15 de junho de 2010

O Paradoxo Grego

Um livro pode ser bom geralmente por um dos seguintes motivos: história boa ou é bem escrito. O livro é ótimo quando o autor conta bem uma história legal. O que infelizmente não é o caso desse livro cristão de ficção, de Jef Chandley. Ele está aí para provar a afirmação do Marcos Botelho de que, se você acha que só pode ouvir música gospel, ver filme cristão, ler livro cristão, você só estimula um arte de baixa qualidade - afinal não tem parâmetro de comparação. Como ele disse - vai ler Saramago! (ateu, mas putz, como escreve bem! Eu creio num Deus que se manifesta das formas mais incríveis.)
Posto isso, vou explicar porque NÃO recomendo esse livro em particular. Primeiro, é mal escrito, e você nota isso rapidamente se já leu O código DaVinci ou a série Millenium, que são livros de ação e suspense que sabem prender a sua atenção, ou seja, que "não dá para parar de ler". Alguns trechos do "Paradoxo" parecem que foram escritos como redação de primário.
O segundo ponto é a história. Um resumo (já que você não vai ler mesmo, né?): um cientista acha a fórmula da vida eterna, pílulas que fazem você rejuvenescer e viver mais. Detalhe importante: cada pílula é feita de 3kg de cupuaçu processado (sim, da amazônia). A fórmula é roubada por uma quadrilha que fabrica a pílula e vende secretamente para as pessoas mais ricas do planeta, que podem pagar o valor exorbitante que eles cobram. Acontece que a quadrilha também é uma seita anti-cristã. Eles recuperam a ideia do tal "Paradoxo Grego" que diz: Deus sempre cumpre suas promessas. Se ele não cumprir algo que diz, então cria-se o paradoxo (eu realmente não consegui descobrir referências na internet se esse paradoxo existe mesmo).  E eles relacionam isso com João 21:22, quando Jesus diz para Pedro que quer que João permaneça até que ele volte. Então, o que os inteligentes da seita raciocinam?? Oras, João ainda deve estar vivo, porque Jesus ainda não voltou. E ele deve estar vivo por causa do cupuaçu, afinal, agora a gente já sabe que isso prolonga a vida. (!!!!!) Então, vamos ver quem compra cupuaçu no mundo, provavelmente um deles é João - dessa forma, podemos encontrá-lo e matá-lo para criar o tal do paradoxo - e ter Deus fazendo o que a gente quer. Olha que simples!
O livro se dá o trabalho de explicar que o cupuaçu é um fruto bíblico, conclusão do próprio cientista descobridor da fórmula da juventude. Quando ele se converte, ao ler a bíblia, ele percebe que as condições climáticas da era pré-diluviana seria igual a da amazônia atualmente, ou seja teria cupuaçu a vontade para justificar os 700, 900 anos das pessoas desse período (Adão, Matusalém, Enoque, Noé, etc). Veja só, eles comiam todos os 3 kgs necessários para rejuvenescer.
É claro que o autor não se deu o trabalho de explicar como João teria recebido cupuaçu em casa (provavelmente na Grécia), durante os praticamente 1500 anos que demorou para ter uma rota "regular" Europa - Brasil. (Não vamos nem considerar o início da exportação real do cupuaçu!) Afinal, eles não encontram João. Eles foram presos. (ok, eu pulei a parte que a interpol começa ir atrás deles porque eles estão matando gente, além de vender um produto farmacêutico ilegal - denúncia de um princípe da holanda, mas é assim que acaba). (Aliás, eu pulei várias partes, claro.) O ponto alto final é que para abafar o caso - depois de uma manifestação popular mundial contra o assassinato de João pela tal seita (isso mesmo, cristãos nas ruas, para que João, o incógnito, continue vivo), a Interpol derruba as torres gêmeas, em NY. Sim, foi uma conspiração anti-cristã!!!!
Ufa, se você chegou até aqui, a conclusão é simples - tem muitos livros bons no mundo, esse não é um deles, nem com seu propósito evangelístico (de cara, ele nem parece ser um livro cristão, o que poderia atrair alguns não crentes). Para os cristãos, estamos no mundo para usar a inteligência que Deus nos deu, não vamos "engolir" qualquer coisa só porque colocaram o rótulo de "cristão" nela, seja livro, filme, música. Vamos orar para levantarem pessoas para uma arte melhor qualidade. Essa pessoa inclusive pode ser você. 

3 comentários:

  1. Uma coisa é certa, acho que nem se eu usasse todas as drogas do mundo juntas eu conseguiria bolar uma trama tão complexa... Não é possível que o autor tenha pensado nisso tudo sozinho, ou ele estava de férias em Amsterdam...

    Parabéns pelo blog Taci, está aumentando o número de seguidores!!!

    E pra quem não leu o texto inteiro, leia pelo menos o último parágrafo, a conclusão. É isso aí.

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  2. Ler o texto da Taci é bem mais agradável que o tal livro, pelo jeito!!!

    Esqueceu de agradecer a sua sogra por ter um livro tão non sense na biblioteca pra vc ler e postar uma crítica tão boa!!! hehe

    pelo jeito.... desse eu passo!!

    bjs mil <><<

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  3. excelentes análises. parabéns! realmente, cupuaçu pra João é muito desconexo. ficaria melhor FEIJÃO, aludindo à história do menino e do gigante (até pela rima João/feijão). me fez lembrar um trecho de livro apócrifo, que diz sobre um homem mais sofrido que Jó e Cristo JUNTOS! por sí só, as histórias as fazem ser inacreditáveis, no pior dos sentido: ele chega em casa totalmente sofrido, e é alvejado ao olhar pro alto, palas fezes duma pombinha, e fica cego dos dois olhos. eu confesso que não consegui prosseguir a leitura...

    o paradoxo grgo pode ser algo tipo o livro mitológico do filme Prova de Fogo, "40 dias não sei-o-que..." tal livro foi criado numa pública encheção de linguiça; nunca existiu, nem havia o desejo ou necessidade de 'existi-lo'. devido ao sucesso do filme e alta procura pelo 'livro', a equipe se viu forçada ($$$) a criá-lo pra $atizfazer o público...

    possa ser que este paradoxo esteja na editora, digo, de caminho rs

    que Deus vos abençoe! Shalom

    Robson de Santana
    cpl. evangélico
    www.doutoresdealmas.org

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