15 de outubro de 2025

Vera

 

Editora Todavia

José Falero, em seu livro Vera, nos leva a iminência de tanta coisa terrível, que não há como ficar tensa o tempo todo - mas, por uma incrível alegria - há amor em Porto Alegre, e há alívios e respiros na vida desses personagens, tão reais, tão humanos, tão próximos.

Um livro contemporâneo brasileiro muito bom.

9 de outubro de 2025

Água Fresca para as Flores

Editora Intrínseca

Água Fresca para as Flores, de Valérie Perrin, tem quase 500 páginas, e é um livro que flui, levando-nos a descobrir os detalhes com a narrativa que vai e volta no tempo, mas nada muito complexo, e eu estava precisando de algo assim mais despretensioso.

Eu fiquei curiosa a respeito de um mistério (relacionado a uma investigação de crime) e depois ele me pareceu um anti-clímax... Mas uma amiga me disse que o livro não era sobre isso, e sim sobre a vida da personagem principal, bem comum, a Violette. Bem, se olhar por essa ótica, o livro é melhor do que eu achei.

Eu também não gostei muito dos interesses românticos masculinos, eu acho que o livro seria melhor se eles não fossem tão obcecados por uma só pessoa a vida toda.

Assim, com vários poréns, eu ainda recomendo esse livro para mulheres, e para clubes de leitura, especificamente.


 

5 de outubro de 2025

Ressuscitar Mamutes

 

Editora Autêntica

"Ressuscitar Mamutes" é um título incrível por si só, e aí a Silvana Tavano vai e traz as informações de divulgação científica sobre exatamente isso que estão tentando fazer: criar novamente mamutes para complementar a biosfera atual. Além disso, ela amarra isso muito bem com a história que parece mais auto ficção, sobre a sua mãe e o luto pela sua morte.

É um livro muito bonito, e que ressoou bastante comigo, mas eu gostei mais da primeira parte do que da segunda - parece que o livro tem uma quebra, e a velocidade muda. O final é bom - e faz pensar na nossa vida.



4 de outubro de 2025

Garota gay, bom Deus

 

Editora Fiel

Jackie Hill Perry é poeta, e o título de seu livro tem uma aliteração em inglês: Gay Girl, Good God, e o subtítulo realmente explica o que ela se propõe: "A história de quem eu era e de quem Deus sempre foi". Ela é bem particular em relatar sobre sua vida, e a experiência espiritual que ela teve e que a fez se afastar das práticas lésbicas - e o suporte que ela teve de pessoas ao seu redor (incluindo uma mentora e namorado e depois marido) para se manter na vida que ela achava melhor.

Na sua narração, ela cita várias passagens bíblicas (não especificamente sobre pecados), mas sobre Jesus, milagres (como do cego que voltou a ver) e santificação.

Os comentários do Goodreads atacam um pouco a autora, mas também quem avaliou bem o livro. É um livro bem particular sobre a trajetória da autora - no final que tem alguns conselhos sobre caminhada cristã, mas achei que passa longe do que falam por aí como "cura gay". Acho, inclusive, que quem for ler esse livro buscando ajuda para alguma situação específica, vai entender que é mais sobre Deus do que qualquer coisa.


2 de outubro de 2025

As Mentiras que as Mulheres contam

 

Editora Objetiva

Luís Fernando Veríssimo primeiro publicou as mentiras que os homens contam, mas em tempos de igualdade de gênero, as mulheres não podiam ficar para trás, então eis aqui As mentiras que as mulheres contam. Com seu humor peculiar, ele nos apresenta a primeira mentira que os homens ouvem: "olha o aviãozinho". E sim, que certeiro!

Não é o seu melhor livro, mas ainda é bom. Que descanse em paz.



30 de setembro de 2025

Trilogia de Copenhagen

 

Editora Companhia das Letras

A trilogia de Copenhagen são três volumes autobiográficos da autora Tove Ditlevsen: Infância, Juventude e Dependência. Ela é poetisa, mas esse livro sobre sua vida que se tornou mais famoso Ele foi publicado na Dinamarca em 1967, mas ficou famoso ao redor do mundo mais recentemente, com muitas traduções.

É incrível como podemos conhecer a menina, a jovem, e depois a mulher adulta - com filhos, obras publicadas, e um vício em opioides que a levou a morte - essa obra em particular termina quando ela está tentando a desintoxicação pela segunda vez.

Ela veio de uma classe baixa, então é interessante também o cenário social - o que são pessoas pobres no pós II Guerra na Europa.

É um livro sofrido e muito bom de ler.


29 de setembro de 2025

O Bom Stálin

 

Editora Kalinka

Víktor Eroféiev escreveu essa obra na década de 2000. Parece um livro de memórias, principalmente centrado na figura do seu pai - o tal Bom Stálin - que fez carreira como funcionário público e perdeu seu prestígio na publicação do almanaque Metropól por seu filho, que também o levou a ser perseguido pelo governo da URSS.

É um bom panorama da sociedade soviética privilegiada, na segunda metade do século XX. Mas a narração é confusa, ela vai e volta, e é fácil se perder sobre quando e com quem os episódios que ele conta acontecem. 

Aprendi bastante de história recente na discussão no clube do livro, mas não recomendo, porque achei meio chato.


