20 de setembro de 2014

The Luminaries

Editora Granta

Eu encontrei esse livro na mão de uma pessoa em Manaus e era um pequeno tijolo - então eu anotei o nome e comprei depois no kindle. No meio tempo, descobri que a autora Eleanor Catton foi a mais jovem ganhadora do prêmio Man Book exatamente com esse livro, seu segundo, The Luminaries. 

A princípio, ele parece interessante - uma história no século XIX na Nova Zelândia, num pequeno vilarejo que gira em torno da corrida pelo ouro. Há apenas três mulheres: uma prostituta, a esposa do chefe da prisão, e a dona de uma casa de entretenimento, que chega depois. Cada um dos personagens masculinos estabelece uma relação diferente com essas mulheres, principalmente a primeira, Anna Wetherell. Engraçado que, em pensamento, muitos gostam dela, e querem protege-la ou cuidar dela, mas suas atitudes não condizem com isso.

O fluxo da narrativa é um pouco confuso - são vários personagens com histórias paralelas, que vão se entrelaçando, ou já estavam entrelaçadas, porque muito é contado em flashback, de até um ano antes do início da história, quando doze homens se encontram para discutir os eventos das duas semanas, desde a noite quando um ermitão morre, Anna foi encontrada na rua entorpecida por ópio, um político chega para fazer campanha, e o jovem de grande sucesso nas minas some.

A trama toda é muito bem feita, mas eu pensava: porque ela não escreveu um pouco menos?  Para que tanto flashback? Realmente não consegui apreciar o estilo, o que seria esperado num livro ganhador de prêmio literário. 

Para terminar, logo no começo, ela fala que no livro são usados os signos como deveriam estar no céu no século XIX, e não agora, algo assim e cada capítulo tem um título do tipo "Mercúrio em Sagitário", "Saturno em Libra" que deve fazer sentido só para os iniciados no assunto...      

16 de setembro de 2014

Crianças francesas não fazem manha

Editora Objetiva
Pamela Druckerman é uma norte-americana que casou com um inglês e foi morar na França. Quando eles resolvem ter filhos, é nesse país que eles serão criados, então ela começa a estudar a diferença da paternidade / maternidade em um local e no outro, mais especificamente, os Estados Unidos (o pai é a parte engraçada da história, parece que tudo que ele quer é não esquentar muito a cabeça - que só pensa no futebol holandês - piada interna, irresistível).

As comparações começam a partir da gestação, e principalmente do parto - e aí a questão não é normal x cesárea (o que é o debate aqui no Brasil, e que eu não vou discutir), e sim parto com (França) e sem (EUA) anestesia. Outro mundo realmente.

Depois, há vários comentários sobre a criação de filhos, e não é basicamente um livro de auto-ajuda, com dicas e fórmulas (embora elas existem), mas a autora mergulha nas diferentes concepções da criação de filhos nos dois países, voltando na história dos dois países com relação a criação de filhos (ou vocês pensam que os direitos das crianças começaram há quatro mil anos?) (ok, ela volta só uns 200 anos).

Confesso que me identifiquei muito mais com o jeito francês de pensar sobre a criação de filhos - o jeito norte-americano (e, suspeito, brasileiro) é a criação de pequenos reis e rainhas, que não só podem tudo, como merecem tudo. Entretanto, simplesmente não dá para ser francesa fora da França - lá todas as circunstâncias, da família aos amigos a escola, tudo "conspira" para um posicionamento dos pais e das crianças diferente. Mesmo assim, é ótimo conhecer uma filosofia diferente de criação - baseada na "descoberta", na liberdade com limites, e claro, na valorização da mãe como um ser humano diferente e também merecedor de cuidados e atenção, principalmente de si mesma.