31 de dezembro de 2019

Top 2019

Ficção

Watership Down - Richard Adams

Obra Completa - Raduan Nassar

Americanah - Chimamanda Ngozi Adichie

I know why the caged bird sing - Maya Angelou

Ratos e Homens - John Steinbeck

Circe - Madeline Miller

The Hand that first held mine - Maggie O´Farrell

Gilead - Marilynne Robinson


Não ficção

Garra: O poder da paixão e da perseverança - Angela Duckworth

A Bíblia - A Mensagem - Eugene H. Peterson

A Jane Austen Education - William Deresiwwicz

As coisa da Terra - Joe Rigney


Estatística

Em 2019, consegui atingir minha meta de 1 livro por semana, e ultrapassa-la. Não assisto tantas séries e filmes, é verdade, mas dei vazão para meus livros, inclusive lendo alguns físicos que estavam na pilha há tempos, sendo protelados pelos digitais que eu acho bem mais fáceis de ler na minha rotina.

Em números:

- 57 livros lidos
- 19812 páginas (em média, são 54 páginas por dia, e livros de 348 páginas)
- 41 livros digitais (dispositivo kindle e aplicativo no celular)
- 8 livros brasileiros
- 33 dos EUA, 10 da Inglaterra, 1 Nigéria, 1 Escócia, 1 Irlanda, 1 Romênia, 1 Índia, 1 Venezuela (sempre considero o lugar que o autor nasceu)
- 33 livros lidos no idioma original (português e inglês)
- 33 livros em português, 24 livros em inglês
- 35 livros escritos por mulheres (não acho difícil mesmo ler autoras, leio várias sem fazer uma busca intencional por elas)
- 44 livros do presente século (muitos livros recentes mesmo, a literatura continua!)

Em gráfico:


Esse é o 10o ano desse blog, 10o ano de estatística e a minha média anual de leituras são 60 livros por ano, puxado pelo começo da década sem filhos... Por enquanto, a minha meta vai continuar sendo 52 livros por ano, mas acredito que vai dar para aumentar essa meta na próxima década.

Com relação a metas, eu não li tantos livros das listas, mas acho bom para ter sempre livros de qualidade como referência. Por isso, estou incluindo também os ganhadores dos prêmios Oceanos (literatura em língua portuguesa) e do Jabuti - ficção, para ler mais autores em português e brasileiros.



30 de dezembro de 2019

Be Frank with me

Editora Corvus

Esse livro eu escolhi pelo título: Be Frank with me, um trocadilho com o nome do personagem principal, Frank, uma criança excêntrica, filho de uma escritora excêntrica. Acho ótimo histórias que trazem um pouco do absurdo (verossímeis ou não) para um pouco mais perto de nós.

Esse livro foi escrito pela Julia Claiborne Johnson e não foi publicado no Brasil, só em Portugal com o título: "Quem não sonha voar, Alice?". É um livro fácil e com a quantidade de certa de eventos e revira-voltas para não ficar maçante e nem tão exagerado.

Há um "problema principal" que é resolvido de maneira bem criativa, e outros probleminhas com indicação de solução, mas eu fiquei incomodada com a falta de solução para o Frank especificamente. Por sua excentricidade, com características de autismo de alto desempenho, ele não se encaixa na escola, e lá pelas tantas é dito que ele já passou por várias escolas e foi convidado a se retirar. Eu acho esse assunto triste e complexo e fiquei um pouco decepcionada do livro não aborda-lo melhor - com uma indicação de solução que seja. Claro que Frank não é um menino real que precisa ser integrado e ter um cuidado específico, mas acredito que seria uma maneira de atingir pessoas que possam ter conhecidos, familiares ou amigos, nessa situação.


27 de dezembro de 2019

Noite em Caracas

Editora Intríseca - Capa Lola Vaz

Karina Sainz Borgo é venezuelana, radicada na Espanha, e escreveu um livro em primeira pessoa sobre uma venezuelana que quer sair do país. Impossível não cogitar o tanto do que ela escreve em "Noite em Caracas" é verdade, mas logo no final do livro é declarado que se trata de uma "história de ficção. Alguns episódios e personagens do romance são inspirados em fatos reais, mas não atendem à exigência dos eventos. Desprendem-se da realidade om uma vocação literária, não de testemunho."

De qualquer forma, não dá para não ficar impressionada com essa história que se passa num país tão próximo, a tanto tempo numa "ditadura de esquerda", com relatos de miséria, violência, anarquia impressionantes. É uma história forte sobre uma pessoa levada a um extremo por situações extremas, e justamente por não se apegar a realidade, a história fica melhor ainda. Vale a leitura.

26 de dezembro de 2019

Gilead

Editora Virago / Picador

Depois que eu acabei de ler esse livro, que eu achei incrível, fui pesquisar sobre ele no google, e algumas informações chamam a atenção. "Gilead", além de ser ganhador do prêmio pulitzer, é um dos livros favoritos de Barack Obama (que até entrevistou a autora), e é considerado o segundo livro dos 100 melhores deste século pelo The Guardian.

John Ames, um idoso já doente, escreve um relato de suas memórias e do seu dia a dia para o filho, que ele não espera ver adulto (a criança tem 7 anos na história). Ele é um pastor de uma cidade pequena dos Estados Unidos, na década de 1950, e há reflexões sobre a vida, a morte, família, amizades, religião e cristianismo. É incrível como a autora Marilynne Robinson consegue passar por tantos assuntos espinhosos de maneira tão serena e sensata.

Eu estou gostando muito de ler livros com personagens mais velhos, e acho que isso é um reflexo do fato de eu já estar na minha segunda metade da vida, praticamente. É possível apreciar mais a sabedoria e a experiência de quem já viveu muito, e como isso pode ser libertador.

25 de dezembro de 2019

As Doze Tribos de Hattie

Editora Intrínseca

Confesso que eu adorei o título desse livro: "As doze tribos de Hattie", mas foi só isso que eu adorei mesmo. Eu li a sinopse: a história de uma mãe e seus 11 filhos contada em 12 narrativas diferentes, o livro sendo descrito como: épico, angustiante, imprevisível, cheio de vida, de uma autora (Ayana Mathis) madura.

O livro é realmente angustiante: tudo é um drama e uma tragédia. Nada dá certo para praticamente ninguém da família. Então, lá pelo meio do livro dá para perceber que vai ser sempre assim, triste, e essa é a previsibilidade da coisa. Nós ficamos sabendo de episódios curtos de cada pessoa, e no final mal dá para ter um retrato completo da família da Hattie, então não me pareceu muito épico também.

