31 de dezembro de 2011

Top 2011


É muito difícil fazer um top de livros geral da minha vida (embora eu já tenha feito), então vou fazer um das minhas leituras de 2011, em categorias principais (e em nenhuma ordem em particular).







Livros de Ficção
Uma canção de Fogo e Gelo (os 3 primeiros que eu li)

Livro Brasileiro

Livro Infantil

Livros Cristãos
The Screwtape Letters (Cartas de um diabo ao seu jovem aprendiz)

Livro de auto-ajuda

E para vocês, quais foram as melhores leituras do ano?

Estatísticas 2011

Meu ano de 2011 leitor e blogueiro em números:

67 livros lidos

83 posts, sendo 77 posts sobre livros, (67 lidos/relidos esse ano, e 10 lidos antes), 03 posts genéricos (esse, um de top 2011 e um sobre o Kindle) e 03 posts sobre autores (Moacyr Scliar, Fernando Pessoa, Tomas Transtömer).
60 livros estrangeiros, e só 7 brasileiros (quero aumentar bastante esse número em 2012).
46 livros em português, 20 em inglês e 1 em francês (um tijolo! valeu por muitos!).

35 livros emprestados (obrigada mesmo a todo mundo que me emprestou livros esse ano!!) e 32 próprios (sendo 9 no kindle, aderi totalmente, aposto que ano que vem serão mais).
Visitas pelo Google Analytics: 7443 visitas e 5245 visitantes, de 41 países (até Vietnã, Irã, Cabo Verde e o Qatar). Os 4 países que mais visitaram: Brasil, Portugal, Estados Unidos e França.

E vocês?? Já revisaram o ano de 2011 em números? Quantos livros foram???

28 de dezembro de 2011

Peter Pan Escarlate

Editora Moderna (Salamandra)
Devem existir muitas versões e continuações de Peter Pan por aí, mas esta é a oficial. E sabe o por quê? Depois de ganhar um dinheirão com o livro Peter Pan e Wendy, J.M. Barrie doou os direitos autorais para o Hospital Infantil de Great Ormond Street em Londres, que passou a receber toda a imensa renda, imaginem só. Então, em 2004 (centenário do lançamento do 1o livro), eles fizeram um concurso para ter a continuação oficial, autorizada,e quem ganhou foi Geraldine McCaughrean.

Confesso que eu não me lembro de já ter lido a versão integral de Peter Pan e Wendy (que obviamente é o tipo de história que parece que faz parte do consciente coletivo), mas eu adorei essa continuação. É uma história para crianças, mas não é boba ou escolhe os caminhos mais simples (como se elas não fossem inteligentes).

Os heróis não são sempre bons e os vilões não são sempre maus, mas de maneira leve, claro, como por exemplo Peter Pan e sua síndrome de Filho Único Mimado que não sabe dizer "por favor".

A prosa é leve, quase como uma conversa, com direito a ironias finas que podem também divertir adultos - J. M. Barrie explicou que os Meninos Perdidos caem dos carrinhos das babás distraídas, mas Geraldine inclui também uma explicação para meninos perdidos por pais:

"Mesmo quando são os pais que cuidam deles, muitos bebês se perdem - caem dos carrinhos, são jogados fora junto com a água do banho ou são postos para fora de casa em vez do gato. Enganos acontecem até nas casas mais bem organizadas."

Há várias mensagens de moral ou educativas, mas sem serem forçadas ou artificiais. O principal é que a história é muito bem construída e realmente muito gostosa de ler. Recomendo!

24 de dezembro de 2011

A Bíblia em ordem cronológica

Editora Vida - Capa Douglas Lucas
Quem conhece um pouco a Bíblia sabe que ela é uma coleção de livros que contam uma única história (a relação de Deus com seu povo, ou a salvação da humanidade por Cristo). Historicamente ela se organizou em Antigo Testamento e Novo Testamento, numa ordem que fazia sentido para os compiladores lá trás (e eu não vou explicar aqui). Quando você pega uma Bíblia para ler na "ordem direta", o que acontece é que às vezes você tem "deja vus" - a vida de Cristo é contada por 4 pessoas diferentes, o período do reino dividido de Israel e Judá também "acontece duas vezes" mesmo alguns episódios da caminhada de Moisés no deserto. E os livros de salmos e profecias? Eles foram escritos em momentos históricos também narrados na Bíblia, mas como relacionar? Mesma coisa com as cartas de Paulo - parece que ele viajou bastante em atos dos apóstolos, e depois sentou e escreveu todas aquelas epístolas de uma só vez e nós sabemos que simplesmente não foi assim.

