31 de março de 2021

A noite da espera

 

Editora Companhia das Letras

Milton Hatoum é um grande autor brasileiro contemporâneo cujos livros fogem do eixo Rio-São Paulo e isso os torna tão interessantes. Em "A noite de Espera", acompanhamos alguns anos da vida de um adolescente - e então jovem universitário - em Brasília, na década de 60.

Temos ali a família que se rompe, com o pai querendo se afastar fisicamente da mãe que iniciou um novo relacionamento, as novas amizades e namoros, a cena cultural, o relacionamento com a política turbulenta e o movimento estudantil da época. É um retrato incrível, muito tangível, desse momento na vida de Martim.

Senti uma grande inquietação, um desconforto com esse jovem tão distante da mãe (que não consegue ir visita-lo) e do pai que transfere a raiva pelo fim do casamento para o filho. Ele é amparado por alguns amigos, surgem mentores, mas a quebra da estrutura familiar é uma dor real para ele.

Planejada como uma trilogia, o segundo volume da série "O Lugar mais sombrio" já foi lançado - Pontos de Fuga.



29 de março de 2021

Last Things

 

Editora Delta

O livro de Jenny Offill, Últimas Coisas, é mais uma história contada do ponto de vista de uma criança (que sempre é mais precoce e/ou observadora que as crianças "comuns"), num momento particular em que o casamento dos seus pais está passando por uma crise. 

A mãe é toda peculiar e é o foco dessa narrativa - seu jeito diferente de viver, suas crenças fora do comum (como o monstros marinhos desconhecidos), e como ela impacta sua filha. 

É interessante do ponto de vista psicológico, mas apesar do começo interessante, acabei por não simpatizar por ninguém ali, e o livro passou sem me prender.


27 de março de 2021

Os livros de Sayuri

 

Editora SM

Um livro sobre livros... não é uma deleite?

Lúcia Hiratsuka escreveu esse livro a partir da sua história familiar, de imigrantes japoneses morando no Brasil na época da II Guerra Mundial. Ela traz a visão de uma criança, que não entende bem a problemática política mas sofre seus efeitos.

Quando os japoneses são declarados inimigos, há uma proibição para que a escola comunitária funcione e os livros são banidos. Sayuri, que iria começar as aulas para aprender a ler, se vê desolada por perder essa oportunidade de finalmente entender os livros que tem na sua casa - daí o título Os Livros de Sayuri.

É interessante também ter um vislumbre dessa cultura e dessa época em que crianças ajudavam na roça, faziam o almoço, varriam a casa e também iam brincar lá fora, liam livros, sonhavam como crianças...

Por ser um livro infantil - com desenhos, letras grandes - também pode ser um ponto de partida para esses assuntos tão sensíveis - guerra, acesso a livros, trabalho familiar. Aqui, a Anna de 8 anos está lendo sozinha esse livro, e nós conversamos sobre ele.

21 de março de 2021

O Poder do Hábito

 

Editora Objetiva

Por que fazemos o que fazemos na vida e nos negócios?

Nada como um subtítulo claro para indicar o propósito do livro de Charles Duhigg que é justamente mostrar O Poder do Hábito. Está ali: como fomos programados para estabelecer hábitos nas reentrâncias do nosso cérebro, como eles afetam o nosso desempenho e como podemos reprograma-los de maneira para nos beneficiar conscientemente (por exemplo, trocar o impulso de comer por outra atividade durante a dieta e manter esse novo comportamento pelo resto da vida sem muito custo).

É um livro de auto-ajuda, com bastante ciência objetiva envolvida, mas escrito por um jornalista, então há ali um tanto de abertura de ganchos - começa-se uma história, pára num momento crucial, vai para outro assunto relacionado, volta para fechar a história. Mas é tanto gancho, que lá pelas tantas fiquei cansada. 

Mas apresenta uma fórmula bem fundamentada aplicada para várias situações (e até em discussões éticas), que pode ser bem usada na vida de cada um, então recomendo.


3 de março de 2021

O Ano em que Te Conheci

 

Editora Nova Conceito


Em princípio, é interessante ler uma história dessas de chicklit com o tema principal de amizade entre dois adultos, que é a proposta do livro da Cecelia Ahern, O Ano em que Te Conheci, ainda mais um homem e uma mulher. É um mote não convencional, e eu estava animada.

No entanto, o enredo da mulher já cai para toda a ladainha convencional que já sabemos - vai dar tudo certo, pois ela é mais bonita do que acha, apesar de querer o controle sobre tudo, vai ser bom abrir mão para o inesperado, vai achar um emprego melhor - ou que lhe dê mais qualidade de vida - e ainda vai ficar com um cara bonitão e perfeito para ela no final. 

Eu realmente canso de tanta previsibilidade.