29 de junho de 2011

O Pequeno Príncipe

Editora Agir
Se eu fosse miss, o meu livro favorito seria O Pequeno Príncipe. E o meu maior sonho, a paz mundial.

Mas como eu não sou, nem nunca fui, nem nunca serei miss, esse não é o meu livro favorito. (Ou por não ser meu livro favorito, eu não poderia ser miss?)

Esse livro foi escrito por Antoine Saint-Exupéry, que faria 111 anos hoje, e, no entanto, ele morreu jovem aos 43 anos num final digno de filme: o avião que pilotava durante operações na II Guerra Mundial desapareceu e até hoje seu corpo nunca foi encontrado (segundo a Wikipedia).

O seu livro "O Pequeno Príncipe" é um clássico, já foi traduzido para várias línguas (em edições que a minha amiga Fér coleciona) e ele fala sobre valores, sentimentos e relacionamentos universais: amizade e amor.

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."

é uma das frases que eu sei de cor, até porque antes de ler esse livro, ainda criança, eu realmente não sabia o que cativar significava.

Esse livro pode ser lido e entendido por crianças e adultos, mas é claro que de maneiras diferentes. O que é uma cobra comendo um elefante simboliza outra coisa 20, 30 anos depois. Ele não é muito extenso e é o típico livro para reler várias vezes.

Entretanto, tamanho é o seu sucesso e sua infiltração na sociedade, que muitas frases são decoradas, impressas em cartões, dedicatórias, declarações e repetidas a exaustão mundo a fora. Eu acredito que isso o desgasta, e o torna, um pouco, lugar comum. (Ainda mais na onda de auto-ajuda que sofremos agora, cheio de frases prontas).

Muito animada pelos vários comentários do post anterior, resolvi aceitar a sugestão da querida Paulinha para falar desse autor através do seu livro, mas quero saber de vocês: o que vocês acham desse principezinho?

(E o próximo post vai ser finalmente de um livro que eu acabei de ler, ao contrário desses 2 últimos!)

18 de junho de 2011

O Menino do Pijama Listrado

Editora Companhia das Letras

Atendendo a pedidos, vou falar sobre esse livro de John Boyne, que possui um dos títulos mais inusitados que eu já vi: "O menino do pijama listrado", principalmente quando você considera que o plano de fundo é a II Guerra.

Eu já li dezenas de livros sobre a II Guerra Mundial, sério. Eu já li romance, diários, de dentro do campo de concentração, da Alemanha, dos países vizinhos e por aí vai. O tema é impressionante e eu tenho certeza que a maioria das pessoas sente uma certa atração doentia por esse período de tanto terror - para entender melhor como tudo aconteceu, como foi possível homens se juntarem para acabar com outros homens (e tantos outros ficarem assistindo), os requintes de crueldade que não nos imaginamos capazes de fazer ou outra pessoa nesse mundo, mas que aconteceram mesmo e não só nas páginas de um livro ou nas telas de cinema.

Esse livro de John Boyne tem uma abordagem diferente porque parece um livro infantil - a história é contada do ponto de vista de Bruno, um garoto de Berlim que de repente muda-se com a família para um lugar diferente que ele chama de "Haja-Vista". Da janela do seu quarto, ele pode ver uma cerca, com pessoas vestidas com pijamas listrados...

Mas não podemos nos enganar, ainda estamos falando de nazismo. É um livro para adultos e daqueles que dão soco no estômago - por isso não é bom pegar quando estiver num momento sombrio da vida, para não deprimir mais. Para refletir e discutir o assunto, ele é um bom ponto de partida.

Tem coisas que a gente, como humanidade, nunca pode esquecer.

14 de junho de 2011

Serpente

Editora Companhia das Letras - Capa João Baptista da Costa Aguiar 
Depois de ler Milionários Demais, meu amigo me empretou este que é o primeiro livro sobre Nero Wolfe. "Serpente" não é a primeira aventura do detetive, que já é consagrado no seu meio, mas é interessante ver como o autor, Rex Stout, o apresenta nesse livro de 1934. (Para efeito de comparação, Hercule Poirot "nasceu" em 1920).

Agora eu já posso ver um pouco melhor o padrão de Nero Wolfe: cheio de empáfia, deduz os pontos principais dos acontecimentos, depois usa de subterfúgios para conseguir mais informações, geralmente através do seu assistente Archie Goodwin e mesmo para "pegar" o criminoso, ele é questionável do ponto de vista ético... Nada que não seja divertido de ler.

Para vocês terem uma noção, vou colocar um trecho aqui. (Contextualizando: o narrador é Archie, nesse momento ele chega na sala do Nero Wolfe que tinha pedido para o seu mordomo, Fritz, comprar uma garrafa de cada tipo de cerveja que ele encontrasse e levar para ele. O cara traz 49 garrafas, e então...)