Igrejas que Calam Mulheres

 

Editora Mundo Cristão

Este é o primeiro livro que eu leio do Yago Martins, e um claramente conservador sobre o papel das mulheres. No entanto, considerei até que razoavelmente moderado em algumas opiniões, como o fato de admitir diaconisas nas cartas de Paulo.

No começo, fala que é um livro voltado para pastores, mas a medida que ele avança, fala diretamente com mulheres e homens membros da igreja. 

É interessante por desconstruir algumas doutrinas sobre véus, vestes e estética, mas achei um pouco fraco o capítulo sobre trabalho (não é pecado a mulher trabalhar fora de casa, mas também não é necessário). Embora, pelos relatos de seu trabalho pastoral, ele seja bem compreensivo sobre as diferentes configurações das famílias brasileiras. Mas é isso, compreensivo, como se o ideal fosse ainda a casa da mulher de provérbios 31, que inclui, é claro, servos. (Eu sempre me questiono: esses servos tem família? Eles são filhos de Deus? Essas mulheres servas também não deveriam estar em casa e não servindo a mulher virtuosa?)

De qualquer forma, ele cita extensamente as atrocidades que são faladas por outros pastores, líderes e influencers cristãos (se é que são cristãos mesmo), então esse livro é sim uma postura bem moderada e razoável. 






19 de setembro de 2025

Carta à Rainha Louca

 

Editora Alfaguara

O livro de Maria Valéria Rezende, Carta à Rainha Louca, é uma ficção histórica, no final do século XVIII, dando um panorama geral sobre a sociedade brasileira da época - o tratamento dos escravizados, as filhas de família rica, e os outros: as mulheres e homens não tão livres assim.

Apesar da linguagem antiquada, o livro é uma crítica social muito condizente com a atualidade, o que é interessante, mas realmente descaracteriza como romance histórico, na minha opinião. Mas será que é possível não ter esse viés, mesmo quando não for tão óbvio quanto o é nesse livro?

Recomendo a leitura - mas pode ser um pouco cansativo.

14 de setembro de 2025

Wolf Hall

 

Editora Todavia

Eu queria muito ter amado "Wolf Hall", da Hilary Mantel, por diversos motivos: é sobre a realeza da Inglaterra, é um romance histórico, ganhou muitos prêmios... Mas a verdade é que o livro se arrastou pela minha vida nos últimos meses (um pouco por ser um livro físico), e eu acredito que, principalmente, por eu não conhecer tão bem a história inglesa.

Acredito que os leitores locais devem já ter muitas referências sobre os personagens - a começar pelo Thomas Cromwell, e aí algumas piadas internas, ou sacadas de desenvolvimento de personagens, estão além da minha compreensão. 

Mesmo assim, é interessante ver a construção ficcional desse período tão crítico: o momento que Henrique VIII quer se casar com Ana Bolena, e como nada é tão simples como "ele queria o divórcio, então criou a Igreja da Inglaterra separada da Igreja Católica".

É um bom livro, merece seus prêmios, mas incrivelmente me parece muito regional.

12 de setembro de 2025

Mentiras em que as meninas acreditam e a verdade que as liberta

 

Editora Vida Nova

É só um livro cristão dos Estados Unidos fazer sucesso que vão surgir inúmeras variações. Aqui, a obra original é "Mentiras em que as mulheres acreditam e a verdade que as liberta", de Nancy Leigh DeMoss, do ano 2000. Vinte e cinco anos depois, já temos mentiras sobre homens, garotos, garotas, meninos, meninas...

É um bom livro: muito claro, com atividades para interação e momentos claros que falam: vai contar isso para a sua mãe! (e, adivinhem, um livro específico para as mães ajudarem as crianças a lerem esse livro). (não comprei nem um nem outro, li no kindle unlimited).

Em um dos capítulos, que fala sobre a mentira de ter mais liberdade, a autora justifica que as meninas precisam primeiro de mais responsabilidade, afinal, com 14 anos antigamente já se casava... Mas no capítulo sobre namoro, fala que não é para namorar porque se é muito novo - ou seja, o mesmo argumento não vale. (Não sou a favor de namoro para meninas de 8 a 12 anos, a quem esse livro é destinado, mas não gosto de argumentos fracos sobre esse assunto).

O outro ponto é que eu achei bem radical a regra de aplicar a todo entretenimento em Filipenses 4.8. Eu acredito que deve existir limites, claro, mas vai sobrar pouca coisa no mundo se aplicarmos as regras que a autora sugere:

- Não tem nenhuma inverdade, como ensinar sobre evolução ou dizer que Deus não é real.

- Não tem cenas, letra ou situações que fazem coisas coisas ruins, como beber ou usar drogas, parecer atraentes

- Seus pais diriam que não tem problema você assistir ou ouvir (A única regra que deve valer, na minha opinião)

- As pessoas se vestem e falam com recato.

- Não deixa em sua mente pensamentos ou imagens feias ou violentas.

- Você mostraria para seus pais, seu pastor, seus professores e outros.

- Foi criado com cuidado e a ajudou a usar a imaginação.

- Você recomendaria para outros.

Claro que, provavelmente, a ideia seja levar a não assistir por nografia, mas vai pelo ralo quase tudo.

Assim, eu estou considerando ler com minhas filhas, acho que tem muitas lições valiosas, mas tem realmente esses dois poréns.

