a Rússia e o meu pai é Stálin."
"Muito bem!", retruca a professora. "E o que você gostaria de ser quando crescer?"
"Órfão."

Para terminar, o livro vai morno, mas o final é bem interessante. E completando o pacote: eu li por causa da personagem Lia, mas não é que apareceu uma Anna também? (nome da minha outra filha)