27 de outubro de 2010

The Last Song

"A última música" é um livro desses bem açucarados, muito gostosos e rápidos de ler. Ele também é um filme da Miley Cirus que, para variar, eu não assisti. O autor, Nicholas Sparks, é especialista em escrever livros que vão (ou para?) virar filmes: "Um amor para recordar", "Diário da nossa paixão", "Uma carta de amor", "Querido Jonh" entre outros que (ainda) não viraram filmes. Se você já assistiu algum desses, pode imaginar a quantidade de romance que se pode esperar num livro dele.
Essa é a história de Ronnie, que mora com a mãe em Nova York, e aos 17 anos, final do colegial, é levada junto com o irmão caçula para passar as férias de verão com o pai numa cidade litôranea minúscula. Aí o história vai sobre a relação dela com o pai, os problemas de adolescente revoltadinha, o que fazer com a vida, e, claro, chega na paixão com um local, que precisa se provar se "sobe a serra" ou não, como dizem por aqui... Mas como nada vem de graça, tem um fator surpresa no livro muito importante, que eu não vou contar, claro, mas cuidado ao ler em público - ainda bem que eu já estava em casa quando comecei a chorar...
Eu estava com muita vontade de ler livros desse autor, e o meu marido me deu de presente - 9 anos e meio de namoro mês que vem. E eu posso dizer que ao ler o livro, e ver descrito ali um garoto dos sonhos, eu pude ficar feliz porque eu encontrei meu príncipe encantado (3 anos de casamento hoje)... E ele ainda não virou sapo, hahahahaha.
Mas é claro que ninguém é perfeito como os livros-para-garotas querem provar. Não adianta se iludir, pensando que a vida vai ser um conto de fadas, por mais que a gente case com o príncipe, e ele lhe trate como princesa, a vida real dá mais trabalho (pensando na Tati). Mas é muito mais gostosa por isso. É real.
E eu acredito no viver felizes para sempre, Deus está abençoando demais o nosso relacionamento, isso eu posso sentir. Para quem duvida, daqui a uns trocentos anos, eu confirmo para vocês!

24 de outubro de 2010

A montanha e o rio


Esse é o terceiro livro chinês que eu leio - os outros foram As boas mulheres da china e Cisnes Selvagens. Mas esse é o 1o escrito por um homem. E o primeiro de ficção. A diferença é grande, assim como a diferença entre homem e mulher na China é enorme.
Ler um livro sobre a China, é mergulhar num universo totalmente diferente do nosso mundo ocidental, religião, política, trabalho, liberdade. Ainda são homens e mulheres, os sentimentos são os mesmos, mas a realidade é toda outra. Os dois livros que eu li antes, são emocioanantes, relato da história e do cotidiano de um outro povo, do ponto de vista feminino, sofredor, real. Esse também é assim, mas o foco está em 2 homens, o que eu acho que muda tudo.
Na contra-capa você fica sabendo que a há uma mulher na história, divida entre dois amores: Shento e Tan, dois irmãos - "um morreria por mim e outro não viveria sem mim". Dramático demais. Assim como o livro - tudo é demais. Os homens são bons demais. Corajosos demais. Inteligente demais. A nossa heroína também não é lá muito comum - órfã, abandonada, numa vida difícil, mas sempre "muito" também - estudiosa, inteligente, esperta, batalhadora. As desgraças e retomadas são demais também. Os personagens vão da miséria total para o absoluto poder e vice-versa.
Acontece que o livro é interessante, por contar um pouco do cenário histórico da China (décadas de 60 a 80), mas achei tudo forçado demais. E se é para forçar a verossimilhança, que seja para ter um romance bem bonito, daqueles de chorar. Pareceu-me que a mulher estava ali só para criar mais uma tensão entre os dois personagens masculinos, a história era deles (se não bastasse um ser filho legítimo e outro o bastardo abandonado, que pegam raiva um do outro por n motivos).
Ah, algo que eu gosto na cultura chinesa  é como eles trocam (ou trocavam?) de nomes. Uma criança chamava Ming - que queria dizer luz, brilhante, e em determinado momento resolvem chamar (apelidar?) de Tai Ping, ou o oceano Pacífico. Gosto que os nomes tenham significado, por mais estranho que isso possa parecer...
Agora a dona do livro - minha amiga de pais chineses - Debô (ou a gata) pode dizer o que ela achou...