Todo o resto é muito cedo

 

Editora Bazar do Tempo

Eu resisto pouco a títulos diferentes, e esse do livro da Luiza Mussnich é muito bonito: Todo o resto é muito cedo. 

Além disso, vale a pena, de vez em quando, ler poesia - e ainda algo contemporâneo, mostrando que poesia de amor ainda cabe nesse mundo.

Eu gostei, mas não amei. 


10 de setembro de 2025

Despertar

 

Editora Recriar

O livro "Despertar" de Karen Colares é uma introdução sobre teologias feministas, e ela explica as principais vertentes, diferenciando os pressupostos de cada linha.

Os primeiros capítulos parecem ter uma linguagem mais técnica, de quem estuda Humanas, e para mim, ficou menos fluido, mas os capítulos de interpretação prática são mais claros.

A autora questiona o Cânone das Escrituras e a autoria de alguns livros, mas contribui para nossa reflexão sobre o texto bíblico, o contexto cultural e a identidade e o papel da mulher hoje, mostrando claramente como Jesus, além de Salvador, foi totalmente disruptivo em relação a sociedade da época, respeitando e valorizando as mulheres com as quais interagia, e os conhecimentos que passava.

Eu recomendo para quem se interessa sobre feminismo e fé cristã.


5 de setembro de 2025

Esboço

 

Editora Todavia

O livro de Rachel Cusk faz jus ao nome: Esboço. Parece um diário de viagem de uma professora de escrita criativa, relatando seus encontros numa viagem para a Grécia, principalmente o que ela ouve da história de vida das pessoas - a começar de um homem no avião.

A leitura flui sem esforço, mas parece não chegar em lugar nenhum - apesar de termos alguns vislumbres sobre a vida e características da narradora através da interação com outras pessoas. Consigo ver que a autora escreve bem, mas a histórica ficou um pouco sem sentido - ou sem direção - ou então abriram-se tantas possibilidades que não se chega a lugar algum. 

Nota 3.5, e recomendo apenas para quem já ouviu falar do livro e ficou curioso (Tem no app Biblion).

2 de setembro de 2025

Viagem de Petersburgo a Moscou

 

Editora Boitempo

No clube do livro, começamos nosso ciclo de literatura russa com essa obra que eu não conhecia: Viagem de Ptersburgo a Moscou, de Aleksandr Radischev. Ele foi um dos enviados pela imperatriz Catarina para estudar na Alemanha - aprender com a nata da Academia na época - e voltou com um olhar crítico para a sociedade russa muito aguçado.

É um livro curto (cerca de 250 páginas), mas ele trata de temas significativos: justiça, moral, censura, colonização... Não é um livro fácil, mas é denso e muito pertinente para a época (ele foi considerado o revolucionário Zero do que viria a ser a Revolução Russa em 1917) e também para hoje em dia. A discussão sobre censura e liberdade de imprensa, por exemplo, ecoa na nossa época de redes sociais.

Recomendo para quem se interessa por uma ficção que parece quase uma não ficção, quem gosta de história russa, e quem se interessa por temas filosóficos - e se ler num clube do livro, a discussão pode ser bem boa!

31 de agosto de 2025

Sobre os ossos dos mortos

 

Editora Todavia

Olga Tokarczuk é um autora polonesa ganhou o Nobel de 2018, e o livro que popularizou aqui no Brasil foi esse, Sobre os Ossos dos Mortos.

A personagem principal é uma senhorinha, com a qual eu já simpatizei nos primeiros capítulos. Ela tem umas tiradas muito boas, e vai vivendo a vida dela do jeito que quer, o que eu sempre admiro. 

A história é boa - mas, veja bem, não deu para entender porque ela ganhou o Nobel. Eu admiro muito mais o trabalho da Han Kang em termos de originalidade e forma. Aqui é mais o simples bem feito (o que eu também recomendo).


24 de agosto de 2025

O Diabo Mesquinho

 

Editora Kalinka

Quando comecei a ler esse livro, achei interessante, um humor quixotesco, com um personagem absurdo: um professor de um vilarejo russo que resolve que precisa casar para ser promovido a inspetor em sua carreira pública.

Ao longo da história, ele vai enlouquecendo, tendo alucinações, achando que está sendo perseguido - pela polícia, pelo gato, por pessoas escondidas atrás do papel de parede... é muito bizarro. As pessoas ao redor não se alarmam - ou melhor, consideram tudo um motivo para dar risada e provoca-lo mais. Lá pelo meio do livro, surge uma história paralela entre uma mulher adulta e um garoto que deve ter uns 13 anos, muito estranha e desconfortável também. Tudo parece ter um tom de humor, mas aí eu já não estava achando nada divertido.

Pode ser uma crítica a vida russa do começo do século XX, ou a estrutura de cargos do governo, ou às expectativas de carreira de um funcionário público, mas fiquei perdida, e só restou um ódio de todos os personagens - com exceção do Sacha, de quem tive dó.



21 de agosto de 2025

The Housemaid

 

Editora Bookouture

Cedi a hype e li A Empregada - livrinho fácil de mistério, e com um plot twist previsível, e um subplot um pouco mais surpreendente. Assim como todos os personagens homens são lindos maravilhosos, temos circunstâncias que ajudam bastante a mocinha da história, de forma muito forçada, sim senhora.