Pode ser que exista mesmo famílias com toda essas tragédias, mas acho que o livro só me deixou com essas situações desoladas, sem esperança, sem uma forma de ruptura, sem nenhuma motivação, e eu acho que a literatura pode ser mais que isso.

21 de dezembro de 2019

Memoirs of a Geisha

Editora Random House - Capa Iris Weinstein

Eu demorei muito para começar a ler esse livro emprestado da Debô, mas aí quando comecei percebi que é daquele tipo que não dá vontade de parar. Mémorias de uma Geisha é uma obra-prima de Arthur Golden, baseada em muita pesquisa, que aparece na consistência das descrições de tudo: das roupas, da comida, dos espaços, dos relacionamentos. 

Logo no começo, a personagem principal Chyio descreve o evento que a levou a ser geisha como o melhor e o pior que aconteceu em sua vida, e o livro vai andando sob essa luz. Ser geisha é quase uma escravidão, mas quais eram as alternativas de uma menina pobre no Japão? Como seria a sua vida? O que é liberdade mesmo? Até comparando os direitos e deveres de uma geisha com uma esposa, tem-se essa dúvida. Embora estejamos falando de uma outra época e uma outra cultura, não faz tanto tempo assim, menos de 1 século.

Eu gostei muito do livro, recomendo para todos que gostam de uma boa história.

9 de dezembro de 2019

Pilgrim´s Regress

Editora Harper Collins

Vejam bem, eu adoro C.S. Lewis, particularmente seus livros de não ficção. Eu gostei das crônicas de Nárnia, mas eu realmente gosto mais de suas discussões teológicas diretas. Depois de ter lido "Regresso do Peregrino", eu realmente posso dizer que prefiro mesmo os livros de não ficção.

Talvez o fato de ter lido em inglês tenha sido uma dificuldade a mais, mas foi realmente um desafio terminar de ler esse livro (sendo quem é o autor, eu não queria abandonar), mas foi quase um suplício apesar dos capítulos curtos. Eu sabia que tudo deveria ser cheio de significado e profundidade, mas a maior parte da coisas eu não conseguia entender. (Talvez uma edição com notas seja mais fácil.)

Por fim, no epílogo, o próprio C. S. Lewis admite que fez essa história muito complicada mesmo (e ufa, eu não estava boiando sozinha). Esse livro então é para quem estuda mesmo o autor, o contexto social e teológico da época, e sua própria trajetória pessoal.

8 de dezembro de 2019

Bifurcação

Editora UFPR - Capa Paula Cristhyne Figueroa Ferreira

O amigo da minha amiga escreveu um livro, que ganhou um prêmio e foi publicado, e eu ganhei o livro da minha amiga. Eu sempre acho legal aqueles que rompem a barreira da auto-crítica e colocam no mundo sua obra (isso quando o livro é bom, tem alguns publicados por aí que eu receio que a pessoa não pensou direito nem quando escreveu, quiçá quando resolveu publicar).

Mauro Guidi-Signorelli apresenta uma coletânea de contos muito interessante, com alguns conversando entre si, alguns sobre fatos corriqueiros, alguns beirando a ficção científica, muitos trazendo a sua vivência transcultural (do Brasil para a França) para a pauta.

São boas histórias, dignas de serem publicadas, o primeiro passo para outros que virão, com certeza.

1 de dezembro de 2019

Dez de dezembro

Editora Companhia das Letras - Capa Elisa von Randow

O sucesso de "Lincoln no limbo" fez o livro "Dez de Dezembro", de George Saunders, aparecer nas prateleiras das livrarias e foi assim que eu cheguei até ele, gostando muito do livro que ganhou o Man Booker Prize. 

Esse é o primeiro livro do autor, uma coletânea bem construída de contos. São histórias que trazem um certo desconforto, seja pelo estilo em que foram escritas ou pelo tema mesmo. 

O primeiro conto me deixou procurando páginas no livro, querendo que aparecesse uma continuação, uma explicação, mesmo sabendo que ali estava um conteúdo completo, perfeitamente esculpido e intencional do autor.

Outro conto começa normalmente, uma família normal, uma cidade normal, e aí aparece um detalhe estranho, algo diferente, e você tem que entender que se ultrapassou o limite da realidade (assim como Lincoln no limbo), sem maiores explicações.

George Saunders é muito bom mesmo.

A Redescoberta do Mundo

Editora Nova Fronteira

O livro de Thrity Umrigar começa com uma mulher de origem indiana, nos Estados Unidos, descobrindo que possui câncer cerebral em estágio terminal e decide convidar as 3 melhores amigas da juventude (na época da faculdade) a ir visita-la para uma despedida. Duas delas continuam amigas, mais de 20 anos depois, mas a outra "sumiu" e não tem contato nem com os próprios pais. 

A partir daí somos levadas pela retomada da amizade e lembranças da trajetória de cada uma, num momento de reflexão sobre a vida toda que só uma crise como essa proximidade da morte pode trazer. É literalmente "A redescoberta do mundo", título da obra.

Embora com uma carga sentimental bem alta, a história é dinâmica, tocada pelo próprio andamento da doença, que vai se agravando e trazendo urgência para todo processo. Ele nos leva a pensar sobre o que define as amizades da juventude e como elas permanecem (ou não) em nossas vidas. Além disso, é muito interessante o retrato cultural da Índia, um pouco da pluralidade religiosa, das disputas políticas, e as classes sociais. 
 
É mais um romance do que um retrato cultural, mas acredito que isso realmente enriquece a literatura, quando você tem uma ótima história muito bem amparada no seu mundo literário (seja ele real ou imaginário).

19 de novembro de 2019

Mulheres da Palavra

Editora Fiel - Capa Lucas Gonçalves

Eu li esse livro para o clube do livro que a Katie organizou através do seu podcast "Projeto do Coração" (que é um dos meus preferidos na vida). Eu já tinha ouvido falar da Jen Wilkin, mas nunca tinha lido nada dela, e me surpreendi como ela é prática e metódica na sua proposta de estudo bíblico, características que eu prezo bastante em qualquer processo.

Em "Mulheres da Palavra - como estudar a bíblia com nossa mente e coração", ela apresenta uma metodologia bem simples e clara para incentivar que qualquer um (qualquer um mesmo, não só as mulheres) estudem a bíblia.

