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13 de maio de 2017

Guia de uma ciclista em Kashgar

Editora Intrínseca - Capa Sarah Greeno

Esse livro eu escolhi primeiro pela capa - a combinação de cores e um desenho delicado. Depois pelo título - Guia de uma ciclista em Kashgar: uma ciclista? onde fica Kashgar? E, em terceiro, pela descrição breve da história, que cruza uma inglesa na Londres atual e outra mulher, há mais de 100 anos, numa missão cristã na oriente.

Kashgar, é uma cidades mais ocidentais (geograficamente falando) da China, perto do Uzbesquistão. No livro, Evangeline, sua irmã e uma amiga tem sua viagem missionária interrompida nessa cidade a ajudar o parto de uma adolescente - que morre, e as pessoas querem julga-las culpadas. Estamos na década de 20, e são 3 mulheres jovens inglesas viajado sozinhas pela Ásia. É sempre algo que não acharíamos que fosse possível, mas deveria ser (não em grande escala, claro, mas ainda assim possível).

Ao mesmo tempo, conhecemos Frieda, uma mulher solitária em Londres que ajuda um árabe chamado Tayeb, provavelmente ilegal e sem onde morar - e cá estamos no assunto atual de imigrantes e refugiados.

O livro de Suzanne Joinson é realmente interessante por unir personagens femininas fortes e não usuais, sem ser piegas ou combativo. 

30 de dezembro de 2015

Livro

Editora Companhia das Letras - Capa Flávia Castanheira

É realmente ousado que um livro se chama "Livro", o que, na minha opinião, cria a expectativa de que a história também se mostre fora do comum. Vou dizer que essa obra de José Luís Peixoto me surpreendeu, um pouco pelo absurdo que justifica o título lá pelo meio da história (sem spoilers), mas não é algo espetacular, trata-se de um livro bom.

O estilo é diferente, algo como Saramago com pontuação, algo meio fluido, que nos traz para perto das personagens simples que são foco da história e não são lá muito eloquentes. Na contra-capa diz que a história é sobre a imigração portuguesa para a França, mas embora os personagens principais realmente mudem para a França, acredito que seja muito mais uma história de encontros e desencontros.

(Engraçado que a França era para Portugal o que os Estados Unidos são para a América Latina hoje, um ambiente diferente, mais frio, onde se faz dinheiro para mandar para a terra natal - ou para guardar e voltar para lá.)

O que eu realmente gostei foi a caracterização dos personagens - pessoas peculiares do interior de Portugal há quase 100 anos, que poderiam estar em qualquer lugar do mundo.

4 de setembro de 2015

Todos nós adorávamos caubóis

Editora Companhia das Letras - Capa Elisa Von Randow

Carol Bensimon é uma jovem autora brasileira que vale a pena ler - gostei dos dois livros que li dela, esse "Todos nós adorávamos caubóis" e "Sinuca embaixo d'água". Nascida no Rio Grande do Sul, ela também retratou esse livro de "road trip" (viagem de estrada) no interior do estado. Achei interessante quando fiquei sabendo que o livro era sobre isso, porque associamos road trips aos Estados Unidos e não ao nosso humilde país. Claro que o clima da viagem é outro (a começar por uma estrutura totalmente diferente em estradas e paradas), mas gostei dessa mudança de paradigma.

A história é sobre duas garotas, amigas de juventude, que resolvem fazer a tão sonhada viagem de carro depois de ficarem um tempo separadas e sem muito contato (uma delas até mudou para fora do país). É difícil eu comentar mais sem dar spoiler, mas a história surpreende, sendo atual sem apelar, e eu acho que é a literatura mudando com o mundo, a gente concordando ou não com as mudanças.  

13 de dezembro de 2014

Death in Venice and Other Stories

Editora Bantam Classic
Fato é que eu fui uma leitora adolescente de biblioteca pública municipal - ou seja, ou você atacava os clássicos, ou não teria muito outra opção. Eu lembro ainda de quando uma tia sugeriu a leitura de A Montanha Mágica, um livro lindo e enorme, o que era ótimo porque "não acabava logo". Eu lembro poucas coisas desse livro, agora, 15 anos depois, e com certeza não foi bem apreciado pela minha mente imatura. Principalmente a parte que o "mocinho" e a "mocinha" (tremam nas bases os conhecedores do livro - o que me interessava era o romance mesmo) resolvem finalmente ter uma longa conversa. Em francês. Sem notas de rodapé ou tradução no final do volume. Edição primorosa do meio do século quando as pessoas aprendiam francês na escola aqui mesmo nesse país, eu suponho, já que o restante do livro era português brasileiro mesmo.

