28 de outubro de 2013

A Bíblia do Bebê

Editora Sociedade Bíblica do Brasil



Eu li "A Bíblia do Bebê" com a Anna (de 6 meses): era uma historinha curta por dia (menos de 1 minuto), com ilustrações muito bonitas e coloridas ("olha a ovelhinha, Anna",  "esse homem é Jesus, filha"), mas no que ela realmente estava interessada era por na boca o canto da página... Embora as páginas sejam de papel grosso, seria bom mesmo se esse livro fosse de plástico. 

22 de outubro de 2013

As Virgens Suicidas

Editora Companhia das Letras - Capa Kiko Farkas e Adriano Guarnieri / Máquina Estúdio

"As Virgens Suicidas" é um livro impressionante, como não poderia deixar de ser já que a trama trata do suicídio de 5 irmãs. Não sei da onde Jeffrey Eugenides tirou uma ideia dessas, mas a orelha do livro diz que ele queria escrever sobre "valores e sentimentos do que se convencionou chamar de sonho americano". Há muito o que discutir sobre o livro, mas não há como negar que ele é bem perturbador.

De qualquer forma, o que eu mais gostei foi que o narrador é na primeira pessoa do plural - um grupo de garotos que moravam na mesma rua da família resolve recontar a história vários anos depois, baseados em suas lembranças e em entrevistas com diversos envolvidos. Eu nunca tinha visto um livro assim, e isso dá todo um clima diferente para a história.

Eu não assisti o filme - e não fiquei com vontade de assistir, para dizer a verdade - mas gostei de ler o livro. 

17 de outubro de 2013

A Trégua

Editora Objetiva
Um livro simples e lindo. "A Trégua", de Mario Benedetti, é assim. Daqueles de marcar o cantinho da página dos trechos mais sensíveis. Daqueles de se envolver tanto e ficar com o coração na mão. Daqueles de perder o sono para ler só mais um pouco, só mais um pouco, mesmo sem ter nada a ver com o personagem principal.

Martín Santomé é uruguaio, viúvo, tem 3 filhos e vai se aposentar em breve e, no diário que ele escreve, começa a refletir como será sua vida quando chegar o ócio. Ele se sente velho - e o mundo mudou bastante nesse último século - porque ele tem apenas 50 anos. Então, ele se apaixona por uma mulher com metade da sua idade, e aí temos um romance. Um livro simples e lindo.

Faz tempo que não faço isso, mas não poderia deixar algumas citações de fora desse blog.

"Frio e vento. Que peste. E pensar que, quando tinha 15 anos, eu gostava do inverno! Agora, começo a espirrar e não paro mais. Às vezes, tenho a sensação de que, em vez de nariz, tenho um tomate maduro, com aquela madureza dos tomates dez segundos antes de começarem a apodrecer. Quando me vejo por volta do 35o espirro, não consigo evitar sentir-me em inferioridade de condições em relação ao gênero humano. Admiro o nariz dos santos, aqueles narizes afilados e livres que a gente vê, por exemplo, nos santos de El Greco. Admiro o nariz dos santos, porque estes (é evidente) jamais ficavam resfriados, jamais eram arrasados por estes espirros em cadeia. Jamais. Se tivessem espirrado em sequências de vainte ou trinta explosões consecutivas, eles não poderiam evitar entregar-se devotamente às blasfêmias orais e intelectuais. E quem blasfema - mesmo no mais simplificados dos maus pensamentos - está fechando para si mesmo o caminho da Glória."

"Uma vez, faz muitos anos, ouvi o mais velho deles dizer: 'O grande erro de alguns homens de comércio é tratar seus empregados como se estes fossem serem humanos.' Nunca me esqueci nem me esquecerei dessa frasezinha, simplesmente porque não a posso perdoar. Não só em meu nome, como também em nome de todo o gênero humano. Agora sinto a forte tentação de inverter a frase e pensar: 'O grande erro de alguns empregados é tratar seus patrões como se estes fossem pessoas.' Mas resisto a essa tentação. Eles são pessoas, sim. Não parecem, mas são. E pessoas dignas de uma odiosa piedade, da mais infamante das peidades, porque a verdade é que formam para si uma casca de orgulho, uma embalagem repugnante, uma sólida hipocrisia, mas no fundo são ocos. Asquerosos e ocos. E padecem a mais horrível variante da solidão: a solidão daquele que nem sequer tem a si mesmo."

10 de outubro de 2013

My Child Won't Eat

Editora Pinter & Martin

Na tal da blogosfera há informação sobre tudo, mas é legal quando você chega numa referência boa, e não fica considerando verdade o achismo de alguém. E numa dessas preocupações comuns de mãe (o que é normal? o que é normal?), descobri esse livro do médico espanhol Carlos González, "Meu filho não come - como aproveitar as horas das refeições sem preocupação".

Ele fala bastante sobre curvas de crescimento, ganho de peso, amamentação, introdução ao alimento, e, enfim, sobre como lidar com a alimentação do seu filho. Ele é defensor fervoroso da amamentação e de não introduzir alimentos até os 6 meses de idade, ou pelo menos não antes dos 4 meses (pena que isso pode ser muito difícil para mães que trabalham). Ele também derruba o mito de que se o seu filho não engorda com leite materno, ele vai engordar com comida. De uma maneira bem simples, ele vai explicando que o leite materno tem mais calorias que várias papinhas, que é normal a criança ir engordando menos por mês a medida que ela cresce (se ela engordasse sempre 20g por dia, aos 15 anos ela teria 100 quilos), e que tudo bem sua criança engordar pouco - o problema é quando realmente perde peso, por um período prolongado.

Além disso, o que eu gostei de ler foi algo bem óbvio: a criança não vai morrer de fome. Se for oferecido a ela alimento variado e saudável (principalmente saudável), a criança vai comer o que é necessário para ela - é o tal do instinto de sobrevivência. 

Não encontrei edições brasileiras desse livro, mas tem edições em espanhol e em inglês, eu li no kindle.

1 de outubro de 2013

Six Shorts

Editora The Sunday Times
E aí que eu queria ler alguma coisa do Junot Diaz, autor que está fazendo sucesso e ganhando prêmios, e achei esse livro "6 Contos", os finalistas de uma competição do Sunday Times e EFG Private Bank, a venda na Amazon, para o Kindle, baratinho.


Os outros autores são: Mark Haddon (que eu já conhecia do "O Estranho Caso do Cachorro Morto"), Sarah Hall, Cynan Jones, Toby Litt e Ali Smith. Todas as histórias são muito boas, bem construídas e densas, que nos incomodam de alguma maneira, nos fazem pensar, sem ser chato com alguma tese ou moral. É uma sensação gostosa que só boa literatura é capaz de prover.

Eu não gostei tanto da história do Junot Diaz, "Miss Lora", que mistura inglês e espanhol para contar de personagens latinos nos Estados Unidos (ele que ganhou a competição). A que eu gostei mais foi a do Toby Litt "Chame de "O Inseto" porque eu não tenho tempo de pensar num título melhor", porque eu realmente gosto de metalinguagem.