Há dois pontos que justificam esse "Mulheres" no título: ela compreende que uma mulher "comum" (que trabalha fora, tem a maior parte das tarefas domésticas, cuida de familiares), pode não ter muito tempo para dedicar ao estudo, então ela é a favor de particionar esse período, sem detrimento do resultado final. O segundo ponto é que ela cita "erros comuns" de estudos bíblicos feitos por mulheres e para mulheres (basicamente, não puxe a sardinha para o sentimentalismo, nem coloque o papel da mulher em tudo).

Fora isso, acredito que qualquer um interessado em começar a estudar a bíblia sozinho (estudar mesmo, não só ler a bíblia) pode se beneficiar dessa leitura.

29 de outubro de 2019

The Hand that First Held Mine

Editora Headline Publishing Group - Foto da Capa John Deakin

Eu sistematicamente gosto de todo livro que eu leio da Maggie O´Farrell, e foi com esse livro que eu percebi que posso chama-la de uma das minhas autoras favoritas. Ela é uma autora muito boa, boa mesmo, e eu gosto do jeito que ela conta histórias, constrói personagens e narrativas, deixando a ponta de mistério e pintando um panorama incrível de humanidade.

Nesse livro, "A mão que me acariciou primeiro", conhecemos duas mulheres muito diferentes, Lexie e Elina, em dois contextos históricos diferentes - a primeira no pós guerra e a segunda mais próxima da contemporaneidade. É claro que esperamos que as histórias se cruzem, e isso ocorre de maneira surpreendente, mas antes disso já temos um tema forte que é a maternidade, não só a recém adquirida (como no caso da Elina que acaba de ter um bebê), como também dos adultos com suas próprias mães.

Eu adorei o retrato da maternidade desse livro, como ele ressoou dentro de mim sem estabelecer uma regra ou um padrão de maternidade. Sendo totalmente ficcional, ele mostrou uma maternidade possível e real.

Maggie O´ Farrel é extraordinária.

The bucket list to mend a broken heart

Editora Zaffre Publishing
Esse é mais um chick lit de entretenimento, porque de vem em quando é bom algo assim com final feliz totalmente previsível.

No caso desse livro da Anna Bell, temos uma mulher que foi dispensada de um relacionamento de quase um ano, e aí, sem querer, acha uma lista de coisas que o ex-namorado gostaria de fazer antes de morrer (uma bucket list, e eu realmente não sei qual seria o termo para isso em português). Então, ela resolve fazer a lista dele, e é isso o título: "Lista para curar um coração partido", mas o objetivo dela é que ele volte a se apaixonar por ela. 

É claro que tem um desafio no emprego, ela conhece pessoas legais e divertidas e um carinha lindo que tem tudo para ser um namorado-amigo-parceiro bem melhor que o ex, mas ela está tão focada no ex que não consegue ver ao redor. A protagonista  é tão limitada na sua visão de mundo que, lá pelo meio do livro, eu comecei a me questionar se a gente também não consegue ler as situações ao nosso redor também.

Mas, calma, calma, é só um livro romantiquinho, nada de filosofias profundas.


27 de outubro de 2019

Nós

Editora Intrínseca

Eu assisti o filme "Um dia" e fui surpreendida negativamente ao esperar somente uma comédia romântica. É claro que tem um peso dramático que eleva o nível do filme, mas confesso que fiquei temerosa ao ler um livro do mesmo autor, que chama "Nós". (Confesso também que comprei o livro em promoção, e sabia que ia ser um livro fácil de ler).

David Nicholls nos traz a história de um relacionamento, entre Douglas e Connie, que tem um filho indo para a faculdade. Ela deseja o divórcio, mas concorda em uma última viagem em família, um tour cultural pela Europa em que quase tudo dá errado (há humor no meio do drama, então o livro é fácil mesmo).

A medida que a história vai se desenrolando, contada por Douglas, vamos entendendo melhor a história desse casal e como chega a esse ponto de ruptura. Tudo que poderia ter sido e não foi. Tudo que foi passando por baixo do radar até transbordar em erupção.

Relacionamentos não acontecem, eles são construídos, e isso é que fica para mim desse livro.

25 de outubro de 2019

A room with a view

Editora Ozymandias Press
O livro "Um quarto com vista" começa com uma situação banal: num hotel em Veneza, duas inglesas estão chateadas porque ficaram com o quarto voltado para a rua, sem ter vistas para os canais, e aí um pai e um filho, também ingleses, oferecem para trocar de quarto com elas, porque macho que é macho, ou melhor, cavalheiro que é cavalheiro não precisa de vista e faz esse tipo de gentileza.

A partir daí, temos um romancezinho (é um livro bem curto) que envolve tensões por diferenças de classes sociais (reais e pretendidas) e expectativas com relação às mulheres. Outro aspecto que eu gostei desse livro do E.M. Forster é quando o narrador faz comentários sobre os personagens ou acontecimentos. Eu sempre acho engraçado quando isso acontece.

23 de outubro de 2019

Não aguento meu emprego

Editora Mundo Cristão

Segue dica de leitura para as férias: "Não aguento meu emprego". Rá.

Ou é melhor ler um pouquinho por dia, sem ser férias, para ser inspirado pelos conselhos dos autores Gary Chapman, Paul White e Harold Myra, conforme o subtítulo: "como viver bem num ambiente de trabalho que faz mal".

Spoiler: às vezes não dá mesmo para viver assim.

Eu gostei muito que o livro é curto, então não vai pesar na agenda de quem está trabalhando demais muito estressado mesmo. (Eu li numa tarde, nas férias). Ele é permeado pela temática cristã, mas os causos contados se aplicam a qualquer comunidade, assim como as sugestões de postura e de mudança. A maior diferença do cristão é que ele pode confiar no Senhor para abrir portas e mostrar saídas, além de ter consciência de um processo de melhoria contínua, tanto interna como das outras pessoas. Essa diferença é o maior privilégio.



20 de outubro de 2019

A Pequena Pianista

Editora Gente - Estúdio Capiama

Jane Hawking escreveu "A teoria de tudo", que eu não li, mas vi o filme. E, nesse caso, fazia todo o sentido, pois ela escrevia sobre o ex-marido, o famoso Stephen Hawking. Acredito que ela tomou gosto pela escrita e resolveu escrever ficção, que é o caso desse A Pequena Pianista.