"O que estava havendo, conforme Nero Wolfe explicou, depois de me convidar a aproximar a poltrona da mesa e depois que começou a abrir as garrafas, é que estava decidido a abandonar a cerveja contrabandeada, que durante anos havia comprado em barris e mantido num refrigerador no porão, caso conseguisse encontrar alguma marca da cerveja legal que fosse bebível. Também havia decidido que seis litros por dia era demais, tomava tempo demais, e que, assim sendo, de agora em diante iria limitar-se a cinco litros. Sorri quando ele disse isso porque não acreditava em uma só palavra, e sorri de novo ao imaginar a casa entulhada de garrafas vazias, a menos que Fritz passasse o dia inteiro de cima para baixo. Fiz um comentário que já havia feito antes, mais de uma vez: que cerveja deixa a cabeça das pessoas mais lenta, e que com seis litros que ele entornava por dia eu não conseguia entender como ele fazia para o seu cérebro funcionar tão depressa, num ritmo de que ninguém mais, no país inteiro, conseguia chegar nem perto. Ele respondeu, como também já havia feito antes, que não era seu cérebro que funcionava, mas seus centros nervosos inferiores. E, quando abri a quinta garrafa para ele provar, continuou, dizendo - e também não era a primeira vez - que não iria me insultar aceitando o meu elogio, pois se o elogio fosse sincero eu era um tolo, e se não fosse eu era um velhaco."

13 de junho de 2011

Fernando Pessoa

Fonte: Google
O Google está homenageando Fernando Pessoa hoje, no que seria seu aniversário de 123 anos. Ele é um dos meus poetas preferidos - claro, como não gostar de pelo menos de 1 dos seus heteronômios?

Ainda no clima do dia dos namorados, compartilho com vocês uma das poesias de que mais gosto, do Álvaro de Campos.

Todas as Cartas de Amor são Ridículas


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

 
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

11 de junho de 2011

Senhora

Editora L&PM Pocket

Hoje é o aniversário da Fér, com quem eu compartilho uma amizade transatlântica. E para falar dela, eu escolhi um livro com título bem oposto a postagem dela de hoje, já adiantando que eu não a considero uma senhora não!

Nós ficamos muito amigas na 8a série (atual 9o ano e isso denuncia como ficamos velhas rápido ou como o sistema educacional brasileiro muda rapdiamente), e esse livro foi a fonte de uma brincadeira entre nós duas, a qual eu não irei especificar aqui e nem ninguém nos comentários, hein!

De qualquer forma, esse foi um dos primeiros clássicos da literatura brasileira que eu realmente gostei. A linguagem é difícil, é verdade, mas só pelo mudança dinâmica da língua, algumas palavras e expressões que já não se usam mais - e eu gosto particularmente de uma delas: "sentou-se ao pé de Aurélia..." José de Alencar gosta de descrever o pé da mesinha ao lado do sofá da protagonista, como dizem por aí, mas é uma ambientação incrível de uma época que não existe mais. A sociedade é machista e restritiva às mulheres... opa! esse é o exato ponto que torna esse livro interessante!

Para quem não lembra da história, Aurélia é uma moça pobre e bonita que se apaixona por Fernando e ele a troca por uma rica que vem com um dote. Quando ela recebe uma herança do avô, ainda magoada, faz um intermediário negociar o casamento com o Fernando, sem que ele saiba quem é a noiva. O mancebo acorda o valor do dote e fica super feliz no casório quando descobre que se trata da sua paixão de adolescência, mas na noite de núpcias ela deixa claro que "o comprou" e o casamento é de fachada.

Assim como Brumas de Avalon, homenagem de aniversário a outras amigas do mesmo Clubedalulu, esse livro marcou nossa adolescência com exemplo de uma personalidade forte feminina, do poder feminino e... bem, como também nós podemos ser más num relacionamento amoroso (vide exemplo da Aurélia comprando o marido e jogando isso na cara dele).

Mas o final do romance é feliz! E disso nós gostamos mais ainda! Fér, que sua vida de senhora-senhorita seja todo dia um final feliz!

8 de junho de 2011

Chico Buarque - Histórias de canções

Editora Leya - Capa: Sérgio Campante

Sabemos que o Chico Buarque também é um escritor (e ele começou assim, escrevendo crônicas para o jornal do colégio), mas esse é um livro sobre suas músicas, escrito por Wagner Homem, responsável pelo site do cantor que está no ar há mais de 15 anos, o que é desde sempre na internet praticamente...

Esse livro é para ler aos pouquinhos, porque não é uma história mesmo e exige - tipo livro de poesia, sabe? Tem que ler aos pouquinhos para apreciar e não ir devorando como eu geralmente faço. É apresentada a letra da música e vem a anedota depois, algo sobre a origem da letra, ou a interpretação que foi dada depois, ou se ela foi usada em teatro ou cinema, gravada por outro intérprete. São textos curtos e diretos ao ponto, sem enrolar mesmo. A letra, o fato, próxima.

Definitivamente não é uma biografia e não se demora muito na vida pessoal do Chico, se é que você está interessado nos motivos do divórcio, by the way. A cada ano, existe uma introdução para explicar a conjuntura política / social da vida dele e do nosso país, para poder contextualizar as canções.