Depois dessa experiência com Thomas Mann, resolvi esse ano ler "Morte em Veneza e outras histórias", que também é considerada uma obra prima do autor, no formato de contos. Senhoras e senhores, isso sim é boa literatura. Nessa edição da Bantam Classic para o kindle, estão primeiro os contos mais curtos, aí você vai se familiarizando com o estilo do autor. Ele é bem descritivo, realmente sabe construir a cena e o clima, é possível ver os personagens, como eles são, como eles se movem, como eles se comportam. As histórias não são intrincadas ou complexas, mas na simplicidade está ali um confronto, um impasse, uma ruptura, e muito fica com o leitor para apreciar, analisar, concluir. 

Gostei muito desse livro que não é longo, mas fui lendo aos pouquinhos, enquanto ele punha o meu cérebro para funcionar.

23 de junho de 2014

Jogando por Pizza

Editora Rocco

Quem conhece Jonh Grisham, o conhece por seus livros de tribunais americanos, que ficaram famosos nas últimas décadas pelas adaptações ao cinema. Em obras dele, baseiam-se A Firma, O Dossiê Pelicano, O Cliente, entre outros.

Então "Jogando por Pizza" é um ponto fora da curva, já que fala de um jogador de futebol americano, que já em declínio, é contratado por um time na Itália, para ser o superstar. É interessante, claro, a diferença cultural abordada, ou o retrato de um esporte "estrangeiro" em uma terra da bola no pé, mas há tantas descrições de jogos e treinos que para mim pareciam "blá blá blá whiskas sachê".

Confesso que eu fiquei ali, esperando uma ceninha na corte, uma decisão de júri, mas o que foi insinuado, nunca acontece mesmo. Então, se você for se aventurar por esse livro (o preço pode ser um bom atrativo), não espere o Jonh Grisham que conhecemos.

22 de fevereiro de 2014

Inferno

Capa Michael J. Windsor - Editora Random House

Eu adorei o último livro do Dan Brown, Inferno. Finalmente, um livro tão bom quanto o Código DaVinci. São diversas referências culturais a partir da cidade italiana Florença e a obra de Dante Alighieri, Divina Comédia. Eu visitei Florença em 2012 e não gostei muito da cidade, mas depois de ler sobre os personagens passeando por ela, as referências culturais e literárias, eu já a estou vendo com outros olhos.

Há também uma discussão interessante sobre superpopulação e as implicações ecológicas para o planeta e o próprio futuro da espécie humana. Tem algo de ciência nisso, mas muito relacionado a moral - e além de deixar a história muito emocionante, realmente me fez pensar sobre esse assunto.

Eu acho que tem potencial de ser um filme ótimo também, com o galã Robert Langdon, e uma mocinha bonita e esperta, Sienna. O começo da história já é bem inusitado - com o Langdon no meio de uma enrascada, mas com amnésia por causa de um ferimento na cabeça que apagou os últimos 2 dias de sua vida - então somos nós e ele tentando entender melhor o que está acontecendo (como ele veio dos Estados Unidos para a Itália, e por que ele está sendo perseguido).

Recomendo para quem quer uma leitura divertida e para quem pretende visitar Florença qualquer dia desses (mais legal que ler guia, com certeza).

6 de novembro de 2012

O romance de Teresa Bernard

Editora Saraiva

Algumas pessoas podem conhecer a autora desse livro, Maria José Dupré, da sua obra Éramos Seis, que foi uma novela bem popular anos atrás. Mas a edição que eu li já mostra a idade dessa obra "O romance de Teresa Bernard", ao identificar a autora apenas por "Sra. Leandro Dupré"...

Quem conta a história é a própria Teresa, e ela é uma órfã rica da sociedade paulista, a família tem muito dinheiro provavelmente vindo das fazendas no interior. Muito bonita e, de certa forma, mimada, ela pode ser bem chatinha ao longo da narração. O engraçado é que, mesmo se passando na década de 30, algumas discussões femininas da época continuam até hoje (atenuadas, é claro): divórcio, o papel da mulher no casamento, e o que se faz se é chato conversar só sobre filhos e coisas de casa entre mulheres, enquanto homens tem "assuntos mais variados".

O que eu achei interessante foi o relato da viagem (de meses! indo de navio...) que a Teresa fez pela Europa: Paris, Nice, Londres e um tour pela Itália: ela conta sobre museus, avenidas, praças, restaurantes, hotéis, e muito do que é citado permanece lá até hoje, da mesma maneira. É bom de ler para quem quiser planejar uma viagem para aquelas bandas, ou para quem lembrar como foi...