É um bom livro, de entretenimento, e apresenta algumas questões culturais interessantes, como as escolas e as novas relações culturais no pós guerra, com direito a personagem com depressão internado em hospital psiquiátrico. Há também muito sobre música, como dá para entender a partir do título em português (em inglês, o título é mais poético: Silent Music). O conflito principal é justamente a vontade que a criança tem de tocar piano / aprender música, e a aceitação dos pais desse talento - está presente toda a tensão, embora a profundidade psicológica dos personagens seja rasa.

É um outro mundo em relação ao filme, então vale mais se você tiver interesse em música, e na realidade da Inglaterra no pós guerra (em contexto familiar, não sociológico).



19 de outubro de 2019

The Goldfinch

Editora Little Brown and Company - Capa Keith Hayes 

Eu comecei a ler O Pintassilgo, de Donna Tartt, e os seus capítulos inicias são uma das aberturas mais incríveis que eu já li. Acostumamos a ler livros sobre guerra, mas esse é um dos poucos que eu já li num contexto de ataque terrorista. 

No entanto, esse é um livro longo, muito longo. São mais de 800 páginas, e em certo momento, quando percebo que não dá para torcer mais para o mocinho ficar bem (é muita tragédia e desencontro), deu aquele desânimo, e eu comecei a intercalar com outros livros, e esse se arrastou por meses.

Ele é um ganhador de Pulitzer, o que, na minha opinião, significa que é uma incrível história humana, então, continuei a ler até o final, que foi surpreendentemente bom. 

Fizeram um filme de impressionantes 2h30 (o que quer dizer pouco, pois, como eu disse, são 800 páginas de livro), mas talvez valha mais a pena que ler o original mesmo.

9 de outubro de 2019

The Overdue Life of Amy Byler

Editora Laje Union Publishing - Capa David Drummond

Já li muitos livros do tipo "chicklit" em que a personagem principal está a procura de um marido, mas esse da Kelly Harms apresenta a personagem do título já com dois filhos, depois de uma separação conturbada, tirando férias e se redescobrindo. Temos ainda todos os clichês - a mulher que é mais bonita do que pensa (só precisa de uma arrumada), o sucesso profissional incluído, um homem bonito, gentil e interessado.

O título é algo como "A vida pendente de Amy Byler", ou seja, aí tem outro clichê que a maternidade interrompe a vida da mulher, ou ocupa tanto, que ela não vive mais. Não é que não faça sentido, mas o livro reforça a necessidade de umas "férias espetaculares", que, mesmo com a "culpa materna bombando", vai mudar a vida da mãe.

Ser mulher não é fácil não.

7 de outubro de 2019

O maravilhoso e bom Deus

Editora Vida - Capa Arte Peniel
"O Maravilhoso e bom Deus" é um livro de grupo de estudo, já estruturado para ter uma parte introdutória, tarefa para casa, e perguntas de discussão, mas também é possível lê-lo sozinho, claro. Embora o subtítulo do livro indique o propósito claro do autor James Bryan Smith: "Apaixonando-se pelo Deus que Jesus conhece", assunto que é discutido ao longo dos capítulos, o que eu achei mais interessante foram as "lições de casa", ou práticas devocionais sugeridas, como acalmar-se na presença de Deus, contemplar a criação ou ler o livro inteiro de João em uma semana. Ele realmente faz parecer simples e exequível, e é possível escolher uma ou outra para colocar em prática e incorporar na rotina.


3 de outubro de 2019

Trilha Sonora para os Fins do Tempo

Editora Intrínseca - Capa Elisa Von Randow

É curioso ver um autor norte-americano, Anthony Marra, escrevendo sobre a Rússia / URSS, mas é isso que ocorre - e embora eu não tenha verificado os detalhes históricos, o livro todo é bem verossímil. Em capítulos que são quase contos, o autor passa por um período longo de tempo, e inclui vários personagens que estão mais ou menos relacionados entre si, que nos leva a pensar nas relações humanas e como pequenas decisões ou acontecimentos afetam não só a nossa vida como muitas ao redor, não importa quão insignificante parecemos ser.

Também achei interessante ver uma história numa Rússia mais moderna, já que eu li muita literatura russa do século XIX e, bem, o mundo mudou bastante.

O título estranho: "Trilha Sonora para o Fim dos Tempos" é bem poético e acaba sendo aquele aperto no peito no final do livro, quando já estamos ali, envolvidos com os personagens.

21 de setembro de 2019

As coisas da Terra

Editora Monergismo - Capa Barbara Lima Vasconcelos

Poucas vezes eu li um livro com uma teologia tão bem fundamentada e uma aplicação prática tão bem definida. Joe Rigney escreve um livro claro sobre como "estimar a Deus ao desfrutar de suas obras" (subtítulo de As Coisas da Terra), que realmente faz sentido para uma comunidade cristã que se preocupa em colocar a Deus como foco de sua adoração.

Eu não quero abrir esse debate aqui (por ser complexo, e já adianto que fui plenamente convencida pelo autor), mas realmente recomendo o livro, que está disponível no kindle unlimited.

10 de setembro de 2019

Circe

Editora Blomsbury

Fazia muito tempo que eu não lia um livro que não dava vontade de parar de ler e esse é um deles: Circe, de Madeline Miller. Com uma narrativa clara e envolvente, a autora reescreve a história de um personagem secundário da mitologia grega, Circe. Ao pegar o livro, eu me detive de procurar a história "original" da personagem no google, para ser surpreendida pela história. Através da trama, fui reapresentada a vários mitos gregos: Zeus, Atena, Hermes, e os personagens clássicos como Aquiles.

No final, pesquisei sobre ela, e há muita licença poética da Madeline Miller, mas de forma muito adequada. Ela escreve uma história com muito "girl power", romance, política, fantasia e maternidade em uma realidade muito verossímil. 

O livro é ótimo, e procurarei outros livros da mesma autora.

19 de agosto de 2019

Dama de Paus

Editora Nova Fronteira

O livro da Eliana Cardoso é uma boa surpresa dentre os livros disponíveis nos programas unlimited e prime do Kindle - não é fenomenal, mas também não é pretensiosamente sofisticado. Na história de Dama de Paus, há uma conversa de senhoras, e a trama que vai se desenrolando aos poucos, mostrando de um lado e de outro, e surpreendendo o leitor que, de certa forma, fica tentando juntar todas as peças e desvendar o crime. Vale a leitura.