O que eu fiquei mais impressionada é com o subtítulo: atrás de portas fechadas, ela vê tudo. Só que não. Ela não vê mesmo.

Entendo o sucesso, mas tem coisa melhor por aí.

17 de agosto de 2025

Teologia Pastoral

 

Editora Thomas Nelson

Martin Bucer publicou esse livro em 1538 - quase 500 anos atrás - e praticamente tudo o que ele diz aqui é bastante pertinente para os tempos atuais - com exceção, talvez, da discussão com a igreja católica romana que é bem característica do período da Reforma.

O autor realmente foca no que o subtítulo diz: sobre o verdadeiro cuidado das almas, e baseado em Ezequiel 34, define o serviço do pastor, como selecionar e formar pessoas para exercer esse serviço, e também classifica os tipos de ovelhas, e como podem ser cuidadas em cada caso. É lindo de se ver. 

Ele também fala do argumento dos pastores casarem: para alguém cuidar da vida deles enquanto eles se dedicam ao trabalho ministerial - e enquanto é um serviço por deveras nobre e respeitável, não menciona nada sobre mulheres também trabalharem para o serviço de Deus (parece que as freiras e outras mulheres de vocação ao serviço ministerial foram esquecidas nesse momento).

Recomendo fortemente. Está no kindle unlimited e no aplicativo Pilgrim.

16 de agosto de 2025

The Exception to the rule

 

Editora Amazon Original Stories

Ah, às vezes, só precisamos de uma história para descansar a cabeça, não é? Esse livro - quase um conto - da dupla Christina Lauren faz isso com maestria: quase toda em troca de e-mails, sem complicar muito (com direito a uns: ah, vá! no meio), e com o final feliz que queremos. 

Menção honrosa a um título que funciona bem desde o começo: "the exception to the rule" começa com o mocinha falando que garotas só escrevem com muitos pontos de exclamação - e ela é a exceção a regra. 

Recomendo. 


12 de agosto de 2025

James

 

Editora Todavia

James foi um estrondoso sucesso nos Estados Unidos, e muito merecido. Percival Everett pegou um personagem secundário do clássico Huckelberry Finn de Mark Twain e deu a ele uma "aventura" própria. Além de recontar a história, ele traz pontos muito originais sobre o uso da linguagem e é impressionante como ele faz isso, causando um desconforto e assombramento ao leitor ao mesmo tempo.

Também há uma discussão sobre colorimetria - sempre pertinente, e sempre relevante culturalmente.

Recomendo muito.


7 de agosto de 2025

A Geração Ansiosa

 

Editora Companhia das Letras

Logo no início do livro A Geração Ansiosa, dá para perceber que é um ótimo livro, de uma tema importantíssimo para as pessoas que estão criando filhos hoje (e diria para toda a sociedade, porque sim, se algo afeta toda uma geração, com certeza vai afetar como o mundo funciona).

Jonathan Haidt é um psicólogo social e fez uma pesquisa muito bem fundamentada para escrever esse livro (nota-se pelas dezenas de páginas de notas e bibliografia). Além de analisar a situação, ele propõe soluções práticas para lidar com a questão da infância hiperconectada. Há muitas dicas para quem é dos Estados Unidos, mas é possível aplica-las aqui também. Proibir celulares nas escolas é uma proposta desse livro, e espero que outras possam ser implementadas aqui.

Há recomendações simples para as famílias também, independente de governos ou instituições escolares, então sugiro não deixar para depois (mesmo se o seu filho tiver 3 anos e você ainda nem sonhar em dar um celular para ele ainda).


6 de agosto de 2025

O Milagre

 

Editora Venus

Emma Donoghue ficou muito famosa com seu livro "Quarto", que virou filme, e "O Milagre" não é tão impactante no mesmo nível, mas interessa ao trazer uma história ficcional sobre pessoas reais: garotas que jejuavam por motivos religiosos. É todo um fenômeno que eu não conhecia e traz pontos importantes sobre religião, parentalidade e cuidado médico. Vale a leitura.

4 de agosto de 2025

A Consciência de Zeno

 

Editora Nova Fronteira

"A Consciência de Zeno" começa com um psicanalista dizendo que resolveu publicar sim os textos que um de seus pacientes escreveu quando convidado a refletir sobre sua vida - lembrar do que aconteceu para "se curar". Curar-se do quê? Do hábito de fumar, o qual ele passou a vida toda sempre a ponto de parar, mas nunca parando.

Italo Svevo cria um personagem chato - o Zeno - mas muito interessante, porque ele mesmo sendo o narrador da sua vida, dá para perceber o quanto ele se engana (aparentemente) ao contar o que acontece, e o tanto que dá para presumir da realidade ou das pessoas ao seu redor.

A ideia é ser engraçado, eu suponho, mas dá raiva também de como pode ser tão besta um homem sem necessidade de trabalhar e sem muita inteligência (o próprio pai deixa um testamento dizendo que ele não pode administrar os próprios bens recebidos em herança).

É uma boa leitura e rendeu ótimas discussões no clube do livro desse mês.

Sem Despedidas

Editora Todavia

Este é o terceiro livro da Han Kang que eu leio e definitivamente o que eu mais gostei.