Para lidar com essas inquietações, que obviamente já passou pela cabeça de muita gente, Edward Reese e Frank Klassen recortaram trecho por trecho da Bíblia e como num grande quebra-cabeça reorganizaram tudo no que eles consideram a melhor ordem cronológica possível. É outra forma de ler a Bíblia, dessa vez, linearmente (ou, às vezes, paralelamente, no caso dos relatos dos reinos de Israel e Judá).

A linguagem também é a Nova Versão Internacional, que gostei muito. Ela é um meio caminho entre a tradicional Ferreira de Almeida e a um pouco mais moderna NTLH - Nova Tradução da Linguagem de Hoje. Considero muito revelador variar a forma de ler a Bíblia, porque é justamente como se nós víssemos as mesas coisas com outros olhos.

Nesse Natal, essa é a minha dica para vocês, redescobrir a história de Cristo - o homem que mudou a história do mundo tal qual nenhum outro, o Deus que salvou o mundo como ninguém poderia fazer.

E para terminar, qual seria mesmo o começo de tudo, cronologicamente??

"No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio." (Jo 1:1-2, NVI)

Bom Natal! 

22 de dezembro de 2011

Desculpa se te chamo de amor

Editora Planeta - Capa Renata Milan
Sim, eu tenho minhas reservas. Coisas que eu não gosto. Ou não boto fé. Desconfio. Preconceito, se você quiser. Casos de Lolitas são justamente uma dessas coisas. Amor verdadeiro de um cara mais velho, meia-idade, e uma adolescente. 20 anos de diferença. E esse é justamente o tema do livro, que já avisa na contra-capa: E se for amor, amor de verdade?

ok, pode até ser amor de verdade, e tenho certeza que você, caro leitor, conhece alguém ou um amigo de alguém, ou a prima do amigo de alguém, que passou por uma história dessas e deu suuuper certo, então isso é possível e tal. Mas fazer o quê? Eu desconfio.

E não gosto dos clichês: adolescente linda, cheia de vida, animada, mas sentimentalmente madura para a idade; homem de meia idade, inteligente, com boa forma, bem sucedido, precisando de "vida", alguém que o relembre de como é se sentir pleno. E é claro que dá certo. Muito certo, em todas as áreas.

É verdade que eu comecei a ler esse livro com os dois pés atrás, mas acabei me decepcionando com outros detalhes também: como tramas paralelas dispensáveis, personagens caricatos demais, e uma tradução não lá muito boa (como se fosse literal, mas simplesmente não funciona em português. Algumas construções de frases pareciam bem estranhas).

Por outro lado, há vantagens também, como poder ler um romance contemporâneo italiano e ver como é um pouco da socidade (se alguém souber mais sobre o que se trata o tal exame de maturidade que eles fazem, contem aí - é um nome bem engraçado para um exame final de colegial) e da paisagem (descrições de Roma e algumas redondezas), e mais que isso, vale para ter a visão de um homem italiano - que, receio, atende a todos os esterótipos também, a ponto de ter a seguinte frase sobre uma noite do casal em Paris:

"E uma noite que perde os seus limites. E por fim até aquelas estrelas francesas devem admitir. Sim. É mais uma vitória. Os italianos o fazem melhor."

rá-rá-rá.

Bom, se você quiser saber um pouco mais sobre a história lendo outra crítica desfavorável (com a qual eu concordo), clique aqui. Sem mais.

20 de dezembro de 2011

The Confession

Editora Dell - Capa Jonh Fontana
Assim como o último livro que eu li do John Grisham, The Chamber, este também é um pocket, em inglês, da Debô e principalmente, o assunto principal é a pena de morte.

Na história, estamos a cinco dias da execução de um jovem, quase uma década depois do crime pelo qual foi condenado (uma garota que sumiu, provavelmente assassinada). Em outro estado, um pastor recebe a visita de um preso em condicional confessando o crime pelo qual o outro - então inocente - será executado. A partir daí a trama corre para ver se é possível parar o sistema judiciário com a confissão do verdadeiro assassino.