17 de agosto de 2019

Foreign Affairs

Editora Open Road Media

"Relações Exteriores" (Alison Lurie) ganhou o prêmio Pulitzer em 1985 e é uma história incrível com personagens tão reais e cativantes. Temos alguns americanos passando uma temporada em Londres, e as diferenças culturais dão a tônica da história, mas o que é interessante mesmo são os relacionamentos e esses são universais.

Gosto desse livro porque temos vários personagens "maduros", ou seja, fora daquela fase batida até os 30 e poucos anos que fazem tanto sucesso na literatura. Há vida depois dos 40, e quanta vida.

16 de agosto de 2019

O Memorial do Desterro

Editora Nova Fronteira
Outro prêmio Kindle de Literatura, e outro livro que eu não gostei muito. "O Memorial do Desterro" é melhor que o anterior, mas ainda não acho que "material de prêmio". A narrativa é fora do convencional, com um narrador pouco confiável e que deixa isso claro, [spoiler] mas abre muitas possibilidades, ou mistérios, e não resolve praticamente nenhum. Nem deixa espaço para que isso seja "algo para refletir", sabe? Realmente o meu gosto não bate com os dos críticos desse concurso.

11 de agosto de 2019

O rei se inclina e mata


Editora Globo Livros - Capa Delfin

O livro "O rei se inclina e mata" tem um título intrigante, e a explicação que a autora Herta Müller dá para essa expressão também é, de certa forma, intrigante. Esse livro não é ficção, mas trata-se mais de um ensaio em que ela comenta suas memórias e vai desenrolando alguns assuntos que lhe povoam a mente.

Temos a infância no interior da Romênia numa vila de cultura alemã. O crescimento num governo totalitário, e a censura de pensamento e as restrições de movimentação. A perda de amigos, o distanciamento da família e a mudança de país e de cultura. A vida na literatura e a literatura como vida. São situações críticas e não usuais para a maioria de nós, assim como a forma da prosa de Herta Müller.

Não achei um livro fácil, e me falta o contexto político da Romênia para entender melhor algumas referências que ela faz e não explica, mas foi possível conhecer um pouco mais do universo particular dessa autora.

2 de agosto de 2019

O Peso do Pássaro Morto

Editora Nós
O livro "O peso do pássaro morto",  de Aline Bei acompanha o fluxo de pensamento da personagem principal em várias idades (essas da capa). No primeiro trecho, ocorre o evento marcante da sua vida, aos 8 anos, e, de certa forma, carrega-se esse peso por todos os outros eventos, embora ocorram outras coisas difíceis também. (E estou sendo vaga porque a forma como se desenrola os eventos é bem interessante, então dar spoilers sobre esse evento estraga de certa forma a construção do texto).

Um ponto a se notar é a abordagem da maternidade, sem aquela aura de santidade que é carregada pela vida e pela arte. Pode parecer grosseiro e dolorido, mas eu acho válido ter retratos diferentes desse mesmo fenômeno.

Por fim, como se trata de fluxo de pensamento, principalmente quando ela tem 8 anos, não me parece muito natural, parece que se busca uma profundidade e uma ingenuidade, ou uma simplicidade, que não combinam entre si. O livro é curto, e a história é original, mas realmente não é um livro que eu possa dizer que gostei muito.

17 de julho de 2019

Ratos e Homens


Editora L&PM

"Ratos e Homens" é um clássico. Assim como "Vinhas da Ira", estamos falando de uma história forte e incrivelmente humana de John Steinbeck, embora muito mais breve. Talvez até pela brevidade, o impacto de mergulhar na vida de dois homens - tão sofridos e tão esperançosos - fica mais forte.

Por livros assim, que eu me surpreendo e me impressiono com o poder da literatura de fazer viver histórias de ficção que poderiam muito bem ser reais, e que mudam um pouco a nossa forma de ver o mundo.

É impossível não ler esse livro e se questionar: o que você faria naquela situação? E, em seguida: eu sou quem eu gostaria de ser?

Não dá para passar incólume.

14 de julho de 2019

A Jane Austen Education

Editora Penguin

Eu amo os livros de Jane Austen. Todos os 6 e os contos reunidos depois. Gostaria muito que ela tivesse escrito mais. No entanto, o livro de William Deresiewick aumentou o meu conhecimento sobre as obras dela, e me fez admira-las ainda mais pela profundidade e perspicácia que ela teve na construção de suas histórias, o que, realmente, me passou desapercebido antes.

Esse livro chama-se "A Jane Austen Education", traduzido como "O que aprendi com Jane Austen - como 6 romances e ensinaram sobre amor, amizade e as coisas que realmente importam" (disponível pela Editora Rocco). O autor estuda literatura e vai permeando sua experiência na faculdade, no mestrado, nesse começo de vida adulta com o que ele percebe de profundo e intencional em cada uma das 6 obras de Jane Austen. 

É incrível como podemos ver o tanto que ela entende da natureza humana e como ela prenunciou uma estrutura social mais moderna naquele cenário inglês interiorano do século XIX. O que importa para um casamento, como fazer e manter amigos, o que é ter caráter e ser realmente bondoso - está tudo ali, e como William Deresiewick percebeu, tudo ainda importa para nós.

Essa leitura mudou minha forma de ver alguns dos livros da Jane Austen (até o que eu menos gosto, Emma, e eu acredito que chegou a hora de reler outros dela), e para mim é uma leitura obrigatória para quem realmente gosta da autora.

6 de julho de 2019

A mensagem

Editora Vida

Embora o subtítulo de "A Mensagem" seja "Bíblia em linguagem contemporânea", não é mais uma tradução da Bíblia com palavras modernas, e é sim uma paráfrase, ou seja, quando alguém usa outras palavras para manter o sentido do que está sendo dito. Só que, com a Bíblia, às vezes há mais de um "sentido" para ser escolhido, e, nessa escolha, o texto é reduzido a uma de suas vertentes.

Vejam bem, algumas passagens me emocionaram como se eu os tivesse lendo pela primeira vez, descortinou-se um sentimento inédito. Ao ir para uma tradução mais fiel, eu pude ver aquele significado ali também, mas não era o que chamava mais atenção, ou o mais óbvio. Assim, eu gostei de ler essa versão da Bíblia, que renova nossa paixão pelas Escrituras e pelo cristianismo, no entanto, essa não é uma Bíblia de estudo, ou para ser usada como referência principal de qualquer teologia cristã séria.

