7 de junho de 2010

Clarice,

Clarice, (a vírgula é intencional) é uma senhora biografia da Clarice Lispector, uma das grandes senhoras (sem relação com a idade, claro) da literatura nacional.
O autor do livro, Benjamin Moser, é americano e judeu - um estrangeiro falando sobre aquela que, durante toda vida, precisou afirmar e reafirmar que era brasileira. Por um detalhe, Clarice nasceu na Ucrânia e veio para cá pequena. Com o convívio com os pais, o seu português tinha um leve sotaque, mas ela nunca se sentiu outra coisa senão brasileira. E ela usou essa nossa língua portuguesa com maestria para fazer os romances mais densos e instrospectivos da nossa literatura.
A biografia é primorosa, com um belo trabalho investigativo, muitas entrevistas e cartas, relacionando a sua vida, seus amigos, com a literatura que ela ia produzindo. E como é difícil escritor viver disso no Brasil (até por contratos com editoras que pagavam pouco), cita também os trabalhos jornalísticos que ela fazia, até com pseudônimos - imagine a Clarice Lispector dando dicas para mulheres em revistas femininas (seja discreta, não use muita maquiagem, elegância!)
Além de todas as informações muito interessantes, o livro é muito bem escrito, daqueles gostosos mesmo de ler, de prender a atenção e esquecer que é vida real - a qual às vezes pode ser tão sem graça... Ok, Clarice não poderia ser sem graça, essa mulher sempre correu atrás da vida com V maiúsculo, mesmo antes de saber que tinha recebido o nome de Chaya (vida em hebraico) quando nasceu.
Corra atrás do seu tijolinho (é um livro enorme), porque o que eu li saiu do Brasil, passeou em Londres e agora está com a sua dona, Fér, na frança.

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