31 de outubro de 2018

A Estrela mais Brilhante do Céu

Editora Bertrand Brasil - Capa Carolina Vaz

Marian Keyes nunca decepciona, gente.

No livro "A Estrela mais Brilhante do Céu", o ponto de partida é um personagem - espírito? força? energia? - que observa os moradores de um prédio, de uma forma quase onisciente, conseguindo não só ver o que eles fazem assim como também o que eles estão pensando, e uns vislumbres de passado e futuro. Esse personagem indica que tem um prazo a cumprir, uma decisão a fazer, e a medida em que as tramas dos personagens se desenrolam, também vamos entendendo um pouco mais desse personagem misterioso (mas ele faz parte do gran finale mesmo!).

Eu li esse livro de mais de 500 páginas em 3 dias, porque não dá para parar de ler. É muito envolvente, ir conhecendo as pessoas que parecem reais, seus relacionamentos e seus dramas. Marian Keyes sempre traz um tema pesado a baila, e esse livro não é diferente, mas ele não tinge de preto todo o livro, embora seja sensível e relevante.

É muito difícil Marian Keyes em promoção, mas podem gastar a mais, sempre vale a pena.


28 de outubro de 2018

Olive Kitteridge

Editora Simon & Schuster

Olive Kitteridge ganhou o Pulitzer em 2009 e já é uma série da HBO, que eu não assisti, mas adorei o livro. São vários contos que circulam em torno de um longo período de tempo, cada um focando em uma pessoa dessa cidadezinha no interior dos Estados Unidos, mas principalmente a personagem título.

Uma amiga não gostou desse livro, achou chato mesmo, mas ele focar o cotidiano, o trivial, personagens mais velhos - nada de muita ação ou grandes romances por aqui, faça dessa obra de Elizabeth Strout pouco atrativa.

No entanto, eu amei os dramas humanos, principalmente os ligados ao envelhecimento. De certa forma, já me sinto na 2a metade da vida, e esse livro me fez pensar muito sobre o que eu espero que aconteça no futuro. Sinto que, às vezes, os nossos planos de adolescência se resumem a se formar numa profissão, casar, ter filhos (esses grandes eventos) e pouco pensamos sobre o que vai ser o dia a dia depois dessas metas serem concluídas.

Reitero como é muito satisfatório ler livros bons, e o Pulitzer tem se mostrado um selo muito bom de qualidade.




12 de outubro de 2018

Outros Jeitos de Usar a Boca

Editora Planeta - Capa Victor Igual, S.L.

Um livro de poesia! Algo que é raro nas minhas listas de leitura - não é que eu não goste de poesia, mas ler um livro inteiro de poesia de uma vez só, não me empolga muito. Eu gosto de ler uma ou outra aqui e ali - ou melhor, eu adoro ouvir poesias lidas pelo Fábio Malavoglia, de segunda a sexta, por volta de 9h25, na rádio Cultura FM. Ele dá o contexto do autor, do poema, e lê maravilhosamente (ele também é o tradutor de vários poemas).

Voltando ao assunto do post, foi fácil ler "Outros jeitos de usar a boca", são poemas curtos, então o livro todo não me custou 1h, para ler de uma sentada só. A autora, Rupi Kaur, é jovem, e publicou muito dos seus poemas no instagram, então eles são breves, diretos, com temas jovens - auto-afirmação, romance, separação, sexo, abuso (não necessariamente nessa ordem). São fortes, intensos, poéticos. 

Eu consegui entender como ela se alinha com a cabeça de muitas mulheres por aí, que devem se identificar com os assuntos ou o formato, mas acredito que o público é realmente mais jovem do que eu. Vale a leitura - está no kindle unlimited. 



6 de outubro de 2018

Serena

Editora Companhia das Letras
Ian McEwan não me decepciona. Eu li que "Serena" não é dos seus melhores livros, que tem gente que não gostou, mas eu gostei sim. É uma prosa gostosa, uma história interessante - que brinca com o tema espionagem e interferência cultural, algo meio teoria da conspiração (no sentido de que a gente acha que fazem isso mesmo), mas que é um romance - há um relacionamento no centro da história.

A história se passa há décadas atrás, pós II Guerra, e fala do papel da literatura, pelo potencial de influenciar uma sociedade a tomar uma decisão ou outra, a ir num caminho ou outro. Agora na era da comunicação rápida, vejo isso ocorrer de maneira muito mais danosa ao se propagar notícias falsas e análises sem profundidade de maneira tão corriqueira e afetar uma eleição em nosso país.

Acredito que o papel da literatura - e principalmente da literatura na sala de aula, como forma de aprender interpretação de texto, análise, pensamento crítico - torna-se cada vez mais importante e essencial. Mas para algumas pessoas, isso já foi tarde demais.