Eu recomendo muito a leitura, e sei que pode funcionar até em momentos de culto, mas sempre deve-se lembrar que se trata de uma versão, e não uma tradução que busca ser fiel ao texto original.

1 de julho de 2019

I know why the caged bird sings

Editora Virago

É impossível não ficar emocionada e impressionada com o começo da história de Maya Angelou, "I know why the caged bird sings" ou "Eu sei porque o pássaro canta na gaiola". Ela vai crescer para se tornar uma artista conceituada, famosa, admirada, mas logo no início dá para ver que é uma garota muito inteligente e muito forte, sem pretensão e sem vitimismo. A narrativa da sua infância é feita de uma maneira distanciada, que nos favorece o assombro por tudo que ela viveu, e cria o amor por essa garotinha.

Eu não quero dar spoilers que você pode encontrar em seu verbete da wikipedia, mas comentar como eu fiquei impressionada de reparar os livros que ela lia. Ainda antes dos dez anos, por exemplo, Um conto de duas cidades (que eu amo!), e muitos outros livros clássicos. Ela e seu irmão eram leitores vorazes, e liam o que estava disponível na escola / na comunidade em que viviam, clássicos. Acredito que a literatura infantil só estivesse começando - e o que existia não deveria estar disponível.

Fiquei imaginando se fazemos certo em postergar tantos clássicos para a vida adulta - se é preciso maturidade para entendê-los e admirá-los, ou se a exposição precoce ajuda na construção da maturidade.

Eu mesma comecei a ler os clássicos na adolescência (em toda época, eles são os mais abundantes em bibliotecas públicas), mas hoje acho que era muito jovem para alguns deles. Talvez o que seja necessário não é idade, mas algum direcionamento. Se o livro é realmente um clássico (como esse já é!), ele tem o seu valor.

30 de junho de 2019

Todos os contos

Editora Rocco

Vejam bem, eu gosto da obra de Clarice Lispector. Acho uma autora inteligentíssima e muito original. Mas, ler o livro "Todos os contos" foi uma jornada cansativa. Os contos da Clarice demandam uma atenção e apertam muitos botões psicológicos, esforço que é muito acima do trivial. A empreitada de reunir todos os contos da Clarice resultou numa jornada longa: 656 páginas.

Eu li então aos poucos, entremeando com outros livros, e talvez essa seja a melhor forma mesmo de apreciar essa autora sem saturar de epifanias e mergulhos internos em pessoas extremamente comuns, assim como nós todos.

A Primeira Pessoa

Editora Companhia das Letras - Capa warrakloureiro

"A primeira pessoa" é o primeiro livro da Ali Smith que eu leio, e deu para perceber que ela foge mesmo do lugar comum. Escrever contos já não é lá muito "mainstream", geralmente são livros curtos, e como dizem por aí, escrever pouco e bem é um desafio bem maior do que escrever histórias longas.

Ela usa de um recurso que eu gosto que é falar com o leitor, se colocar no texto, falar sobre o processo de lembrança e escrita - e assim, as histórias ficam meio ficção, meio auto-biográficas, sem sabermos o quanto é realidade.

As histórias também são de certa forma desconfortáveis, sem um final que resolve tudo que se apresenta. Há reflexões profundas e romance também. Um livro contemporâneo de uma sociedade fluida.

8 de junho de 2019

A Mulher na Cabine 10

Editora Rocco
"A mulher na cabine 10" é um daqueles suspenses modernos do gênero que Gillian Flynn inaugurou - a narradora e personagem principal é uma mulher, com algum problema mental ou vício que a deixa levemente não confiável, e agora ela é a única que pode solucionar o mistério all by herself.

Ruth Ware entrega, mas Gillian Flynn é melhor. Eu achei que ficou bem forçado toda a premissa, uma viagem de luxo num barco, só para convidados. A mulher que não sabe bem o que quer da vida. Muitos convidados em posições suspeitas.

É um bom passatempo, mas não mais que isso.

5 de junho de 2019

Comfort Reading

Eu reli Harry Potter 5, 6 e 7, e também Orgulho e Preconceito como leitura de conforto, aquele momento bom garantido.

Qual é a sua a leitura de conforto?

7 de maio de 2019

Kindred

Editora Headline - Capa Yeti Lambregts

"Kindred" é um livro impressionante, daqueles que mexem com nosso âmago, criam um desconforto. A premissa é simples: uma mulher negra, da década de 70, viaja no tempo de maneira inexplicável e chega a uma fazenda na época da escravidão a ponto de salvar o filho do dono do local, quase se afogando.

Entre idas e vindas, temos o choque cultural de duas épocas, e a questão de sobrevivência, bondade e ódio transbordam pelas páginas e nos fazem perguntar: o que eu faria nesse lugar? E se fosse eu que tivesse de ser submetida a uma condição sub-humana de escravidão? Como isso já existiu no mundo? Como isso continua a existir?

O mundo é realmente mau, e a literatura pode nos sensibilizar para isso de uma maneira especial, ainda mais quando tão bem escrita, mesmo sendo tão fantástica que envolva viagens temporais.


4 de maio de 2019

Garra

Editora Intrínseca

Eu vi uma palestra da Angela Duckworth sobre o seu conceito de "Garra" e achei muito interessante, e coloquei o livro na minha lista de leituras. Esse assunto é o tema da sua vida: "O poder da Paixão e da Perseverança", o que quer dizer que ela, como psicóloga, direcionou sua vida de estudos (pós gradução, doutorado) para levantar dados sobre o que é necessário para suceder na sua área de atuação, e ela identificou esse conceito de "Garra".

Ela própria é um bem sucedido exemplo de Garra, como mostra ter sido agraciada pela bolsa "MacArthur" normalmente dadas para "gênios" em seus campos de estudo.

Este é um dos livros de "auto-ajuda" mais consistentes que eu já li, pois não só apresenta o conceito, as instruções para atingir o conceito, alguns "cases" explicativos, mas também muitas pesquisas científicas que a Angela Duckworth fez ou que usou para endossar sua tese (de que Garra é o "segredo" do sucesso). Sendo cientista, ela explica exatamente a relevância de suas pesquisas, ou o que não tem relevância científica, como "o que é necessário para criar filhos que tenham Garra". Nessa época que muita gente afirma qualquer coisa em se preocupar em mostrar evidências reais, esse livro é um bálsamo racional.