20 de outubro de 2010

O Sagrado

Nilton Bonder é um rabino brasileiro muito diferente para a própria comunidade judaica, segundo meu amigo judeu. Ele pensa diferente a religião e age diferente também. Para vocês terem uma ideia, na sinagoga dele, no Rio de Janeiro, a mulher tem o mesmo valor que o homem - o que é diferente do que é pregado pela tradição.
Minha amiga Ania leu A Alma Imoral dele também e gostou muito - seu pai se encantou tanto pelo autor, que comprou praticamente tudo que ele já publicou e esse é o primeiro livro que eles me emprestam do Nilton para ler.
O Sagrado é uma resposta ao Segredo, epidemia que atingiu o mundo a um tempo atrás falando da lei da atração - se você quer muito, o Universo vai lhe dar. O rabino se baseia tanto na Bíblia (só antigo testamento, claro) como na tradição judaica para responder a isso - que a lei da atração não funciona, afinal que teoria mais fácil que vem com uma justificativa para falha na ponta da língua: ah, não deu certo? É culpa sua que não quis o suficiente.
O autor fala da dimensão do Sagrado - que quer dizer "separado" - como fonte da benção, algo que independe da nossa vontade, vem de Deus. Por isso que a lei da atração não funciona.
O livro é curto e bem interessante, eu concordo com alguns pensamentos do autor, mas tem algumas partes que não são fáceis de entender, principalmente para mim que estou tão dentro do modo de pensar cristão. Aos meus amigos engenheiros, matemáticos e físicos (o rabino também é eng. mecânico, diga-se de passagem), eu me senti navegando num espaço vetorial sem saber quais eram as operações definidas para ele. Vou precisar ler mais livros do rabino para compreender melhor os conceitos em que se baseiam sua filosofia. Mas faço isso com boa vontade - é muito bom conhecer quem não pensa como a gente.

17 de outubro de 2010

Quando termina é porque acabou

Eu não gosto muito de livro de auto ajuda, mas posso dizer que esse autor é diferente - Greg Behrendt também escreveu "Ele simplesmente não está a fim de você", que eu também já li e achei o máximo.
Porque mulher tem um cérebro complicado e complica tudo mesmo. E quando está apaixonada? Aí que viaja mesmo! Vê coisas que não existe. Delírio. Então o "Ele simplesmente não está a fim de você" - é assim simples mesmo, para fazer o pé voltar ao chão. E o filme é ótimo também.
Se o primeiro livro é mais sobre começo de relacionamento, esse é do final - para aquelas pessoas (ou melhor, mais especificamente mulheres) que estão num relacionamento fracassado se agarrando a ele como a destroço de naufrágio, ou para aquelas que foram chutadas e estão na maior fossa. (O título em inglês é bem melhor: It's called break up because it's broken).
Com muito bom humor, dicas de auto estima, e historinhas deles mesmo e de outras pessoas, os autores (o Greg e sua esposa) vão construindo um programa de recuperação da fossa, que começa, por exemplo, com 60 dias sem falar ou mandar mensagem ou mandar email para a pessoa amada que não vai voltar.
Eu gostei muito de ler esse livro (e fico imaginando o que as pessoas no trem estavam pensando de mim, ali, com uma aliança de casamento, lendo esse livro: "coitada, está em processo de negação"). Eu também gostaria de dizer que a minha amiga que comprou esse livro para se auto-ajudar mesmo só teve benefícios e conseguiu se livrar da paixão pelo carinha que a fez sofrer - mas não posso. Ela tentou, não conseguiu, e eles estão juntos de novo - talvez não tivesse terminado, quebrado e despedaçado mesmo. Ou talvez ela seja muito talentosa mesmo em recuperação de patrimônio pós-terremoto. Agora, a nós, as amigas, só nos resta torcer para que não quebre de novo.
Mesmo assim, prefiro acreditar que esse livro pode ajudar alguém a se recuperar mesmo, ou a alguma amiga a ser o apoio necessário para quem precisar. E se isso não acontecer, eu garanto uma diversão rápida e gostosa - pelo menos para rir das desgraças alheias!