Já tinha gostado do título em inglês: "we do not part", algo como "nós não nos separamos" (eu adoro essas declarações impossíveis com verbos no presente, como "never let me go"). Na entrevista logo depois de ganhar o Nobel, ela diz que é um ótimo ponto de partida para sua obra, e fala de outras possíveis traduções para ele em inglês como "Eu não me despeço" ou "Despedidas impossíveis". Assim, é bom saber que o título em português, Sem Despedidas", significa que não há separação e não que não houve o "tchau", mas as pessoas se afastaram.

É muito sensível a descrição da conexão entre duas mulheres, a amizade, e como pode ser delicado e complexo esse relacionamento. Belíssimo.

A trajetória da personagem através do país, as descrições de paisagens, céu, mar, árvores, e neve - muita neve - são muito bonitas, é como se estivéssemos lá (de uma forma não óbvia).

Por fim, a descrição de um outro massacre na história da Coreia do Sul (além daquele de Atos Humanos) é algo que realmente me impressionou e me doeu.

Han Kang merece com toda certeza seu Nobel de Literatura, e agora é certo: vou ler tudo o que ela publicar.




 

27 de julho de 2025

Jantar Secreto

 

Editora Companhia das Letras

Eu gostei da história de Jantar Secreto, do Raphael Montes - impressiona, choca, faz pensar, entretém - mas não é um livro impressionantemente bom. Tem pontas da história de suspense que parecem soltas, não há uma preocupação em deixar tudo redondo - ou, talvez, por ser uma trama de dimensões ousadas - o autor resolveu deixar assim mesmo, pela impressão geral.

Dá para entender que pode ser um filme bom (e talvez lembrar de outros filmes de mistério / terror por aí), e acho muito legal que é um autor brasileiro nessa temática, em histórias contemporâneas, mas acho que a minha dose de violência explícita já deu.

26 de julho de 2025

Amanhã Tardará

 

Editora Planeta

No livro "Amanhã Tardará, de Pedro Jucá",  temos um narrador em primeira pessoa, Marcelo, falando em primeira pessoa numa linguagem muito artificial - um suplício em capítulos curtos. Dá para perceber que alguns trechos são mais formais e trechos menos, mas não dá para entender se isso está alinhado com a história ou não.

No goodreads, alguns leitores disseram que "o livro melhora", mas atenção, não é a forma de escrita, e sim acredito que o interesse na história "distrai" do formato. 

O livro me lembrou "tudo é rio", uma história forte e com cenas explícitas, que pode acabar ganhando o leitor pelo assombro - mas sem a linguagem poética de Carla Madeira, dificilmente vai fazer tanto sucesso assim. 

25 de julho de 2025

Duna

 

Editora Alelph

Duna é um livro tão interessante, que eu passei as últimas semanas (e espero continuar por um tempo) perguntando por aí: você já leu Duna? você já leu Duna? Só para poder assuntar sobre a história um pouco.

Por ser um livro de 1965, até que tem bastante gente que já leu ou conhece, é realmente um clássico da ficção científica e uma construção de mundo MUITO boa - história, sociedade, ecologia, ciência, espiritualidade. 

Ainda não assisti os filmes (nem o antigo, nem os mais recentes), mas vou chegar lá. 

O passo seguinte foi ver a lista de livros, e já são 22! Mas a maioria não foi escrita pelo autor original, Frank Hebert, que escreveu seis. Ainda não sei se vou ler todos - há opiniões que a qualidade dos livros vai decaindo ao longo do tempo... 

O que vocês acham???


24 de julho de 2025

O Perigo de estar lúcida

 

Editora Todavia


No segundo livro que eu leio da Rosa Montero, posso já dizer que eu sou fã da escritora? Gosto da maneira que ela mistura não ficção, ensaio, crônica, ficção e vai conversando com a gente sobre diversos assuntos. 

"O perigo de estar lúcida" é de 2022, e de maneira bem coerente com o mundo pós pandemia, discute loucura, lucidez, saúde mental e as relações humanas, claro.

Adorei.

21 de julho de 2025

Hora Zero

Editora Nova Fronteira

Recentemente, a BBC fez uma série sobre esse livro da Agatha Christie, Hora Zero (Towards Zero), que não tem Miss Marple nem Hercule Poirot, mas tem o Superintendente Battle usando o que aprendeu com o nosso amado detetive belga.

O plot twist supreende, e a leitura flui - foi o livro que eu escolhi para ler em um dia de férias. Sucesso!

17 de julho de 2025

Por que amamos a igreja

 

Editora Cultura Cristã

Este livro foi publicado há 16 anos e, senhores, como o mundo já mudou nesse período! Temos agora smartphones, pós pandemia e todo um mundo virtual para viver. Além disso, o livro é direcionado muito especificamente para um movimento nos Estados Unidos de pessoas que querem ser cristãos sem participar de uma igreja - há sempre referências a livros publicados aos quais eles refutam os argumentos (por exemplo, A Cabana).

Os capítulos são alternados entre o pastor Kevin DeYoung e o líder de louvor (pelo que eu entendi) Ted Kluck, sendo que a proposta do primeiro é ser mais técnico e do segundo é trazer mais "cultura" e "humor", mas que me pareceu muito mais com deboche. 