Eu recomendo para todos aqueles que querem aprender mais sobre motivação, como atingir objetivos e também, apesar das limitações científicas, quem quer educar crianças que desempenhem bem o que quiserem fazer.



21 de abril de 2019

A mulher segundo a Bíblia

Editora Cultura Cristã - Capa Lela Design

Eu gosto de ler sobre cristianismo e temas femininos - é uma polêmica pronta nos dias de hoje, e eu acho que informação nunca é demais se o senso crítico estiver ligado.

Rebecca Jones deu um título ousado para seu livro: O Cristianismo oprime as mulheres?, mas a versão brasileira resolveu ir de "A mulher segundo a Bíblia", e talvez esse tenha sido um acerto. Os dois ou três primeiros capítulos discutem um pouco do papel feminino no mundo de hoje e o que é "certo" do ponto de vista cristão. Aí, em certa altura, ela coloca a culpa na vítima (algo como: se a mulher sofre abuso sexual, é porque não tem uma atitude correta, se o marido resolve abandonar a mulher e os filhos, é porque ela quis se dar liberdades), e convenhamos que 2019 não está aí para isso, nem 2005 quando o livro foi publicado, nem em nenhum ano desse planeta.

Quando pediram para Jesus julgar uma mulher adúltera (um "crime" horroroso na época), ele abriu espaço para que cada um percebesse o seu próprio erro e e não fez uma comparação de quem é mais santo, ou discorreu como aquela mulher era pecadora. Ele a perdoou e a liberou para "não pecar mais", ou seja, a todos é dada a oportunidade de fazer o melhor frente a Deus.

Os outros capítulos fazem breves perfis de mulheres citadas na bíblia e o que podemos aprender com cada uma delas, mas, é algo bem rápido e rasteiro. O livro realmente me perdeu no começo e eu só li até o final para ver se algo se aproveitava. Leiam outras coisas.




10 de abril de 2019

The Proposal

Editora Headline Eternal

A Reese Whiterspoon mantém um "clube do livro" virtual, divulgado pela internet, e esse foi o livro de abril: The Proposal, da autora Jasmine Guillory. É um chick lit, claro, fácil e simples. Eu gostei que a mocinha era negra e o mocinho era latino - na ensolarada Califórnia - e embora a questão de raça estivesse lá, não era o foco da história, e me pareceu tudo tratado de uma forma leve e ponderada.

Interessante foi o mocinho, Carlos, mencionar que ele não foi criado falando espanhol pelos pais que o queriam bem adaptado ao Estados Unidos, e aí - com a maior cara de latino - ele sofria o estranhamento de não saber falar espanhol e queria aprender após adulto.

Não é dos melhores da categoria, mas eu achei que vale a pena. 

6 de abril de 2019

A história da sua vida e outros contos

Editora Intrínseca

Eu adorei o filme "A Chegada", e quando vi que era baseado em um conto de Ted Chiang, coloquei o livro todo na minha lista de desejos. Comprei em promoção, claro, e adorei. São livros de ficção científica, mas não quer dizer que sempre ocorram no futuro, uma das histórias é claramente de uma civilização de centenas de anos atrás, enquanto outra parece uma história de amor com algumas referências ao que não existe.

Eu gostei do estilo do autor também, sem muitos rodeios, enfeites ou sentimentalismo, mas trazendo assuntos interessantes para o centro da história - e porque não - ao centro do debate. Um dos contos, sobre a estética e a influência em nossas vidas, contada por várias fontes diferentes, é incrivelmente perturbador e, embora no terreno da ficção científica, totalmente verossímil num curto espaço de tempo.

Um livro ótimo de se ler.

16 de março de 2019

A glória e seu cortejo de horrores

Editora Companhia das Letras - Capa Alceu Chiesorin Nunes

Fernanda Torres é muita conhecida por ser atriz, e filha da Fernanda Montenegro, mas ela também é escritora e eu gosto muito dos dois livros que eu li dela: o Fim e esse mais recente: "A glória e seu cortejo de horrores", que só o título já é ótimo.

Interessante que os dois livros tem narradores - e personagens principais - masculinos, e eu realmente nunca vi dentro da mente de um homem, mas a narrativa da Fernanda Torres é envolvente, e totalmente verossímil. No caso desse último livro, um ator conta toda sua vida desde a juventude no teatro até o sucesso na TV, passando por uma peça shakesperiana patrocinada com dinheiro público fracassada, e a chegada na emissora religiosa. 

Não parece ficção, parece realmente a biografia de alguém que existe de verdade tamanhas as referências a fatos culturais do nosso país, sem realmente incluir alguém realmente conhecido.

Por fim, eu fui no lançamento do livro em São Paulo e foi fenomenal vê-la pessoalmente e ver sua mãe lendo o seu livro e dando vida para o personagem, junto com Antônio Fagundes. Ótimo também foi ver o Michel Laub na plateia, que é um dos meus autores preferidos, com certeza.

8 de março de 2019

The One and Only

Editora Hodder & Stoughton

"The One & Only" é um chick lit padrão, com uma personagem feminina bonita, inteligente, independente, e seus conflitos para ter um romance a altura das outras áreas da sua vida. Encosta-se em um ou outro assunto mais sensível, mas é isso.

Eu precisei ler a sinopse para lembrar da história, então não é nada marcante. A personagem principal adora futebol americano, e se torna jornalista esportista, então o assunto aparece pelo livro todo.

3 de março de 2019

Americanah

Editora Companhia das Letras - Capa Cláudia Espínola de Carvalho

As questões de racismo e gênero estão a cada dia mais expostas e a cada dia mais polêmicas. Não sei onde isso vai parar, mas espero que seja um caminho para mais respeito e apreciação pelas diferenças.

Dessa forma, um livro como Americanah é uma joia rara, ao trazer uma visão não "tradicionalmente ocidental" do tema. Escrito pela Chimamanda Nogzi Adichie, nigeriana, é uma visão de uma negra da sociedade norte-americana atual, e é tão bem feito, tão perfeitamente contextualizado, que é fácil esquecer que é um trabalho de ficção.

A personagem principal, que vai para os Estados Unidos após a faculdade, até tem um blog em que comenta as questões raciais que se apresentam a ela, e ela vira uma referência no assunto, conseguindo até sobreviver de patrocínio e palestras - é uma vida de blogueira!

Outro ponto interessante do livro é o tanto de adjetivos e descritores para a pele negra - vários tons são diferenciados, e sempre de maneira positiva. 