12 de outubro de 2010

Desventuras em série

Editora Cia das Letras

Em homenagem ao Dia das Crianças, vou falar sobre uma das minhas séries favoritas de livros infanto-juvenis: Desventuras em Série. Talvez você já tenha visto o filme, que é na verdade um apanhado geral dos 3 primeiros livros, e conhece os órfãos Baudelaire: Violet, Klaus e Sunny, cujos pais morreram num incêndio e tem seus destinos cruzados por Conde Olaf, o vilão de 1a categoria da história.
Aí vão os vários motivos que eu gostei tanto desses livros:

- Violet tem talentos mecânicos, quer ser engenheira mecânica quando crescer - eu sou engenheira mecânica (sem muitos talentos mecânicos é verdade).
- Klaus adora ler, e lê tudo o que vê pela frente (muito parecido comigo!)
- Sunny é só um bebê e adora morder coisas (qq coisa). (Nope, nada parecida comigo.)
- Num mundo em que crianças e adolescentes são quase super poderosos (livros e filmes em gerais), você não fica surpreso quando eles conseguem criar geringonças, lembrar de informações aleatórias lidas no passado e sair de enrascadas fenomenais. Agora, um bebê que não só cozinha, mas faz alta gastronomia não deixa de ser extremamente irônico.
- Como a Sunny não sabe falar, ela balbucia coisas e os irmãos interpretam, e geralmente são pensamentos bem elaborados - fico imaginando se não é isso que muita mãe faz com criança por aí!
- O narrador é um personagem, Lemony Snicket, que acompanha a trajetória desafortunada das crianças. Ele também é muito irônico, e tenta convencê-lo a qualquer custo a parar de ler o livro e ir fazer algo melhor. "Eu prometi escrever essa história até o fim, mas você não tem obrigação de lê-la."
- Embora sejam livros infantis, o autor não tem medo de uma linguagem elaborada e com palavras difícies - um dos livros se chama o Elevador Ersatz - que é uma palavra que existe no Aurélio e não um nome próprio. O mais legal é vê-lo explicar as palavras, com um "ou seja", e não dar sinônimos mas relacionar com a situação da história. É a forma mais simples de expandir o vocabulário, não? Veja alguns exemplos aqui.
- Os títulos em inglês são ótimos, duas palavras que começam com a mesma letra,  mas é claro que zuaram isso na tradução aqui no Brasil:
The Bad Beginning = Mau Começo
The Reptile Room = A Sala dos Répteis
The Wide Window = O Lago das Sanguessugas
The Miserable Mill = Serraria Baixo-Astral
The Austere Academy =  Inferno no Colégio Interno (podia ser A Academia Austera)
The Ersatz Elevator = O Elevador Ersatz
The Vile Village = A Cidade Sinistra dos Corvos (Aqui, eles até disseram no 6o livro que seria O Vilarejo Vil, mas resolveram mudar porque C.S.C é algo importante na história)
The Hostile Hospital = O Hospital Hostil
The Carnivorous Carnival = O Espetáculo Carnívoro
The Slippery Slope =  O Escorregador de Gelo
The Grim Grotto = A Gruta Gorgônea
The Penultimate Peril = O Penúltimo Perigo
The End = O Fim (simples, né?)

- O fim é ótimo e totalmente coerente com a história - eu gostei muito. 13 livros depois + 2 extras (Autobiografia não autorizada e Cartas de Beatriz - que não tem no Brasil, mas o meu marido trouxe da Inglaterra para mim), poderia ser muito decepcionante, mas não foi. A medida que os livros passam, embora seja um tempo bem curto (Semanas), os conceitos tratados ficam mais complexos - e O fim é sobre a vida em geral.
Muitos amigos meus começaram a ler a série, mas desistiram, uma pena. Palmas para a Debô que foi comigo até o final! E se outros corajosos estiverem a fim, os livros estão disponíveis!

