25 de março de 2014

1Q84

Editora Vintage International - Capa Chip Kidd

Se alguém quiser liberdade criativa total, é só escrever sobre um mundo que não existe. Cria-se um mundo, e ali é possível ditar as regras, as leis da natureza, a história prévia (vide Guerra dos Tronos). Desafio mesmo é trazer a fantasia, o fantástico, para dentro desse mundo e misturar uma sensação de estranhamento e verossimilhança.

Haruki Murakami faz isso com o tijolinho que é 1Q84 - a história de Aomame e Tengo numa outra dimensão, vamos colocar dessa forma, em um mundo que tem duas luas e alguns seres não tão humanos assim. Assim, a personagem principal - que se vê nesse mundo sutilmente distorcido - coloca uma indagação no ano em que se encontra - 1?84 ou 1questão84 ou 1Q84. 

E sim, a história se passa no Japão em 1984, claramente dialogando com 1984 de George Orwell (a origem do BBB, lembrem-se!). Gostei de voltar no tempo e ir para um lugar completamente diferente - são 30 anos atrás, mas como o mundo mudou!

O livro é envolvente, mas não é daqueles que não dá para largar (vide que eu demorei 2 meses, com outras leituras e outros afazeres para termina-lo). Como estamos falando de mais de 1100 páginas (no Brasil, foi publicado em 3 volumes), é para quem está disposto mesmo.

4 de março de 2014

Meu Coração de Pedra-pomes

Editora Companhia das Letras - Capa Elisa Von Randow

Um livro cujo título é Meu Coração de Pedra-pomes não nasce para ser convencional. Mas esse é tão fora do comum, que incomoda e impressiona ao mesmo tempo. O estilo também é tão peculiar, que eu fiquei pensando se a Juliana Frank realmente inventou a Lawanda - personagem principal - com todo seu jeito louco de ser e pensar, ou se parte é ela mesmo. Em outras palavras, não consegui diferenciar bem o que é o estilo da autora e o que é a personagem...

Lawanda é encarregada de limpeza de um hospital, mas faz servicinhos para os pacientes depois das 23h (tipo levar no show do Wando), mora numa pensão, coleciona borboletas (mortas) e besouros (vivos), e prepara umas macumbas para o amante se separar da mulher. O livro tem um toque de humor e horror, e eu diria censura 18 anos (Lawanda tem 19, Juliana ainda não fez 30), então não é recomendado para os mais pudicos, além da história já ser bem estranha em si.

De qualquer forma, é muito bom ver a literatura contemporânea brasileira efervescendo por aí, trazendo originalidade l para as prateleiras de nossas livrarias.