25 de agosto de 2020

A Morte de Ivan Ilitch

 

Editora L&PM Pocket 

Leon Tolstoi é um gênio.

Não é preciso ler as centenas de páginas de Guerra e Paz para ver isso, basta ler esse pequeno livrinho chamado A Morte de Ivan Ilitch, e ver a profundidade e complexidade humanda que o Tolstoi traz para a literatura.

Está ali o doente na proximidade da morte sem saber lidar com sua finitude. Está ali a esposa preocupada com a burocracia da morte. Está ali a filha mais preocupada com a vida a ser vivida.

É uma obra de arte que nos inquieta e nos pergunta: como é viver na iminência da morte, nossa ou do outro? 

Não há respostas fáceis.


9 de agosto de 2020

O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam

 

Editora Record

Vocês não concordam que livros com títulos longos são uma ousadia por si só? É claramente uma declaração do autor que aí vem algo fora do comum - para o bem ou para o mal - mas acredito que na maioria das vezes para o bem. (Afinal, autores de obras mais ou menos irão tentar títulos o mais comerciais possíveis).

Agora, no caso desse livro de Evandro Affonso Ferreira, ganhador do prêmio Jabuti, sabemos que a ousadia é bem fundamentada. "O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam" nos leva para o mundo dos moradores de rua, ouvindo o tal personagem principal falar sobre sua vida, sua expectativa da volta da amada, seus companheiros e tudo o que ele vê ali. Tão tangível pelas palavras da obra, que é possível quase ver, ouvir, cheirar, sentir tudo o que está acontecendo (principalmente se você conhece um pouco dos arredores da Santa Casa em São Paulo, que é onde a história se passa).

Esse livro faz parte do programa do unlimited - no qual se encontram mais livros comerciais do que literatura contemporânea por assim se dizer - mas vejam só, é possível.


2 de agosto de 2020

O Fim da História

 

Editora José Olympio

Em "O Fim da História", acompanhamos o relato em primeira pessoa de romance que a personagem teve anos atrás, que durou pouco e a deixou arrasada. A escrita da história não é linear, e a personagem já comenta o fato de que a sua própria organização das memórias já modifica o que aconteceu, e a sua situação atual (muitos anos depois, em um relacionamento estável, geograficamente distante) também interfere no que ela está contando.

Então, a graça da história não é o que aconteceu mas como está sendo relatado e revivido pela narradora. É o tipo de personagem que dá vontade de entrar em diálogo, e questionar suas decisões de vida, aquela amiga que precisa de uma intervenção urgente, hahaha. 

Lydia Davis aparenta ser uma mestre em narração e alma feminina... Com certeza gostaria de ler outros livros dela.