28 de outubro de 2012

The perks of being a wallflower

Editora Gallery Books
Quando eu comentei com algumas pessoas que eu estava lendo o livro do filme "As vantagens de ser invisível", o que eu mais ouvi foi: "que filme é esse?", embora ele tenha estreado no cinema esse mês, e conte com pelo menos uma atriz famosa - Emma Watson, a Hermione. Então, se o filme não alcançou um grande público, imagina o livro de Stephen Chbosky, escrito no final da década de 90... Mas pelo que eu pesquisei, ele foi sim um best-seller nos Estados Unidos, e o seu retrato da adolescência estereotipada americana - com sexo, bebidas, drogas e até rock n'roll - chegou a ser proibido em alguns estados.

O livro é uma coletânea de cartas do personagem principal, Charlie, que decide escrever para alguém que ele não conhece sobre sua vida, suas emoções e seus pensamentos. É nítido que o garoto não é normal, tem algum tipo de imaturidade emocional que torna deturpada a sua visão de mundo. E ele chora muito. É um pouco irritante até, o tanto que ele chora, por diversos motivos. (Mas talvez seja eu, um pouco sem coração).

Eu não conheço os outros atores, mas puder ler o livro todo vendo a Emma Watson no papel de Sam, então perdi a vontade de ver o filme no cinema - é como se já tivesse assistido tudo na minha cabeça. Fora que é algo beeeeeeem adolescente, então, se você está próximo dessa época, pode rolar uma identificação e empatia, eu já estou acá pensando "crianças..." :-D Incrível como envelhecer altera mesmo as suas lentes de ver o mundo (e isso não é ruim). 

24 de outubro de 2012

Sócios no Crime

Editora L&PM - Capa designedbydavid.co.uk

Em "Sócios no Crime", Agatha Christie parece decidida a levar seus livros de detetive bem ao limite com a comédia, porque o casal que são os personagens principais dessa série de episódios são amadores e embora levem o trabalho a sério, parecem mais quererem se divertir.

Tommy e Tuppence são casados e são convidados pela Scotland Yard a parecerem os donos de uma empresa de investigação, que parece estar ligada ao crime organizado internacional (sendo que o dono original foi preso), e, para manter a fachada, eles desvendam os casos verdadeiros que aparecem. A brincadeira está justamente que eles procuram imitar o estilo de detetives famosos. Entre eles, Sherlock Holmes e Hercule Poirot, mas outros da literatura europeia e americana ainda em moda na época em que Agatha Christie escreveu esse livro. Eu não conhecia vários deles, mas as notas do texto ajudam a entender as referências, e o entretenimento é garantido.

20 de outubro de 2012

The Grandmothers

Editora Harper Perennial

"As Avós" de Doris Lessing reúne 4 contos bem diferentes da autora, mas todos são de certa forma intrigantes e não nos deixam incólumes. Não dá para não ficar incomodada ou ao menos reflexiva com o que Doris Lessing nos apresenta em suas narrativas curtas, mas, de forma alguma, superficiais.

O conto que dá título ao livro foge totalmente do convencional, embora seja a história de duas mulheres, que se tornam muito amigas, muito próximas, casam, tem filhos e se tornam avós na mesma época. Se isso é tão corriqueiro como pode parecer uma amizade de décadas, por baixo dessa aparência comum há todo um universo...

Eu não sei se posso dizer que eu gostei desse livro, mas sim que eu fiquei instigada por ele - talvez fosse esse mesmo o objetivo da autora, o objetivo da literatura contemporânea de vanguarda... Não colocar panos quentes ou passar a mão na cabeça, mas fazer pensar e questionar a sociedade e seus valores. É sempre bom colocar o cérebro para funcionar.

16 de outubro de 2012

Mammy Walsh's A-Z of the Walsh Family

Editora Penguin

Marian Keyes lançou recentemente mais dois livros sobra a família Walsh - personagens da maioria dos seus livros, um deles um romance propriamente dito sobre Helen ("The Mistery of Mercy Close") e o outro é como um "teaser" de filme, um e-book curtinho: "Família Walsh de A a Z - pela Mamãe Walsh" (numa tradução minha de "Mamy Walsh's A-Z of the Walsh Family").

É uma leitura curta, de uma hora ou menos, mas muito divertida. Está ali pingando de ironia e o humor ácido da Marian Keyes que você pode conhecer de outros livros. Além disso, é uma boa perspectiva unificada dessa família (confesso que eu já me perdi entre tantas irmãs e histórias). Algumas partes são apelativas - é estranho pensar numa mãe - avó falando tanto sobre sexo, mas também é interessante ver um pouco de "gente real" com bons e maus sentimentos de uma forma tão cândida.

Eu sou fã das Walshs, então o segundo livro sobre a Helen é definitivamente um dos próximos da minha lista!

9 de outubro de 2012

Wives and Daughters

Domínio Público - Amazon

O único problema dos livros da Jane Austen é que são seis. Só seis. É possível relê-los a exaustão, claro, mas também é gostoso ler livros diferentes, e, para mim, é aí que entra Elizabeth Cleghorn Gaskell, uma inglesa que viveu alguns anos depois de Austen e escreveu sobre o mesmo cenário: o interior da Inglaterra e seus habitantes, com bastante foco nas mulheres. Eu já assisti uma série da BBC sobre uma de suas obras, Cranford, e o primeiro livro que eu leio dela é Esposas e Filhas (Wives and Daughters).

É um romance mesmo - um livro de 800 páginas e uma história lenta, com os personagens de uma cidadezinha, focando na filha do médico local, sua segunda esposa e sua filha. As duas tem idades próximas, mas são completamente diferentes - o engraçado é que você possa talvez associa-las, ou algumas de suas características, com pessoas que você conhece hoje. Porque sim, o mundo muda, temos máquinas de lavar e as mulheres vão trabalhar fora, pílula e facebook, mas as pessoas continuam sendo basicamente as mesmas.

Elizabeth Gaskell não é Jane Austen, definitivamente, mas o livro tem cara de férias, é um entretenimento leve e delicioso, daqueles que não vão tirar o seu chão, porque sim, você sabe o que vai acontecer, mas é uma delícia viver um pouco com personagens tão simpáticos (sem ironias) e alguns ótimos de odiar.


2 de outubro de 2012

Murder on the Côte D'Azur

Editora San Marco Press
Se o livro é de graça, é para se desconfiar (peguei na Amazon, para o Kindle) - mas eu não esperaria que o título estivesse errado! O livro "Assassinato na Côte D'Azur" só tem mortes acontecendo nos Estados Unidos... Faz sentido? O fato é que algumas cenas se passam ali na Riviera Francesa, algumas em Paris, alguns personagens são franceses, mas o grosso mesmo se passa em Atlanta. Fiquei um pouco decepcionada com isso. E ainda mais com a personagem principal, a tal da Maggie Newberry. 

Eu acho que a autora Susan Kiernan-Lewis quis fazer uma pessoa "normal" investigar um crime, mas a tal da Maggie é meio toupeira para essas coisas (é claro que, se ela fosse esperta, evitaria metade dos enroscos que acontecem, aí não teríamos uma "história), ou seja, eu prefiro os detetives mais tradicionais - e espertos.

Também dá uma agonia em alguns momentos: por que ela não tem um celular? Por que ela não procura no google?? E aí você descobre que a trama se passa na década de 80 e percebe como o mundo mudou nesse meio tempo!!!