28 de março de 2015

"If I Stay" e "Where She Went"


Editora Speak

Acredito que a relativa popularidade do livro "Se eu ficar" (If I stay) de Gayle Forman vem do lançamento do filme baseado na obra no ano passado, já que o livro é de 2009, e já tem a continuação "Para onde ela foi" (Where she went). Eu li os dois rapidinho, a leitura flui e é interessante - principalmente o primeiro livro. Nele, acompanhamos Mia, que sofreu um acidente de carro com a família e vai ter que decidir se fica ou se vai, enquanto repensa a sua vida (longa vida, aos 17 anos). Um ponto legal é que ela é a "ovelha negra" de uma família de roqueiros, ela toca violoncelo e curte música clássica ao invés do rock dos pais (o pai tinha até banda). 

Na continuação (há spoiler maior de um livro com esse nome do que uma continuação, prezados leitores?), o ponto de vista muda, acompanhamos o namorado de Mia, que também é um tipo de roqueiro (emo, punk, uma dessas variações, não me atentei ao detalhe). Eu particularmente achei esse mais chato - ele é muito cheio de mi mi mi, mas vale a pena ler para ver o que acontece mesmo.

A autora Gayle Forman parece gostar muito de criar histórias com um dilema central crítico E depois destruir o suspense ao fazer uma continuação (e aí, prezados leitores, só de fuçar nas descrições das obras você já descobre o final do anterior). Bom, se você acha que o que importa é a jornada e não a chegada, tudo bem. Eu não me empolguei tanto para ler outros livros dela, embora ela pareça dominar bem o estilo de young adult - talvez seja eu que já passei da idade.

23 de março de 2015

Toda Poesia

Editora Companhia das Letras - Capa Elisa von Randow

Eu não gosto muito de ler livro de poesia. Eu gosto de poesia, mas não consigo ler um livro de poesia como leria um livro de prosa, de uma vez só. Então vou lendo em conta-gotas, quando o humor casa. Esse livro do Paulo Leminski, Toda Poesia (muito bem editado e diagramado), ficou no meu criado mudo por meses e há várias páginas marcadas dos poemas que eu mais gostei, e vou compartilhar com vocês aqui.

das coisas
que eu fiz a metro
todos saberão
quantos quiômetros
são

aquelas
em centímetros
sentimentos mínimos
ímpetos infinitos
não?

****

amor bastante

quando eu vi você
tive uma ideia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante

basta um instante
e você tem amor bastante

****

     um bom poema
leva anos
     cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
     seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
    sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
    três mudando de cidade,
dez trocando de assuntos,
    uma eternidade, eu e você,
caminhando junto

19 de março de 2015

Blue Smoke

Editora Jove Books
E aí que a gente estava viajando pelo interior da Califórnia, quase ficamos sem combustível e depois de ser levado a alguns lugares errados pelo GPS, chegamos a um posto! Alívio e alegria. Na lojinha, onde explicamos que não foi a Olimpíada no Brasil e sim a Copa do Mundo, encontrei alguns livros usados por uma pechincha, incluindo "Blue Smoke", da Nora Roberts, por 2 dólares.

Nessa história, acompanhamos Reena (um apelido inusitado do ponto de vista brasileiro para Catarina), que testemunha um incêndio na pizzaria da família quando é criança, e isso define o rumo da sua vida de mais maneiras do que ela pode imaginar, além de se tornar investigadora policial em casos de incêndios. Confesso que esperava um romance mais menininha, mas quando morreu uma pessoa lá pela página 100 e ainda tinha 300 pela frente, senti que ia ser mais tragédia do que comédia, ou melhor, romance (e sim, eu leio o livro sem me importar em ver a sinopse).

O livro é um suspense longo, não só pela quantidade de páginas, mas por durar praticamente 20 anos da vida das personagens. É interessante também tudo o que fala sobre incêndios criminosos - até por aparentar ser bem comum nos Estados Unidos, aqui eu não sei.



13 de março de 2015

A felicidade é fácil

Editora Record - Capa Leonardo Iaccarino

É interessante ler romances modernos brasileiros, porque conhecemos o cenário, as circunstâncias, a história fica mais próxima e real. O livro "A felicidade é fácil", de Edney Silvestre, gira em torno do sequestro do filho de um publicitário, envolvido num esquema de corrupção, na época do governo Collor.

Embora algumas referências sejam bem claras (como o nome do Collor), outras são um pouco mais veladas - algo do tipo: "a cor da fita era do tom azul daquela loja para cuja vitrine a personagem no filme olhava enquanto tomava café" - uma frase muito longa, para brincar um pouco com as referências culturais e políticas do leitor, um recurso que eu considerei meio cansativo.

Fora isso, o livro é bom e a trama é boa, dá para ler rapidinho, em um ou dois dias, para relembrar um passado bem recente.


11 de março de 2015

Little Women

Domínio Público
Nostálgica do filme "Adoráveis Mulheres", que eu lembro de ter gostado muito na adolescência, peguei "Mulherzinhas" ou "Little Women" para ler no kindle (de graça, eles explicam que a versão virtual foi feita a partir de edições físicas por voluntários). Essa edição é completa, pois inclui a continuação feita por Louisa May Alcott, "Good Wives" / "Boas Esposas" alguns anos depois do sucesso da primeira parte da história.

A história se passa no século XIX, e as mulherzinhas são 4 irmãs de uma família de certo nível social, mas sem muitos recursos, e protestante, nos Estados Unidos. A inocência e a simplicidade delas são dignas de nota, e para nós, mulheres modernas, é quase irritante. Engraçado que eu não sinto isso com os livros da Jane Austen, então acho que as personagens desse livro são levemente pedantes.

Pesquisando na internet, vi que há mais dois livros com os mesmos personagens: "Little Men" (Homenzinhos) e "Jo's Boys" (Meninos da Jo), mas eu realmente vou dar um intervalo para essa autora - de período indefinido (e talvez reassistir o filme para ver as diferenças - embora eu sempre visse as atrizes nas cenas durante a leitura, principalmente a Winona Ryder).


9 de março de 2015

Amor Líquido - sobre a fragilidade dos laços humanos

Editora Zahar - Capa Sérgio Campante

Eu me interesso muito sobre relacionamentos humanos, principalmente os amorosos, por isso fiquei curiosa para ler esse livro de Zygmunt Bauman, um sociólogo polonês que, depois de descrever a sociedade atual como "líquida", escreveu o livro "Amor Líquido - sobre a fragilidade dos laços humanos".

Ao contrário das minhas expectativas, o autor não fala só sobre relacionamentos amorosos, mas de relacionamentos em geral, o que inclui por exemplo a relação entre refugiados e os cidadãos dos países que os recebem.

Para quem gosta de sociologia, é uma leitura interessante pela análise abrangente, principalmente considerando a questão dos relacionamentos virtuais e o comportamento das pessoas nas redes sociais (mas não algo muito extensivo). 

O único ponto que eu achei um pouco viagem do autor é do que ele fala sobre as separações entre as pessoas de classes sociais diferentes, que as pessoas "mais ricas" querem se sentir parte de grupos exclusivos, então criam muros e redes de segurança em volta de si mesmas para se manterem afastados das pessoas "mais pobres", como se a questão da violência urbana não existisse e fosse uma ameaça real a propriedade de pessoas muito ricas, ricas, e nem tão ricas assim (e Bauman cita especificamente São Paulo nesse capítulo).