Há alguns pontos interessantes, alguns argumentos bem fundamentados na Bíblia sobre ser igreja / fazer parte de uma igreja local, mas muito do livro é datado e específico demais para eu recomendar para esse momento (2025) aqui no Brasil. 

Queria muito ler um livro sobre igreja atual escrito por brasileiros. Alguém indica um?







8 de julho de 2025

Sobrevidas

 

Editora Companhia das Letras

Abdulrazak Gurnah ganhou o prêmio Nobel em 2021, e esse foi o último livro que ele lançou antes de ser premiado. Em Sobrevidas, estamos no começo do século XX, na costa oeste da África, na interação entre tantos povos: os nativos, indianos, alemães e ingleses, e religiões diferentes também: local, muçulmana, evangélica. Lendo a história, ficcional, entre citações de eventos reais (como a I Guerra Mundial), tudo o que eu pensava era: como eu desconheço tanto da África!

Demora um pouco para nos envolvermos com os personagens, e o final é tão apressado que parece que estava acabando o papel do mundo, mas o livro é ótimo para abrir uma cortina sobre eventos recentes do mundo.  


2 de julho de 2025

Depois do Trovão

 

Editora Companhia das Letras

Logo no começo de Depois do Trovão, eu me peguei emocionada lembrando de Grande Sertão Veredas, um livro que eu amo. Era as reminiscências ao contar a história, um narrador mais velho, a linguagem, o sertão... 

Mas o livro de Micheliny Versunschk traz outras camadas: o foco da narrativa é indígena, assim como seus outros livros. Estamos no século XVII, no meio das guerras entre os colonizadores e a população indígena nativa, algo que não se vê nas aulas de história do Brasil. A linguagem também oscila, variando com o que está sendo narrado: às vezes temos uma proximidade maior com o português padrão (há até uma carta em escrita formal) e às vezes temos tantas palavras de idiomas nativos, que fica um pouco confuso (mas, como é dito no final do livro, é possível achar o significado das palavras na internet, e por isso que não há notas - e temos aí outra semelhança com o livro de Guimarães Rosa: o melhor é se entregar a história e ao estranhamento e a releitura, até ao encantamento).

A capa do livro é linda e totalmente pertinente: estamos sim falando da identidade do nosso país.

Agradeço a editora por me disponibilizar esse livro pelo NetGalley.

1 de julho de 2025

A Mulher Enjaulada

 

Editora Record

Aconteceu, gente.

Venho aqui comunicar a todos que achei uma série melhor que o livro. No caso, a série Dept. Q da Netflix, que se baseia no livro A mulher enjaulada do autor dinamarquês Jussi Adler-Olsen.

Eu assisti primeiro a série, e gostei tanto dos personagens, principalmente, que acabei querendo mais.  Quando eu vi que tinham 10 - DEZ - livros na série, queria ler todos. Mas aproveitei que o primeiro, em português, estava no kindle unlimited, baixei e comecei a ler (só tem os dois primeiros traduzidos, pelo que eu vi). 

Só que, como sempre, tem diferenças entre o livro e a série, e TODAS as diferenças melhoraram a trama do livro. Há mais personagens femininos e eles não são descritos apenas pela sua beleza ou utilidade para o personagem principal (que é mais chato no livro), o personagem sírio é menos caricato e traz uma outra camada de mistério para a história, e até a justificativa do crime é melhor. 

Então é isso, assistam a série, e torçam comigo por uma segunda temporada!


29 de junho de 2025

A ordem do Ipê Branco

 

Publicação Diogo Carneiro

A proposta desse livro de Digo Carneiro é escrever uma aventura épica em ecossistema brasileiro, e ele consegue ter um produto ótimo: A ordem do Ipê-Branco é o primeiro volume das tais Crônicas de Pantaikan.

Na edição de capa dura que eu li, as ilustrações são lindíssimas - e é o maior trunfo do livro. Os personagens da fauna brasileiras são interessantíssimos - temos uma capivara antes de capivara virar esse animal famoso. Mas a narração tropeça um pouco, e poderia ser melhor editada, sendo confusa em algumas partes.

23 de junho de 2025

The Wedding People

 

Editora Henry Holt and Co.

A premissa do livro é interessante: uma pessoa resolve se suicidar depois de curtir os seus últimos momentos num hotel maravilhoso, mas a noiva que vai ter seu casamento ali nos próximos dias pede que ela mude de ideia para não estragar a semana perfeita que ela planejou - e que não envolvia alguém morrendo em um dos quartos. A personagem principal então resolve aguentar mais uns dias (que envolvem ficar no quarto de graça, já que ela mesma só tinha dinheiro para uma noite). Aí que a história vai tomando um rumo cada vez mais bizarro, e encaminha-se para um romance padrão (previsível sobre quem vai ficar com quem, e todos felizes no final).

O que cansa, realmente, é o tanto que o narrador explica o que os personagens estão sentido, como se fosse uma contínua sessão de terapia. Dá para entender o apelo, e o que é discutido muitas vezes é muito pertinente para as situações dos personagens, mas, mesmo assim, fica tudo parecendo forçado.