Há vários complicadores na trama:

1) O jovem inocente que foi acusado é negro no Texas - ou seja, num lugar cheio de preconceitos, a cidade torna a execução uma batalha racista com direito a passeatas na rua e incêndios de carros e igrejas;
2) O corpo da garota assassinada nunca foi encontrado - todo o julgamento se baseia numa confissão arrancada a força do jovem, depois de muita pressão psicológica (ele diz que acreditava que eventualmente iam descobrir o verdadeiro culpado, por isso que aceitou "confessar");

3) Há muitos loucos de última hora nesses casos, então como provar que o cara que está confessando a verdade agora (porque está doente terminal e resolveu se sentir culpado pela execução do outro) não é mais um desses doidos querendo atenção?

4) A mãe da garota assassinada é uma cristã que pede e luta por justiça e isso significa sim a execução daquele que foi condenado pelo crime.

Eu não sou especialista em política e justiça norte-americana, mas o que dá para entender desses livros é que os maiores defensores da pena de morte são brancos e cristãos, a extrema direita que nós não vemos com tanta proeminência aqui no Brasil petista-social-democrata. O ponto de vista do narrador é extremamente parcial, ou seja, a ótica na qual a mãe da vítima é apresentada é totalmente negativa, mas ele cita que um dos argumentos citados é que Deus disse "não matarás", mas há uma exceção aberta para o "Estado".

O ponto é que, se a sua teologia não é deturpada pela condição social que você quer manter, o "não matarás" não tem exceção. O que existia - e continua existindo - é o coração endurecido do homem, que não sabe amar o próximo, não sabe conviver em paz, não sabe servir a Deus, então justifica ações injustificáveis com teorias que podem vir de qualquer lugar, menos da Bíblia. É impossível ler os evangelhos, ver o que Jesus Cristo disse e veio fazer e achar sinceramente que esse Deus considera a pena de morte como algo adequado e aceitável. Isso é o que mais me entristece.

18 de dezembro de 2011

Quando coisas ruins acontecem a bons casamentos

Editora Vida
Continuando no mesmo tema do post anterior, agora um livro em português da biblioteca da minha igreja, IPAlpha. O título já é bem direto: Quando coisas ruins acontecem a bons casamentos, e logo na introdução, os autores (um professor de psicologia e sua esposa - Les e Leslie Parrot) já afirmam que todo casamento, num momento ou em outro, pode sofrer com coisas ruins. É algo que diz: "se você está enfrentando problemas no seu casamento, você não é o único", o que por si só pode ser consolador e motivador para conseguir superar alguma crise.

O livro é bem leve, não tenta explicar a origem das coisas ruins, ou mais especificamente como achar e castigar o culpado. E embora passe por coisas complicadíssimas, como o alcoolismo e a infidelidade, também fala sobre "coisas boas que podem se tornar ruins" como a chegada dos filhos que começa por mudar uma esposa em mãe e um marido em pai, e pode até provar que "três é demais" se não houver maturidade e um preparo psicológico para os papais nessa situação.

Assim como o livro do post anterior, ele também reforça o papel da responsabilidade de cada um em manter o compromisso do casamento - é algo racional, uma decisão que deve se refletir em ações positivas, e não algo que depende do romantismo, de um frio na barriga ou atração sexual. Um exemplo disso é a resposta de um senhor casado há 70 anos para a pergunta "qual é o segredo para o casamento durar tanto?" - "Determinação".

O livro tem alguns "exercícios" para serem feitos individualmente por cada cônjuge ou pelos dois, motivando diálogos sobre as expectativas e emoções de cada um, o estado atual do relacionamento, e o que os dois estão dispostos a fazer para se acertarem ou melhorarem. São DR - discussões de relacionamento, que podem ser muito úteis principalmente para os casais que não sabem mais o que é ter uma conversa de verdade, sem machucar um ao outro.

A mensagem também é que se o casamento era bom, depois de uma crise bem resolvida, ele pode se tornar melhor como nunca foi, não importa o tamanho do problema, o que é um fator determinante é como os dois envolvidos vão encarar isso. No final do livro, há um capítulo altamente inspirador sobre afinal, por que querer ter um bom casamento? São citadas várias pesquisas que mostram que pessoas casadas vivem mais e melhor, tem menos depressão, sentem-se mais felizes do que solteiros, divorciados ou viúvos. (Para quem duvida, como curiosidade, esse link compila citações se determinada coisa ajuda a prevenir ou causar câncer cita 2 fontes para dizer que casamento - Marriage -  previne.)

Os autores são cristãos, e eles sabem que, embora para alguns casais o divórcio não seja uma opção por causa da sua fé, isso não significa que o casamento se torna maravilhoso só por causa da crença deles ou da disposição de ir a igreja. Então também há um capítulo para falar de questões espirituais e como é importante entender o posicionamento de cada um com Deus para que juntos, eles possam se aproximar ainda mais do Senhor e construir um relacionamento mais forte. Em todos os sentidos, esse livro é uma mensagem de esperança.


