14 de junho de 2011

Serpente

Editora Companhia das Letras - Capa João Baptista da Costa Aguiar 
Depois de ler Milionários Demais, meu amigo me empretou este que é o primeiro livro sobre Nero Wolfe. "Serpente" não é a primeira aventura do detetive, que já é consagrado no seu meio, mas é interessante ver como o autor, Rex Stout, o apresenta nesse livro de 1934. (Para efeito de comparação, Hercule Poirot "nasceu" em 1920).

Agora eu já posso ver um pouco melhor o padrão de Nero Wolfe: cheio de empáfia, deduz os pontos principais dos acontecimentos, depois usa de subterfúgios para conseguir mais informações, geralmente através do seu assistente Archie Goodwin e mesmo para "pegar" o criminoso, ele é questionável do ponto de vista ético... Nada que não seja divertido de ler.

Para vocês terem uma noção, vou colocar um trecho aqui. (Contextualizando: o narrador é Archie, nesse momento ele chega na sala do Nero Wolfe que tinha pedido para o seu mordomo, Fritz, comprar uma garrafa de cada tipo de cerveja que ele encontrasse e levar para ele. O cara traz 49 garrafas, e então...)

"O que estava havendo, conforme Nero Wolfe explicou, depois de me convidar a aproximar a poltrona da mesa e depois que começou a abrir as garrafas, é que estava decidido a abandonar a cerveja contrabandeada, que durante anos havia comprado em barris e mantido num refrigerador no porão, caso conseguisse encontrar alguma marca da cerveja legal que fosse bebível. Também havia decidido que seis litros por dia era demais, tomava tempo demais, e que, assim sendo, de agora em diante iria limitar-se a cinco litros. Sorri quando ele disse isso porque não acreditava em uma só palavra, e sorri de novo ao imaginar a casa entulhada de garrafas vazias, a menos que Fritz passasse o dia inteiro de cima para baixo. Fiz um comentário que já havia feito antes, mais de uma vez: que cerveja deixa a cabeça das pessoas mais lenta, e que com seis litros que ele entornava por dia eu não conseguia entender como ele fazia para o seu cérebro funcionar tão depressa, num ritmo de que ninguém mais, no país inteiro, conseguia chegar nem perto. Ele respondeu, como também já havia feito antes, que não era seu cérebro que funcionava, mas seus centros nervosos inferiores. E, quando abri a quinta garrafa para ele provar, continuou, dizendo - e também não era a primeira vez - que não iria me insultar aceitando o meu elogio, pois se o elogio fosse sincero eu era um tolo, e se não fosse eu era um velhaco."

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