17 de junho de 2025

Se eu fechar os olhos agora

 

Editora Record

Ao contrário do primeiro livro que eu li do Edney Silvestre, A felicidade é fácil, esse eu não gostei tanto. Até fui ver que eu achei umas partes cansativas - e esse livro "se eu fechar os olhos agora" é quase todo cansativo. Eu geralmente gosto de personagens idosos, mas o idoso da trama e os dois garotos são muito autoconscientes, esclarecidos até demais, numa época que não condiz com o discurso. As partes violentas são muito gráficas - principalmente sexuais, então é um sofrimento grande.

Além disso, o prefácio é de algum diretor da globo que adaptou o livro para uma minissérie (que eu não assisti), e logo de cara ele já fala das alterações que fez na história - então realmente parece que o livro está aí publicado para quem primeiro viu na TV (e, olha, pela quantidade de diálogo, parece que o autor já estava focando essa adaptação).

Realmente, não sei como ganhou um Jabuti.

10 de junho de 2025

Daisy Jones & The Six

 

Editora Paralela

Cheguei um pouco tarde para essa festa (o livro é de 2019, a série é de 2023), mas estava precisando de uma leitura mais leve e o livro Daisy Jones & The Six caiu muito bem. Não que a história seja totalmente leve em si - há drogas e rock n'roll - mas Taylor Jenkins Reid escreve de maneira fluida, e entrega um ótimo romance de entretenimento.

A estrutura do livro também é muito interessante: a narrativa é só feita através de trechos de entrevistas das pessoas que fizeram parte da banda ou que conviveram com ela, como se fosse uma história real.

A descrição dos personagens e de algumas cenas é tão boa, que chegou a decepcionar quando eu busquei na internet como foram feitas as imagens da minissérie - PUXA! a capa do disco parecia perfeita mesmo - sem o rosto de Daisy e Billy - e a foto da piscina também. 

A Daisy talvez exista por aí, a Camilla também, e o Billy definitivamente não - alguém sabe de onde estão saindo esses caras de livros de romance?

E sim, eu recomendo para férias, distrair e entreter.


6 de junho de 2025

A Polícia da Memória

 

Editora Companhia das Letras

Yoko Ogawa escreveu uma distopia delicada sobre memória e identidade, um livro muito bonito, para pensar sobre.

Adultos

 

Editora Bertrand

Eu adoro os livros da Marian Keyes - mas esse realmente deixou bastante a desejar... Não simpatizei com nenhum personagem, e o livro foi se arrastando por semanas até eu finalmente encarar as últimas 2 horas que faltavam (num total de 600 páginas)

Os temas sérios da vez são bulimia, gestão de negócios, imigração na Europa, pobreza menstrual e fidelidade conjugal. E sim, muitos temas sérios e muitos personagens, e a parte do humor foi muito pouca. 

E, para coroar, aparece um brasileiro filho de banqueiros chamado Tristão!


3 de junho de 2025

O Grande Mentecapto

 

Editora Record

Mentecapto é definitivamente uma palavra que não se usa mais, assim como todo o mundo d'O Grande Mentecapto de Fernando Sabino. Publicado em 1979, temos um louco "de carteirinha" passeando pelo estado de Minas Gerais numa viagem nonsense digna de D. Quixote. 

O livro tem aquele humor pastelão, inocente e violento, que é engraçado, mas me deu um nervoso também (tadinho do Geraldo Viramundo!)

Certamente faria sucesso com adolescentes, e boas discussões sobre humor, bullying, respeito e preconceito.





Caderno de Ossos

 

Editora Companhia das Letras


O livro de Julia Codo, Caderno de Ossos, pode ser sobre a ditadura no Brasil, sobre a busca dos desaparecidos da ditadura, sobre o fim de um casamento, sobre crises de família, sobre envelhecimento, sobre luto, mas é muito sobre memória e lembrança. 

O que sobra de alguém?

Seus ossos, seus registros num caderno, suas fotos, suas histórias contadas por outras pessoas. 

O que vai sobrar de nós?

Nessa narrativa reflexiva, acompanhamos um presente muito recente e um passado muito doloroso, tudo muito realista - parece mas não é auto ficção - sem cair em clichês ou pieguice, sem ser muito violento ou cru, mas deixando aquele desconforto de temas difíceis.

Literatura brasileira contemporânea de qualidade.

Agradeço a editora pela cópia pré-lançamento.

31 de maio de 2025

Um rio preso nas mãos

 

Editora Kapulana

"Um rio preso nas mãos" é um título claramente poético, e o livro todo é assim - tanto que estranhei muito a classificação de "crônicas" para os textos reunidos. Ana Paula Tavares é de Angola, então o nosso idioma é o mesmo, português, mas o vocabulário é bem diferente (e o glossário no final não está indexado ao longo do texto), e tanto na cultura é diferente, que ficou difícil acompanhar.



28 de maio de 2025

Toda mulher trabalha

 

Editora Fiel

Em algumas esferas cristãs, há todo um debate entre mulher que trabalha e mulher que não trabalha, ou que se dedica a família em tempo integral, mas Naná Castillo e Cláudia Iotti trazem "Sabedoria aplicada aos dilemas modernos", que é o subtítulo da declaração de verdade que é: "Toda mulher trabalha".

Toda mulher trabalha, hoje ou antigamente, e o que importa é se esse trabalho é feito em obediência a Deus, para servir a Ele e a outras pessoas. Essa é a tese principal do livro, e com certeza o capítulo em que isso é discutido é o melhor, até porque os princípios apresentados ali são aplicáveis para bastante coisa na nossa vida, não só a decisão de trabalhar ou não.