9 de outubro de 2010

Last Chance Saloon

Em português, os nomes dos livros da Marian Keyes são bem mais chatos: este, algo como o Salão da última chance, virou um É Agora... ou nunca, o que realmente não é a mesma coisa como pode parecer.
Trata de 3 amigos irlandeses em londres: Katherine, Tara e Fintan, aos 30 anos de idade, cada um enfrentando um desafio particular.
Tara é a desesperada, acha que está ficando velha, não tem mais tempo para arranjar um marido, então se mantém num relacionamento horroroso só para não ficar sozinha ou achar alguém que preste. Dá muita raiva como alguém pode ser tão auto-destrutivo! E eu sei que tem muita gente por aí que é a Tara da vida real. Como diria a Ania, 35 anos é uma idade ótima para se casar! Por que a pressa?
Katherine é a personagem que eu mais gostei. Com um trauma no passado, ela prefere não se envolver com os caras, manter uma aura enigmática, se fazer de durona, que não chora.
Fintan é bem sucedido, bonito, tem um relacionamento estável com um italiano (sim, é gay), até o diagnóstico surpreendente de câncer. Todo mundo acha que ele tem AIDS, é o maior preconceito. O fato de ele ir para o hospital, fazer quimio e tal, deixa as duas outras amigas a pensarem na vida completamente de outra forma.
Eu gosto da Marian porque ela um livro que se aproxima muito da nossa realidade, dá para ver conhecidos em situações parecidas. É realmente a chicklit moderna, vai falar de consumismo, dieta, romance, paixão com gente comum - Katherine é contadora, Tara é programadora (olha! primeira vez que eu vejo um livro com uma mulher que escreve software!). E tudo de maneira muito engraçada. Mas, aviso aos incautos, às vezes lembra bem aqueles romances de banca...
Esse livro quem me emprestou foi a Tati, que é a minha amiga digna de virar personagem desse tipo de livro!

7 de outubro de 2010

Nobel 2010 - Mario Vargas Llosa

Hoje o Mario Vargas Llosa ganhou o prêmio Nobel de Literatura - e eu posso ficar feliz porque é o 1o ganhador que eu já tinha lido antes de ele ganhar o prêmio! (Acabei de conferir na wikipedia: de cerca de 100 ganhadores, eu já li 11.) E isso graças a minha mãe, que gosta e tem livros dele.

Eu acho ele mais sério do que o Gabriel Garcia Marquez, não tem todo aquele realismo fantástico, mas são parecidos nos cenários, na cultura.


Um dos livros que eu recomendo dele é A Guerra do Fim do Mundo, que é sobre a Guerra de Canudos (ok, não temos um nobel, mas um nobel já escreveu sobre o Brasil). É uma ficção claramente, mas me impactou bem mais do que Os Sertões (de Euclides da Cunha, que eu li só pelo desafio). O livro é de uma riqueza de detalhes impressionante, você se sente lá.
E lá pelas tantas, até encontra o repórter mirradinho, o Euclides.





Algo bem mais recente (de 2006) é Travessuras da menina má, uma história que navega por décadas do século XX, contando sobre os encontros e desencontros de um casal, desde a adolescência. Bem, eles não são lá muito um casal - ele a ama, ela faz joguinho enquanto muda de nome, identidade, personalidade, e o acaso os une, e a vida os separa.

Bem interessante pela mudança de cenário (Chile, França, Japão) e toda a história psicológica por trás desse romance que não faz bem aos envolvidos, é mais uma relação tóxica.



Conversando com uma amiga, não podemos deixar de conjecturar - os grandes autores brasileiros já viraram clássicos, estão mortos. Quem pode ser a nossa esperança de Nobel? Quem conhece bons autores contemporâneos brasileiros?