2 de outubro de 2012

Murder on the Côte D'Azur

Editora San Marco Press
Se o livro é de graça, é para se desconfiar (peguei na Amazon, para o Kindle) - mas eu não esperaria que o título estivesse errado! O livro "Assassinato na Côte D'Azur" só tem mortes acontecendo nos Estados Unidos... Faz sentido? O fato é que algumas cenas se passam ali na Riviera Francesa, algumas em Paris, alguns personagens são franceses, mas o grosso mesmo se passa em Atlanta. Fiquei um pouco decepcionada com isso. E ainda mais com a personagem principal, a tal da Maggie Newberry. 

Eu acho que a autora Susan Kiernan-Lewis quis fazer uma pessoa "normal" investigar um crime, mas a tal da Maggie é meio toupeira para essas coisas (é claro que, se ela fosse esperta, evitaria metade dos enroscos que acontecem, aí não teríamos uma "história), ou seja, eu prefiro os detetives mais tradicionais - e espertos.

Também dá uma agonia em alguns momentos: por que ela não tem um celular? Por que ela não procura no google?? E aí você descobre que a trama se passa na década de 80 e percebe como o mundo mudou nesse meio tempo!!!

22 de setembro de 2012

The Shakespeare Guide to Italy

Editora Harper Perennial - Capa Milan Bozic
Foi absolutamente irresistível ler um livro com o título "O Guia de Shakespeare para a Itália" - imaginem que o autor, Richard Paul Roe, viajou pela Itália procurando as referências que ainda estão lá nas peças "italianas" de Shakespeare.

Muitos estudiosos acreditavam que ele nunca tinha ido para a Itália, mas escreveu sobre esse país de "ouvir falar", cometendo vários erros (como ir de barco de Verona até Milão, duas cidades não litorâneas). O que Richard Paul Roe provou, através passeios, estudos de geografia e documentos, que o autor bardo não estava errado, ele descreveu exatamente o que viu no século XVI, mostrando também um profundo conhecimento cultural da sociedade da época (e que existia sim uma via aquática entre essas duas cidades, incluindo canais artificiais próprios para a navegação, que é utlizada em Dois Cavalheiros de Verona).

Embora algumas construções e lugares não existam mais da maneira como eram antigamente (como Messina citada em "Muito barulho por nada", que foi totalmente destruída depois de um terremoto e hoje está reconstruída), muito ainda permanece, como os bosques de sicômoros onde Romeu estava em Verona, ou mesmo uma boa aposta para a casa de Bianca e Katherina de A Megera Domada.

Um ótimo livro para levar numa viagem para a Itália e se espantar com o incrível Shakespeare que, além de escrever histórias ótimas, foi atencioso com os seus mínimos detalhes.

2 de abril de 2012

Um Brasileiro em Berlim

Editora Nova Fronteira

João Ubaldo Ribeiro (colunista do Estadão) foi convidado pelo DAAD (uma organização de intercâmbio acadêmico Brasil - Alemanha) para morar por um ano em Berlim, com a família, em 1990. Como escritor trabalha em qualquer lugar, lá foi ele de mala e cuia e esse livro, com o título óbvio de Um Brasileiro em Berlim, contém as  crônicas que ele fez sobre o cotidiano dele lá, que foram publicadas em um jornal alemão.

O livro é realmente engraçado, abusando dos clichês das diferenças culturais entre brasileiros e alemães, João Ubaldo faz você rir alto. Até porque algumas coisas são exageros, mas outras não, ainda mais há 20 anos, onde um mundo globalizado pela internet mal despontava. (E algumas particulares,  como os bicicleteiros da cidade continuam bem verdadeiras, eu sei).

Também digna de nota é a curiosa sensação de familiaridade com o "personagem" Bento, seu filho de 9  anos que protagoniza vários causos. Hoje ele é conhecido por ser VJ da MTV (fez também comerciais e novelas da globo).

Embora o fator político não esteja em questão, o fato do ano ser 1990, recém-caído o muro, permeia as histórias através do seu impacto cultural. Mas é primordialmente um livro leve e engraçado, para ser ler num dia. Vou colocar aqui uns trechos para inspirar vocês a procurarem o livro.

"Formada em meio a esse cetismo, a família estava, naturalmente, desprevinida para os rigores do inverno. Senti-me na obrigação de realizar pelo menos um seminário preparatório. Comecei com informações básicas, numa conferência preliminar em que abordei vários tópicos, tais como o que é o inverno, o que é frio (com uma aula prática mais ou menos dentro da geladeira), o que é uma ceroula, por que não se pode passear no Halensee de bermudas e sem camisa em janeiro, como se ecplica que neve não é algodão nem tem açúcar, e assim por diante."