PS: Eu realmente gosto desse tema, relacionamentos e aconselhamento conjugal - então, amigos que lêem esse blog, não precisam se preocupar com o meu casamento agora :) e se preparem para vários posts até o final do ano - a falta de tempo para escrever no blog não implicou em falta de tempo para ler, e já tem mais 3 posts de livros já lidos até o Natal.

16 de dezembro de 2011

Desperate Marriages

Editora Northfield Publishing - Capa The DesignWorks Group
Eu ia começar escrevendo que "um casal amigo meu está enfrentando dificuldades no casamento...", mas vocês não iriam acreditar, claro, né? Então não vou falar nada de motivos para comprar esse livro no Kindle, vou focar no livro mesmo, que é muito bom.

O título é "Casamentos desesperados - caminhando em direção a esperança e cura em seu relacionamento", do mesmo autor de As Cinco Linguagens do Amor, Gary Chapman. Ele já foi piblicado em 1998 com o título de "Loving Solutions", e como tradução de título de livro aqui no Brasil é complicado, eu acho que se trata do livro "Castelo de Cartas" da editora Mundo Cristão.

Como todo livro de auto-ajuda, ele apresenta uma fórmula simples, e nesse caso, mostra como ela pode ser aplicada nas mais diversas situações que podem levar um casamento a uma crise: como um cônjuge workaholic ou alcoólatra, controlador ou infiel, que abusa verbal ou fisicamente seu parceiro, ou então que foi abusado sexualmente no passado. O livro pode ser lido pelos dois (quem está sendo magoado ou quem magoou e agora está querendo mudar), mas reforça que um dos dois pode começar a mudança pela restauração do casamento sozinho e que há muitos casos de sucesso em que o outro foi tocado e também se comprometeu a batalhar pelo relacionamento.

Primeiro, ele apresenta 4 mitos em que as pessoas acreditam:

1) O meu estado da mente é determinado pelo meu ambiente.
2) Pessoas não podem mudar.
3) Quando você está num casamento ruim, você só tem duas opções: se resignar a uma vida de miséria ou cair fora.
4) Algumas situações são sem esperança.

E então ele apresenta o que chama de Reality Living, ou Vivendo na Real, baseado em 6 princípios que podem realmente mudar a sua vida:

1)  Eu sou responsável pelas minhas próprias atitudes (pare de culpar o mundo!)

2) Atitudes afetam ações. (atitudes positivas geram ações positivas.)

3) Eu não posso mudar os outros, mas eu posso influenciar os outros (não devemos manipular o outro, mas suas ações positivas podem gerar mudanças no outro.)

4) Minhas ações não são controladas pelas minhas emoções (nem que você tenha que respirar fundo antes de falar alguma besteira, você consegue.)

5) Admitir as minhas imperfeições não significa que eu sou um fracasso (isso é realmente verdade, sempre.)

6) Amor é a arma mais poderosa para o bem no mundo (ou seja, não tente conseguir um bom retorno com ações de ódio e raiva.)

É realmente inspirador poder ver as as histórias que foram modificadas por meio dessa "formulinha", que obviamente envolve também muita força de vontade e às vezes meses e meses de terapia e aconselhamento. Não há mágica, claro. Mas casamento nenhum se sustenta com mágica mesmo.

11 de dezembro de 2011

Os miseráveis

Editora Cosac Naify
Eu já fiz um post sobre esse livro, combinando com a semana em que eu conheci Paris, 9 anos depois de ler pela primeira vez e pedindo para ganhar de presente. No mês seguinte, dia dos namorados de 2010, eu ganhei e, desde então, virou meu livro de cabeceira, para ir lendo aos pouquinhos, em alguns momentos mais intensamente, em outras semanas, quase nada.

Continuo muito impressionada por esse trabalho hercúleo de Victor Hugo, ele demorou anos para escrever "Os Miseráveis" entre estudos sobre temas específicos que seriam tratados, como o próprio enredo e a construção dos personagens. É um livro em que a história vai sendo contada, mas de repente o autor se interrompe para "explicar" algum ponto, ou para voltar alguns anos na vida de um personagem que está ali por poucas cenas, um coadjuvante totalmente secundário, só para entrelaçar uma história muito mais consistente e coerente.

