28 de março de 2017

Dubliners

Editora Wisehouse Classics - Capa Rudolph Buchner
Irlanda é um país tão pequenininho, e nos deu James Joyce, e toda sua riqueza de observação humana. Em Dublinenses (Dubliners), cada história é um pequeno conto, focado em indivíduos totalmente diferentes - gênero, idade, circunstâncias, sem relação entre si.

Eu achei interessante, e eu sei que é bom - boa literatura, realmente boa literatura - mas não provocou sentimentos mais profundos, uma vontade de ler mais do autor.

Eu já li Ulisses - no auge do tempo livro da adolescência - e só achei muito louco, ou seja, talvez tivesse sido precipitada na minha busca pelos clássicos. Agora, mais velha madura, coloco um "ok" novamente no autor, e bola para frente, que há muito ainda por ler.

19 de março de 2017

The Awakening

Editora Arcade Publishing - Quadro da capa por Auguste Reinor

Eu comecei a ler "The Awakening" (O Despertar) despretensiosamente. Num balneário a beira mar, na região de New Orleans, conhecemos Edna Pontellier, uma mulher jovem, casada, com filhos pequenos (mas não bebês). A medida que a leitura foi fluindo, fica nítido: é um livro feminista! Fui atrás de mais informações: escrito por Kate Chopin no final do século XIX, ela também foi contra o fluxo de seus contemporâneos (e, é claro, não teve muito sucesso por conta disso).

Assim como em outros romances da mesma época, a crise é a traição feminina - ou melhor, o fato da esposa se apaixonar por outro (Madame Bovary, Luísa), mas Kate Chopin vai além (e o fato de ela ser mulher faz toda diferença). O despertar de Edna é um processo de auto-conhecimento, como mulher, indivíduo, e como isso se reflete no seu papel de esposa e mãe. 

Os costumes mudaram, a moral mudou, a liberdade da mulher mudou nesses últimos 120 anos, mas o a busca por identidade continua sendo algo pessoal e intransferível, um caminho curto e sem percalços para algumas, para outras mais cheio de voltas e obstáculos. Uma busca que às vezes não se completa, mas é renovada a medida que o tempo passa - e se passa de jovem para adulta, de solteira para esposa, de filha para mãe, e então para avó...

A cada dia, um novo despertar e renovar-se.

15 de março de 2017

Agamemnon's Daugther

Editora Arcade Publishing

No começo dessa edição de "A filha de Agamemnon", há notas tanto de tradução como sobre a história principal dessa coletânea, o que ajuda a entender o contexto de Ismail Kadare, um autor albanês, que chegou a ser proibido em seu país dado os seus textos políticos. A história em questão escapou por ter sido primeiramente retratada na Alemanha - em pleno regime nazista - enquanto na verdade, ele contava da sua realidade em uma ditadura.

No entanto, a história que mais me interessou foi "The Blinding Order" (algo como a lei da cegueira, ou comando da cegueira), em que, depois de alguns fatos tristes (morte, acidente, doença de autoridades), o governo identifica que a causa é o "mau olhado", e determina que as pessoas que estão "emitindo" esse mau olhado devem ser cegadas, com uma compensação financeira do estado. Caso a pessoa se entregue, ela será cegada e sua compensação será um valor maior. São definidos fiscais para executar essa lei - identificar e cegar as pessoas causadoras do mau olhado. As pessoas discutem o que é critério para identificar quem emite mau olhado - mas não muito abertamente, caso pensem que eles estão tentando disfarçar. Os oficiais do governo afirmam que há critérios claros, mas não abertos. O narrador se aproxima de uma família, cuja filha é noiva de um fiscal dessa ordem, e nos mostra o impacto ali, nas pessoas comuns.

Eu gosto muito dessas histórias fantásticas que, se analisar bem, podem não ser tão fantásticas assim, e retratam tão bem aspectos da nossa sociedade, que às vezes nem é bom comentar.