"Dir-se-ia então que é mais difícil um brasileiro ser atropelado em Berlim do que um nadador olímpico se afogar numa piscina infantil. Ledo engano, conclusão precipitada. Tanto eu quanto minha mulher, que sobrevivemos rotineiramente à travessia das ruas mais conflagradas do Rio de Janiero, já fomos atropelados diversas vezes em Berlim. O recordista sou eu, com uns oito casos, todos sem maiores consequências, a não ser uma contusãozinha ou outra e protestos indignados por parte dos atropeladores. Sim, porque não fui atropelado por carros, ônibus ou caminhões, mas pelo mais terrível, impiedoso e ameaçador veículo que circula pelas ruas de Berlim: a bicicleta."

5 de maio de 2011

Youth


Nos últimos tempos, eu esbarrei figurativamente em J. M. Coetzee três vezes. Na primeira, um amigo poeta me sugeriu o livro "Mecanismos Internos", depois eu vi a reportagem na veja falando sobre o mesmo autor e o lançamento desse livro, e então eu vi o Youth na mão de um amigo do trabalho. Pronto, modo cara de pau on, pedi emprestado para "experimentar" o autor.

E adorei! J. M. Coetzee é um escritor sul africano, que ganhou o Nobel em 2003. Ele escreve ficção, mas também é conhecido por ser um ótimo crítico literário (que é o assunto de Mecanismos Internos). Esse livro em questão, "Juventude", é uma auto-biografia ficcional, ou seja, ele escreve sobre si mesmo em 3a pessoa e não sabemos se tudo que é dito é verdade ou não. (E esse é o 2o livro em que ele faz isso, o primeiro chama "Boyhood" ou "Infância", e ainda tem um outro, chamada Springtime.)

A história é sobre um rapaz da África do Sul, Jonh, estudante universitário que quer se tornar um artista  - poeta - e faz matemática porque ele a considera como o pensamento mais puro que se pode ter... (Vai entender!) Estamos na década de 60, e como ele não vê muito futuro num país que promete ser destroçado pelos embates em volta do apartheid, ele vai para Londres - "onde a vida pode acontecer".

Ele gosta muito de literatura e estuda bastante o assunto, então no livro há várias partes em que ele comenta sobre os autores, compara estilos, discute obras de uma maneira impressionante, e torna o livro delicioso.  Ele incita a nossa vontade para ir atrás desses escritores e ver por nós mesmos o que ele viu.

No entanto, Jonh parece ser muito ingênuo, com relação a carreira de escritor e principalmente com as mulheres. No primeiro tópico, ele acha que a inspiração para fazer uma obra espetacular virá como mágica. No segundo, ele espera que magicamente encontre a mulher de sua vida - e ele acha que precisa de uma, porque todos os artistas possuem amantes. No entanto, quando uma garota se interessa por ele, Jonh desconfia que é por ter visto a chama de artista que existe dentro de si, a qual as mulheres (todas, em geral) não tem, e que quando elas fazem amor com um artista é para roubar essa chama... (hein?)

Eu recomendo esse livro para todos que tiverem interesse em literatura, ou para quem quer ver um retrato de uma época via uma pessoa não lá muito normal...  A leitura é fácil, nada do que você possa imaginar de um Nobel - simplicidade é uma arte!

2 de maio de 2011

Diário de Bordo: China

Esse é um livro muito especial! Foi escrito por um amigo meu, o Leonardo Alves, ou Leo Branco, ou Leo - e isso é muito louco! Conhecer alguém, mas conhecer de verdade, que já publicou um livro, está disponível na Saraiva... Muito louco.

O Leo adora viajar, e já conheceu diferentes lugares do mundo, mas em 2009 ele foi para o lugar mais louco de todos: China, para passar um mês estudando mandarim, convivendo com chineses e conhecendo todos os pontos turísticos de Pequim. Ou Beijing.

Parênteses: Por que passamos a chamar Pequim de Beijing? Nós chamamos "London" de Londres, não? E "New York" de Nova York (ou Iorque!), não? Fecha parênteses.

É a visão da China e do mundo oriental de um estudante brasileiro de 20 e pouquinhos anos, bem aberto a conversar com as pessoas (mesmo se for uma chinesa na fila para ver o corpo embalsamado de Mao perguntando sobre Jackie Chan), bem aberto para experimentar coisas novas (literalmente, de cérebro de cavalo - booooom - a bicho de seda - nojeeeeento), e escrever um diário bem aberto sobre o que está pensando de toda situação e fazendo comparações com a cultura ocidental e nosso modo de pensar. Tudo de uma maneira bem informal e sincera, como emails enviados para amigos devem ser (e foram, literalmente).