Eu gostei muito de ler esse livro, assim como o outro livro dessa autora (Meio Sol Amarelo), e recomendo para todo mundo.

1 de março de 2019

The Year of Magical Thinking

Editora Harper Collins - Capa

Quando eu estava pesquisando livros sobre luto, essa obra de Joan Didion, "The year of magical thinking", aparecia em várias listas. Eu comprei, e demorei vários meses para começar a ler. Só a sinopse mostra o tamanho da tragédia: a filha de Joan é internada de emergência numa UTI, inconsciente. O marido morre de ataque cardíaco. Algum tempo depois, sendo escritora, ela começa a escrever sobre esse processo.

No prefácio, há uma citação do The Guardian dizendo que esse livro não tem respostas fáceis. Aliás, acredito que nem resposta tenha. É sobre o luto de alguém, elaborado em palavras, com algumas informações técnicas e psicológicas sobre como se lida com a morte e as doenças graves. 

Uma das informações que eu achei interessante é que já caracterizaram o luto como uma doença, dada às alterações emocionais e físicas que ele causa. Embora seja algo a que praticamente todas as pessoas passam, não se parece tornar mais simples a medida que a humanidade "evolui". A morte não nos é natural mesmo.

Além disso, é um retrato sobre um casamento duradouro e feliz, algo que parece tão raro hoje em dia, principalmente entre famosos. Joan e seu marido Jonh tem um relacionamento estável, com respeito e conhecimento mútuo profundo. De certa forma, além de falar de luto, esse livro fala também desse tipo de amor, e o que ele deixa de vazio quando uma parte vai embora - sem briga, sem conflito, sem um aviso prévio.

É um livro triste, real, relevante. Sem respostas, sem soluções, sem saídas. É um livro humano.


25 de fevereiro de 2019

50 Brasileiras Incríveis para Conhecer antes de Morrer

Editora Record - Capa Renata Vidal

Esta aí uma moda boa: livros com perfis de mulheres para divulgação de conquistas e sucessos de pessoas reais. O livro "50 Brasileiras Incríveis para Conhecer antes de Morrer" é o exemplar tupiniquim dessa tendência, preparado por Débora Thomé.

O livro de capa dura é para durar bastante tempo, os textos são breves e claros, sem linguagem difícil, bom para crianças mesmo (sugiro a partir de 5 ou 6 anos), e cada brasileira tem seu retrato lindamente ilustrado. São várias ilustradoras diferentes, então é uma beleza apreciar diferentes estilos.

A autora compilou mulheres antigas e mulheres recentes, algumas ainda vivas, das diferentes áreas - ciência, humanas, artes, esporte. É uma grande inspiração para todas as meninas e meninos.

21 de fevereiro de 2019

O orfanato da Srta Peregrine para Crianças Peculiares

Editora Intrínseca - Capa (adaptada): Vivian Oliveira

Eu não sei o que veio primeiro: a ideia de escrever uma história e ilustrar com fotos com "efeitos especiais" antigas ou usar as fotos antigas para escrever uma história, e de ambas as formas é uma boa ideia. Ransom Riggs tornou crianças reais às antigas manipulações, e criou um universo em que elas tinham que se esconder para sobreviver. Em ambientes parecidos com escolas, onde elas vivem eternamente um único dia, não envelhecem e são supervisionadas por mulheres especiais. Aí chega o protagonista que é mágico sem saber que é mágico - e é surpreendido por uma missão de salvar o mundo. Bom, aí temos Harry Potter tudo de novo.

Os livros tem nomes interessantes: "O orfanato da Srta Peregrine para crianças peculiares", "A Cidades dos Etéreos" (Londres, by the way), e "Biblioteca das Almas". (Parece que lançaram um 4o livro, além do filme). (Mudaram praticamente todos os super poderes das principais crianças entre o livro e o filme, e realmente parece que mudaram cenas essenciais, porque as soluções do livro não vão funcionar na tela dessa forma - e eu não vou assistir para saber).

A ideia é boa, as situações inusitadas, mas realmente não me encantei pelos personagens - principalmente pelo garoto que fica sofrendo por 3 livros inteiros sem saber o que quer da vida. Ok que isso é a maioria dos adolescentes, deve ser intrínseco, mas eu prefiro que líderes sejam líderes com um pouco mais de determinação, mesmo que de vez em quando transpareça uma auto-dúvida (Sim, Harry Potter).

19 de fevereiro de 2019

Obra Completa

Editora Companhia das Letras

A Obra Completa de Raduan Nassar não é extensa, mas é incrivelmente densa. Com uma linguagem elaborada e um estilo característico, não é uma leitura simples. O leitor é jogado para dentro da mente do personagem, e fica ali, mudo de espanto, vendo se desenrolar um conflito imprevisível e tenso. 

Sem informações externas, temos o que o personagem vê, ouve, pensa, e vamos construindo uma realidade que talvez exista, talvez não exista, e é totalmente enviesada. Certamente, são histórias boas de ler com um amigo, e ir destrinchando o texto, discutindo pontos de vista, desdobrando toda profundidade psicológica que ele apresenta.

Literatura brasileira de qualidade.

9 de fevereiro de 2019

The Shipping News

Editora Fourth State

"The Shipping News" é um livro ganhador do Pulitzer e é por isso que ele está aparecendo por aqui. Annie Proulx escreveu uma obra bonita, com personagens psicologicamente complexas, que realmente faz pensar sobre a natureza humana e o relacionamento entre as pessoas. Acho que isso é uma característica dos livros ganhadores do Pulitzer. A história começa bem lenta, e parece que vai ser uma calmaria numa cidade em que nada ocorre, mas a gente vai se envolvendo com os dramas do vilarejo e se interessando aonde isso vai dar.

Não é dos livros mais interessantes, mas é obviamente bom.

16 de janeiro de 2019

Objetos Cortantes

Editora Intrínseca

Gillian Flynn definiu um estilo próprio de escrever livros de mistério, e é uma fórmula de sucesso - seja porque vendeu muitos livros, seja porque realmente consegue prender a atenção do leitor - é difícil parar de ler.

"Objetos Cortantes" não é tão bom quanto "Garota Exemplar", mas é uma ótima história, com uma personagem feminina com um histórico de problema psiquiátrico também, mas muito forte. O final também é surpreendente, bem ali, nas últimas páginas. Vale a pena como leitura de entretenimento.