Depois de ler tanto sobre esse assunto (com viés cristão ou não), eu fico imaginando que realmente espantoso seria um livro como "Todo homem se dedica a família", "Todo homem cuida", "Todo homem é um ser humano integral e funcional". 



21 de maio de 2025

Apologética da Mamãe Ursa

 

Editora Pilgrim

Este livro é um conjunto de textos escritos por amigas (voluntárias?) do ministério Apologética da Mamãe Ursa, nos Estados Unidos, a respeito de movimentos ou ideologias que atacam a fé cristã.

Eu até achei o título interessante "Empoderando seus filhos para enfrentarem as mentiras da nossa cultura", mas a premissa principal da obra é que as ideologias podem fazer os filhos perderem a fé, saírem da igreja ou perderem a salvação. Aí que isso vai totalmente de encontro com a minha doutrina reformada, ou seja, a salvação vem pela graça, e é dom de Deus, não há nada que possamos fazer - como mães, como filhos, estudando, deixando de estudar - para receber a salvação. 

Então é para jogar o livro fora? 

Ainda não - porque eu realmente o li inteiro.

A ideia é boa: reconhecer que há nas ideologias não cristãs pontos válidos e pertinentes para a nossa vida (o que chamamos de graça comum), mas entender também o que não é condizente com a nossa fé. Mas as autoras fazem isso de uma maneira meio zombeteira e superficial,  para não tornar o livro muito denso (afinal as mães são muito ocupadas para estudar algo, ao que parece). Então eu fiquei bem incomodada com o tom do livro também.

Não gostei do tom, não gostei da premissa, mas, logo no final, a parte do feminismo me surpreendeu, então deu para perceber que essa história de várias pessoas escreverem o mesmo livro o deixa realmente heterogêneo demais. 



18 de maio de 2025

Uma Livraria com Aroma de Canela

 

Editora Intrínseca


Laurie Gilmore entrega um livro de romance de entretenimento romântico padrão - todo mundo lindo, problemas bem encaminhados para soluções, dificuldades de comunicação que tornam a paixão mais forte.

Promete uma "grande aventura", mas não entrega: é só um passeio de barco e enfrentar um pequeno trauma (medo de altura), sem maiores consequências.

Tem essa capa com vibe de outono - que, pelo que eu entendi do Goodreads, é quase um sub-gênero - mas a história se passa no verão de algum lugar meio frio - com mosquitos. 

Para passar o tempo.



17 de maio de 2025

No fundo do poço

 

Editora Dublinense

A personagem principal do livro mora literalmente "no fundo do poço", ou é assim que chama o condomínio que ela vive com seus 5 filhos, num aluguel social em Londres por volta de 1970. Em capítulos curtos, episódios isolados vão construindo a vida dessa personagem e dos outros ao seu redor, com uma humanidade tamanha, que cria uma conexão conosco, os leitores, mesmo estando tão longe - cultural, temporal e geograficamente.

Buchi Emecheta é uma autora como Guimarães Rosa, através do local e específico traz o que é de mais humano em nós.

14 de maio de 2025

Ei, Deus, está aí? Sou eu, a Margaret

 

Editora Rocco

O livro de Judy Blume acompanha uma pré-adolescente, a Margaret, numa casa nova, escola nova e falando sobre assuntos novos: sutiã, menstruação e garotos. A pitada extra foi coloca-la como filha de um judeu e uma cristã, que resolvem "não ter religião" e deixa-la escolher quando adulta. Com 11 para 12 anos, ela decide fazer sua própria pesquisa sobre diferentes religiões, enquanto tem conversas com Deus quase diárias...

O engraçado mesmo é esse livro de 1970 que poderia ser usado para muitas conversas entre pais e filhos estar nas listas de livros "contestados" dos Estados Unidos...

10 de maio de 2025

Corpos Secos: Um romance

 

Editora Alfaguara


Não gosto muito de livros de terror, e não assisto filmes de terror NUNCA - realmente acho desconfortável sentir medo, mas resolvi dar uma chance para Corpos Secos, afinal, um livro de zumbis brasileiros poderia ser realmente bom, a ponto de ganhar prêmio?

E sim, pode ser sim. 

Os autores construíram uma história verossímil, não só pela origem toxicológica da pandemia, mas pelo que acontece com os personagens - as pessoas com medo, as pessoas fugindo, as pessoas negando, as pessoas criando alternativas, as pessoas se aproveitando da situação. Há de tudo, e tudo parece assustadoramente possível. 

Daria um ótimo filme também, e tenho certeza que faria sucesso em qualquer lugar do mundo.

8 de maio de 2025

A Consulta

 

Editora Fósforo

Lá pelas tantas nesse livro, A Consulta, de Katharina Volckmer, eu comecei a pensar: não gosto do narrador personagem ou não gosto do livro? E, se chegamos a esse ponto, senhoras e senhores, é porque o livro é bom - não importa quão incômodo ele seja (menos de 100 páginas, e eu resolvi lê-lo aos pouquinhos).

Porque é realmente incômodo, então não vou sair por aí recomendando para todo mundo, ou para qualquer um, ou para ninguém.