Dá vontade de conhecer a China pessoalmente, mas é ótimo ter a visão de uma outra pessoa, que faz jus ao título de turista, fazendo coisas que eu nunca faria (como comer coisas estranhas). (E para relativamente corajosos para ir até lá: há opções de pizza hut e macdonalds a restaurantes brasileiros).

É uma leitura fácil, rápida e divertida. Eu recomendo e faço propaganda: é possível comprar o livro na Saraiva e na Loja Singular.

PS: Hoje é o dia dos parênteses.
PPS: (Hoje.)
PPPS: (Adoro!)

4 de março de 2011

O retorno

A minutos de sair para o feriadão, deixo aqui uma recomendação de livro para vocês, que a minha mãe comprou e deixou eu ler primeiro, ainda com cheirinho de livro novo, que gostoso... Obrigada, mamy!

"O retorno", da autora inglesa Victoria Hislop, é um romance com direito a saga familiar num cenário pitoresco e turbulento de política e guerra. Ele começa com Sonia Cameron, uma inglesa que gosta de dançar salsa - pois é - indo com uma amiga que também dança passar uns dias em Granada, no interior da Espanha, para fazer um curso de, claro, salsa. (Essa parte realmente me surpreendeu, ingleses dançando salsa?)

Lá, ela conhece o dono de um dos cafés do centro da cidade, Miguel, que acaba por lhe contar toda a história de uma família, os Ramirez: os pais Pablo e Concha, os filhos Antônio, Ignácio, Emilio e Mercedes. Cada um dos filhos é bem diferente do outro, um é professor, outro é toureiro, um gosto de música, e a garota gosta de flamenco. Eu sou apaixonada por flamenco, então todas as descrições de dança, roupa, música, me deixaram boquiaberta. (Particularmente, com muita vontade de ir para a Espanha também).

Logo rompe a Guerra Civil Espanhola, e embora seja uma obra de ficção, eu sempre gosta de acreditar que o autor tenha feito uma boa pesquisa histórica e todos os relatos me impressionaram demais. Nós não aprendemos muito a história espanhola, e essa disputa política que dizimou o país, prendeu muitas pessoas e tornou milhares refugiados me parece muito o noticiário que ouvimos a respeito da Líbia atualmente. Particularmente, há muita descrição dos embates aéreos em que se jogavam bombas em cima de cidades e seus civis, ou metralhava-se pessoas fugindo na estrada. Guernica, tem completamente outro significado para mim agora.

  
O enredo do livro é interessante, mas o ponto principal do livro é o relato sofrido da guerra, toda a história política. (E o flamenco, vai. É lindo demais!)

28 de abril de 2010

Dez anos no mar

Editora Record

Mudando completamente de assunto, li o livro da Família Schürmann, escrito majoritariamente pela mãe, Heloísa, contando como foi que eles passaram dez anos no mar.
A história parece muito louca para ser verdade em alguns momentos, é uma família " financeiramente normal" (sem um poder aquisitivo alto), que resolve pegar os filhos de 7, 10 e 15 anos e fazer uma viagem de volta ao mundo num barco. Simples assim.
E a história vai sendo contada de maneira tão simples e direta, sem nenhum floreio, que você fica pensando: "nossa, a vida real é assim mesmo, sem musiquinha de fundo ou frases melosas para dramatizar".
É muito admirável também como eles encaram o desafio, que eles chamam de sonho - basta coragem de correr atrás.
E não é que tenham problemas - e muitos ocorrem, como "quase-acidentes" com outras embarcações, taxas exorbitantes, falta de dinheiro, furtos, um desmastramento no meio do mar, um vazamento de gás dentro do barco, ou até nativos se comportando estranhamente numa ilha do pacífico. Mas é admirável como eles encaram tudo isso, sem se abalar ou ficar se lamentando, continuando em frente rumo aos sonhos.
Não dá para contar todos os detalhes, mas uma das partes que eu mais gostei foi das visitas a diversas ilhas do pacífico, com tribos isoladas e com costumes muito diferente dos nossos. Coisas como pedir marido emprestado por uma ou duas noites só, para ter filhos loiros ou o marido arrancar os dentes da frente da mulher se ela É uma boa esposa e as mulheres com dentes terem vergonha de mostrá-los...
Nesse momento, é muito bom ser ocidental, não?
Esse livro é meu, advindo de uma troca de livros na empresa do meu marido, diponível para empréstimos!