24 de setembro de 2015

O Complexo de Portnoy

Editora Companhia das Letras - Capa Jeff Fisher

Em "O Complexo de Portnoy", Philip Roth nos leva para a sessão de terapia de Alexander, um jovem advogado judeu que vai contando sobre sua vida desde a infância. Ele é irônico e direto, sem desviar de assuntos pouco nobres - como a constipação constante do pai - ou íntimos, como sua vida sexual presente (o que é natura se ele está num divã). No entanto, o assunto que mais impressiona é o tanto que ele fala de masturbação - e esse deve ser o complexo do título mesmo. É possível citar muitos livros e filmes em que figuram ou se insinuam cenas de sexo, mas poucos falam de masturbação, ainda mais na vida adulta - no adolescente é algo mais comum. Portnoy, no livro, é completamente obcecado pelo assunto, e é de se espantar como ele extravasa isso em qualquer lugar. O livro não é vulgar, e até por isso deve ter se tornado bestseller e pode ser considerado um clássico, mas eu fiquei espantada com algumas cenas.

Além disso, é o tempo todo ele falando, então nós nos sentimos o terapeuta, tentando analisar o que é dito para quem sabe responder a suas angústias presentes... ou quem sabe esse é o meu lado engenheiro que gosta de resolver tudo. :)

17 de setembro de 2015

"Heretics" e "Ortodoxia"

Domínio Público

Editora Mundo Cristão

Ortodoxia é um clássico da literatura cristã escrito por G. K. Chesterton, que produziu muitas obras ao longo da sua vida. No prefácio dessa edição da editora Mundo Cristão escrito por Philip Yancey, são apresentadas anedotas da vida do autor que o tornam ainda mais fascinante - como a resposta que ele deu a um jornal ao ser perguntado qual era o problema do mundo - "Eu.". Ele era bem popular na sua época (final do século XIX, início do século XX), quando debates filosóficos ainda atraiam o interesse de muita gente - ele era um interlocutor costumaz de Bernard Shaw, por exemplo.

No primeiro capítulo de "Ortodoxia", ele diz que escreveu essa obra para responder a críticas ao seu livro "Heretics", que é basicamente negativo - ou seja, ele critica as filosofias que ele considera hereges frente ao cristianismo. Assim, eu parei por ali mesmo e fui procurar esse livro, que eu encontrei gratuito na Amazon. Eu achei um pouco difícil de acompanhar algumas partes não pela linguagem ou pelo nível de discussão filosófica, mas porque Chesterton considera que você conhece a filosofia ou linha de pensamento que ele está criticando, então é como ouvir só um lado da história (e o lado que só acha furo).

Voltando para "Ortodoxia", ele afirma que irá apresentar um relato pessoal de como o cristianismo fez sentido para a sua vida, discutindo seus principais conceitos, com muitas analogias e figuras para explicar as ideias. É interessante porque muita coisa faz sentido (nos dois livros), mesmo eles tendo mais de 100 anos.

Não é preciso ler Heretics para entender Ortodoxia, o qual é mais atemporal e fácil de entender (daí se entende porque ele é o clássico). Recomendo essa edição da Mundo Cristão por conta do prefácio também.

11 de setembro de 2015

Amor Veríssimo

Editora Objetiva - Capa Crama Design Estratégico

O livro "Amor Verissimo" reúne as crônicas usadas como base para a série de televisão GNT de mesmo nome. Embora a maioria já tenha sido publicada antes, algumas são inéditas (pelo menos em livros). Eu vi alguns episódios e achei interessante comparar como o texto foi expandido (como de costume, as crônicas de Luis Fernando Verissimo são pequenos episódios, rápidos) para ter duração de quase 30 minutos na telinha. Eu gosto da temática de relacionamentos amorosos, que sempre dá pano para manga para o humor. O livro é curto e um entretenimento fácil. Vale a pena para comprar em promoção (como eu fiz, livro digital para kindle). 

4 de setembro de 2015

Todos nós adorávamos caubóis

Editora Companhia das Letras - Capa Elisa Von Randow

Carol Bensimon é uma jovem autora brasileira que vale a pena ler - gostei dos dois livros que li dela, esse "Todos nós adorávamos caubóis" e "Sinuca embaixo d'água". Nascida no Rio Grande do Sul, ela também retratou esse livro de "road trip" (viagem de estrada) no interior do estado. Achei interessante quando fiquei sabendo que o livro era sobre isso, porque associamos road trips aos Estados Unidos e não ao nosso humilde país. Claro que o clima da viagem é outro (a começar por uma estrutura totalmente diferente em estradas e paradas), mas gostei dessa mudança de paradigma.

A história é sobre duas garotas, amigas de juventude, que resolvem fazer a tão sonhada viagem de carro depois de ficarem um tempo separadas e sem muito contato (uma delas até mudou para fora do país). É difícil eu comentar mais sem dar spoiler, mas a história surpreende, sendo atual sem apelar, e eu acho que é a literatura mudando com o mundo, a gente concordando ou não com as mudanças.