12 de abril de 2012

Desonra

Editora Companhia das Letras

Quando me perguntaram no Clube do Livro se eu tinha gostado desse livro, minha resposta imediata foi "não". Depois, eu articulei um pouco mais: eu não gostei dos personagens. Eles são tão diferentes da minha concepção de mundo, que fica muito difícil compreendê-los e empatizar com eles. E o autor, J.M.Coetzee, não se dá ao trabalho de explicá-los muito, então fica mais difícil ainda - ou por outro lado, mais interessante, e isso rendeu várias discussões no clube.


O personagem principal, David Lurie, foi classificado de tonto ou arrogante, miserável ou obcecado, dependendo da leitura que a pessoa fez dos acontecimentos. Toda essa interpretação psicológica variada, que obviamente é influenciada pela nossa visão de mundo, é a grande riqueza de uum clube do livro, e por isso, novamente, eu estimulo a quem gosta de ler procurar um.


Sobre a história? Na África do Sul, num momento não muito bem definido, mas pós-apartheid, o descendente de holandês David Lurie é um professor frustrado de uma universidade que se envolve com uma aluna, e depois é acusado por ela de estupro. Verdade ou não, ele assume, e é expulso da faculdade, e resolve visitar a filha, que mora numa fazenda no interior - antes uma comunidade de hippie, na qual ela tinha uma namorada, agora vive a vida sozinha ali vendendo flores e hospendando cachorros. Pronto, nesse cenário pouco complexo, vem o fato que é o soco no estômago propriamente dito.

O livro flui bem e eu li em dois dias. Dá para discutir muito - sobre o homem, a mulher, a vida, a cultura tribal africana, o mundo ocidental, a moral, a honra, etc, etc, mas não é um livro confortável, de nenhuma maneira.


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