20 de novembro de 2018

Breve História de 7 Assassinatos

Editora Intrínseca
O livro de James chama-se "Breve história de sete assassinatos", mas de breve não tem nada - são quase 800 páginas - uma longa jornada de leitura. Eu achei interessante o começo: quem estava narrando a história era um morto, me deu aquela sensação de Brás Cubas. Mas os personagens vão se alternando como narradores dos capítulos, ou personagens brevemente principais, e a história fica bem confusa. Além de violenta.

Muito violenta. O livro se passa na Jamaica, na época de Bob Marley (citado sempre como "O Cantor"), e retrata as comunidades, as gangues, as disputas de poder do submundo. Então é muita violência, muito palavreado xulo, muita construção de frase que eu acho difícil de seguir. Claro que isso é mérito do autor: trazer para a grande literatura (e ganhar o Man Booker Prize) um relato sobre a periferia de um país de 3o mundo, mas não é confortável de ler.

Nada confortável. Então eu pensei em desistir, demorei algumas semanas, insisti novamente de pura curiosidade para ver aonde estava indo. Gostei da personagem Nina e de sua posição na história e de toda sua trajetória (o livro dá um salto no tempo, então mesmo no tempo da história não é nada breve). Achei interessante ver esse outro lado da vida - e fiquei pensando se a história numa favela do Rio não seria parecida.

Parecida, mas diferente em muitos aspectos. Acredito que vale a leitura caso você se interesse por uma cultura diferente no espaço e no tempo, uma trama urbana, uma literatura experimental (e foi classificado exatamente assim pelo pessoal do prêmio), mas é um livro a se conquistar com labuta, e não facilidade.

14 de novembro de 2018

Na Dor e na Alegria

Editora Cultura Cristã - Capa Ideia Dois Design

Eu gosto de ler livros sobre casamentos - afinal, não é nada trivial uma empreitada em que se pretende passar décadas.

"Na dor e na alegria" já se mostra interessante por ter sido escrito por um casal, Jim e Sally Conway, que nós vamos descobrindo ter vários anos de casados e vários anos de aconselhamento a outros casais, como pastor e líderes da igreja. O livro foi escrito na década de 90, e realmente não sofre os efeitos do tempo: "as características de um casamento duradouro", como diz o subtítulo, parecem continuar as mesmas.

Eles são bem diretos para apontar dedos para atitudes erradas típicas de um e de outro lado da relação, mas também mostram o caminho para entender quem pode ser essencialmente diferente de você. Diante de qualquer crise, vale a máxima: o que você pode fazer para mudar e melhorar essa situação? E não esperar que o outro magicamente fique melhor.

Em vários pontos do livro, eles se referem a uma pesquisa que fizeram com centenas de casais, separando as respostas de "casais felizes" e "casais em crise", então dá para diferenciar o que um tem e por isso deve estar relacionado com o sucesso do casamento e o que faltou para o outro.

Como spoiler especial, a característica mais importante que eles consideram como preditivo de um bom casamento é o compromisso. (Vocês realmente não pensaram que era o amor, né?) Trata-se da decisão de ficar junto, comprometer-se com a outra pessoa, não importa a situação ou circunstância, na dor ou na alegria, na riqueza ou na pobreza, no stress ou nas férias.

Esse livro vale a leitura como momento de reciclagem para os casais casados há algum tempo, estejam passando por calmarias ou mares revoltos.

9 de novembro de 2018

O Amor segundo Buenos Aires

Editora Intrínseca - Capa Cláudia Warrak

Eu adorei esse livro do Fernando Scheller, a começar pela forma inusitada de narração. A cada capítulo, um personagem descreve outro, um amigo, o que acha dele, sua interação com essa outra pessoa. A partir daí, vamos entendendo cada um deles, de uma perspectiva de seus relacionamentos. O foco é realmente isso: relações que começam, que terminam, que se renovam - e não necessariamente amorosas, temos as relações de amigos também.

"O Amor segundo Buenos Aires" é sensível e romântico, e daria um filme, digno de seus personagens carismáticos. Aliás, a maioria deles é brasileiro vivendo lá, e junto com outros estrangeiros que passam por lá, temos um bom panorama de quem mora fora do seu país natal.

Por fim, Buenos Aires. A cidade está presente, onipresente, e, de certa forma, também se manifesta.

Um livrão de amor.

6 de novembro de 2018

The 7 habits of Highly Effective People

Editora RosettaBooks - Capa Alexia Garaventa

Para mim, "Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes" era um clássico da auto-ajuda do século passado. Interessante, mas não diferente de qualquer livro sobre o tópico voltado para o trabalho e a carreira. No entanto, eu realmente me surpreendi.

O autor Stephen R. Covey deixa claro que o livro foi feito após muita pesquisa e muita prática de consultoria. Ele repete reiteradas vezes que não está inventando estratégias ou hábitos, mas está compilando o que ele vê que funciona - e muita coisa não parece original mesmo, que eu já vi em treinamentos, palestras ou outros livros mais recentes que esse. Também não se trata de algo limitado ao trabalho, ou como se comportar relativo ao seu trabalho, é uma mudança pessoal que pode afetar todas as áreas da sua vida.

É realmente uma proposta de mudança profunda, bem fundamentada e coerente para cada pessoa, que obviamente não é fácil. Nessa edição especial de 25 anos, há uma entrevista com o autor um pouco antes do seu falecimento em que ele diz que ainda, todos os dias, tenta dominar os 7 hábitos, principalmente aqueles que são mais difíceis para ele - e que isso depende de pessoa para pessoa. Mesmo se parecer uma empreitada muito complicada, há dicas valiosas no livro, que podem ser usadas independente de seguir todos os 7 hábitos.

Eu terminei a leitura muito impactada pelo conteúdo e consegui fazer algumas mudanças na vida. Gostaria de fazer outras, claro, mas tudo tem seu tempo certo...




3 de novembro de 2018

As Vinhas da Ira

Editora Record - Capa Victor Burton

Eu comecei a ler As Vinhas da Ira, e parei. Achei descritivo demais, e não me parecia o momento. Voltei a ele por determinação de atingir a meta de leitura dos livros mais queridos da pesquisa da BBC - e como valeu a pena!

O livro é incrível, forte, impressionante.

Apresenta um momento histórico dos Estados Unidos que eu não conhecia: a migração humana dos camponeses substituídos por máquinas no centro-sul, para a colheita das frutas na Califórnia. É algo como uma desgraça social tão grande, tão revoltante, que não é possível ficar passivo. O drama humano foi tão belamente retratado por John Steinbeck, que solidarizar-se mesmo com personagens sem nomes (tem a vó, o vô) é compulsivo.

Falando assim, parece um pouco com Vidas Secas, mas o estilo dos autores é diferente e no livro do Steinbeck mais coisas acontecem - há também o choque da chegada ao lugar a que eles se dirigiam.

Esse livro deve ser leitura obrigatória nos Estados Unidos, por ser um clássico, e aqui também o poderia ser. Ele está disponível no kindle unlimited!