Interessante é saber que a muitas foi atribuído um significado político que não era intencional, e a maioria das mulheres retratadas não existiram... Ele também recebia muita encomenda de música, e é muito louco isso: porque ele parece tão artista, que espera a inspiração chegar, mas fazer letra para uma música, ou música para uma letra, ou uma canção para uma peça teatral com tema definido é algo bem... profissional, não? Algo como jornalista que precisa escrever e para amanhã. A diferença para o Chico é que ele estourava prazos... Fitas ficaram esperando 15 anos para ele inventar a letra, e a música para a série Anos dourados ficou pronta 6 meses depois...

Vale a pena ler mesmo se você não conhece todas as músicas, como eu, porque as letras são bonitas e elaboradas, conteúdo de qualidade mesmo, gostoso de ler. Agradeço ao meu amigo Rubens que me emprestou o livro e teve a maior paciência com a minha demora para para devolver...

4 de junho de 2011

Férias!

Editora Bertrand Brasil

A Marian Keyes com certeza é minha autora preferida de chicklit ou literatura para garotas. Ela é divertida - com aquele humor irônico, sabe retratar uma mulher moderna (com várias encanações) e não foge de temas difíceis, no caso desse livro, a dependência de drogas.

Rachel perde o emprego e o namorado depois de uma overdose que a faz ir para o hospital, e quando a irmã vai buscá-la em Nova York para levá-la para a rehab na Irlanda, país dos seus pais, podemos acompanhá-la em todo o processo de negação do vício e durante o tratamento num lugar chamado O Claustro, que atende dependentes não só de drogas, mas de álcool, comida e jogo também.

Como ela passa a maior parte do tempo na clínica, a história não é tão dinâmica, só tem os flashbacks da sua vida, o seu relacionamento com o ex. É muito interessante ver como com o passar do tempo ela mesma reintrepreta o que aconteceu, mesmo sem as drogas, todos nós fazemos isso com o "distanciamento" de uma situação, sem o véu da emoção - e acho que são nesses momentos que a gente se toca de pedir perdão para os outros...

O livro vale a pena para quem quer saber mais desse mundo - no prefácio ela agradece aos amigos que experimentaram cocaína para relatar suas sensaçãos para ela - e eu realmente acho que isso não é nada aconselhável, nem algo que você peça aos seus amigos, então aproveitem a literatura. (Ou assistam filmes, hehehe).

Rachel é a terceira das 5 irmãs Walsh e a Marian já escreveu sobre quase todas elas... Qual a sua preferida?

Claire em Melancia (Watermellow)
Maggie em Los Angeles (Angels)
Rachel em Férias (Rachel's Holiday)
Anna em Tem alguém aí? (Is anybody out there?)
Helen - ainda sem livro...

Com certeza o meu preferido é o Tem alguém aí, que assim como este, eu li emprestado da Debô. Mas essa coleção é ótima: pocket book da coleção BestBolso, que você encontra nas lojas americanas (físicas) até por 12,99. Aí sim!

1 de junho de 2011

Goddess of Light

Editora Little Brown

Na vasta biblioteca do hotel em que eu estava hospedada (composta basicamente por livros deixados para trás pelos hóspedes, nas mais variadas línguas), o único livro que me atraiu foi "Deusa da luz", da autora P. C. Cast, que alguns devem conhecer pela série "House of Night" - "Marcada", "Traída", "Escolhida", etc, que obviamente se trata de vampiros - os quais eu não li.

Esse livro faz parte de uma série de livros sobre "Deusas", mulheres atuais que se encontram com os deuses da mitologia grega / romana / nórdica / etc e vivem um grande romance. No prefácio, ela já explica que "quer valorizar a mulher moderna e, afinal, não há nada mais afrodisíaco do que uma mulher inteligente e bem sucedida". Ou seja, estamos falando de mulheres que trabalham, são bem sucedidas, não deixam de ser bonitas e malhadas, e mesmo assim não encontram um grande amor, mas tudo bem aí vem um deus que passou a eternidade para se apaixonar por elas.

Nisso, de escrever um romancezinho água-com-açúcar, ela torce e distorce a mitologia (nesse caso, estamos falando de Apolo, o deus da luz, mas sobra para Artêmis, Dionísio e Zeus). Ora, qual é a graça de pegar personagens carismáticos como os deuses gregos e fazê-los mais planos que uma tábua rasa para uma pseudo valorização da mulher??

Para exemplificar: eis que a fulana - Pamela - está num mega hotel em Las Vegas com o seu deus grego, Apolo, pelo qual está perdidamente apaixonada, e que irá levá-la para jantar. Eis que a indivídua vê uma bolsa numa vitrine e surta (literalmente): ela precisa daquela bolsa. Quando vê o preço, ela desanima, "é uma jóia", e Apolo, sabendo que ela não vai aceitar se ele comprá-la de presente, faz uma mágica para ela ganhar as centenas de dólares num caça-níqueis, a fim de que ela mesma faça a compra. (Ah, é, claro, ela não aceita nem o dinheiro da aposta, e combina com ele que vão dividir os lucros se ganhar).

Pois é...

Bom, se você não tem mais nada a fazer, é uma leitura válida, em todas as outras situações, é melhor ler alguma outra coisa...