A história começa no interior da França, mas a maior parte se passa em Paris, e realmente o cuidado com que Victor Hugo descreve essa cidade magnífica, quase que como um personagem da trama, é incrível. E e não pude deixar de imagina como seria fantástico, a medida que se fosse lendo essa história, ir pessoalmente às ruas e aos bairros em Paris que são citados. Uma Paris sem Torre Eiffel, mas com todo charme que existe até hoje...

Se alguém se aventurar a fazer isso, depois me conta? (Fér, que tal você???)

6 de dezembro de 2011

A Concise History of Christian Thought

Editora Baker Academy
Eu peguei esse livro (Uma história concisa do pensamento cristão) há uns 6 meses atrás, na biblioteca da minha igreja (IPAlpha) para ajudar a fazer um trabalho sobre história da teologia para  o curso de estudos teológicos a distância do Centro Presbiteriano de Pós Graduação Andrew Jumper do Mackenzie que eu estive fazendo esse ano (too much information, mas acabei de contar o que mais ocupou meu kindle este ano: textos do curso online).

Na época eu fui direto ao ponto, usando o índice, li o que precisava e pronto. Mas achei tão interessante, um resumo tão bem feito (a parte concisa), que resolvi ler inteiro - mas aos poucos, bem aos poucos, eu diria.

O autor, Tony Lane, começa ali com os Pais da Igreja, e vai seguindo com teólogos tanto da Igreja Católica Ocidental, como Oriental, passa pelos protestantes e chega até bem recentemente (essa edição revista vai até o começo do século XXI). Para cada um, poucas páginas, no máximo 4 ou 5, dando um panorama geral sobre o contexto, as ideias principais da pessoa e um trecho da sua obra principal. Não há nada de enrolação, então cada frase contém muito conteúdo mesmo, é preciso prestar bastante atenção para entender - principalmente porque se trata de discussões filosóficas e teológicas, coisa que a maioria das pessoas nem considera muito, então é todo um esquema diferente de pensar. (Sem mencionar que é em inglês, então é bom um certo conforto com a língua).

Eu gostei muito desse livro mesmo, pois me ajudou a entender bem melhor "como chegamos até aqui", a evolução do pensamento cristão, influenciado pela e influenciando a cosmovisão da humanidade. Não sei se eu teria paciência de estudar cada um dos pensamentos e cada uma das construções doutrinárias com profundidade, por isso a abordagem mais abrangente e breve deste livro me foi suficiente para aprender sobre o contexto da minha fé. Recomendo como introdução para quem tem interesse sério no assunto.

3 de dezembro de 2011

Peixe Dourado

Ed.  Companhia das Letras - Capa: Silvia Ribeiro
Esse livro é de J.M.G. Le Clézio (haja iniciais!), escritor francês, ganhador do prêmio Nobel em 2008. E para ganhar Nobel, não basta contar uma boa história, precisa fazer isso de uma maneira diferente, uma linguagem diferente e este não é exceção.

O livro é sobre Laila, uma garota que foi roubada aos 6 anos de idade de algum lugar na África e levada para ser criada para e por uma senhora no Marrocos. Em pouco tempo - quando se vê ela tem apenas 21 anos - ela passa por um prostíbulo (sem se prostituir, só sendo cuidada pelas garotas), por uma casa da família, foge para a França via Espanha (imagina a galera entrando nos Estados Unidos via México), depois chega aos Estados Unidos onde vira cantora... Tanta coisa acontece, num livro que nem é tão grande assim, que parece uma verdadeira maratona.

Além disso, a história incomoda por ser contada em primeira pessoa, e nós ficamos de cara com alguém perturbado por não conhecer suas origens, não saber quem é, e que não sabe lidar bem com relacionamentos, o que é amizade, e o que é cuidado, e o que é vontade de prender e sufocar. Achei engraçado que várias vezes ela tem "surtos", momentos em que para de fazer tudo, de sair na rua, só fica deitada, sem falar, sem comer direito. E sempre - sempre - tem alguém que recebe "a loca" sem fazer perguntas sobre esses períodos negros.

Laila também é uma personagem que adora ler, e cita vários livros clássicos e contemporâneos, acredito que isso é uma das maneiras de ela aprender as línguas que fala - árabe, espanhol, francês, inglês. Mas o seu livro preferido é de Frantz Fanon, escritor ligado ao tema de opressão (que é bastante do que a personagem sente).

Até que esse é um Nobel fácil de engolir, mas pode não ser muito palatável para muitas pessoas.