20 de dezembro de 2011

The Confession

Editora Dell - Capa Jonh Fontana
Assim como o último livro que eu li do John Grisham, The Chamber, este também é um pocket, em inglês, da Debô e principalmente, o assunto principal é a pena de morte.

Na história, estamos a cinco dias da execução de um jovem, quase uma década depois do crime pelo qual foi condenado (uma garota que sumiu, provavelmente assassinada). Em outro estado, um pastor recebe a visita de um preso em condicional confessando o crime pelo qual o outro - então inocente - será executado. A partir daí a trama corre para ver se é possível parar o sistema judiciário com a confissão do verdadeiro assassino.

Há vários complicadores na trama:

1) O jovem inocente que foi acusado é negro no Texas - ou seja, num lugar cheio de preconceitos, a cidade torna a execução uma batalha racista com direito a passeatas na rua e incêndios de carros e igrejas;
2) O corpo da garota assassinada nunca foi encontrado - todo o julgamento se baseia numa confissão arrancada a força do jovem, depois de muita pressão psicológica (ele diz que acreditava que eventualmente iam descobrir o verdadeiro culpado, por isso que aceitou "confessar");

3) Há muitos loucos de última hora nesses casos, então como provar que o cara que está confessando a verdade agora (porque está doente terminal e resolveu se sentir culpado pela execução do outro) não é mais um desses doidos querendo atenção?

4) A mãe da garota assassinada é uma cristã que pede e luta por justiça e isso significa sim a execução daquele que foi condenado pelo crime.

Eu não sou especialista em política e justiça norte-americana, mas o que dá para entender desses livros é que os maiores defensores da pena de morte são brancos e cristãos, a extrema direita que nós não vemos com tanta proeminência aqui no Brasil petista-social-democrata. O ponto de vista do narrador é extremamente parcial, ou seja, a ótica na qual a mãe da vítima é apresentada é totalmente negativa, mas ele cita que um dos argumentos citados é que Deus disse "não matarás", mas há uma exceção aberta para o "Estado".

O ponto é que, se a sua teologia não é deturpada pela condição social que você quer manter, o "não matarás" não tem exceção. O que existia - e continua existindo - é o coração endurecido do homem, que não sabe amar o próximo, não sabe conviver em paz, não sabe servir a Deus, então justifica ações injustificáveis com teorias que podem vir de qualquer lugar, menos da Bíblia. É impossível ler os evangelhos, ver o que Jesus Cristo disse e veio fazer e achar sinceramente que esse Deus considera a pena de morte como algo adequado e aceitável. Isso é o que mais me entristece.

3 comentários:

  1. é, cherie, o próprio Jesus foi vítima da pena de morte... Isso por si só já deveria ser suficiente pra qualquer cristão se repudiar com essa ideia...

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  2. Eu acho que eu tenho um do Grisham onde ninguém morre... Vou procurar p vc..
    Beijos, Débo

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  3. Sobre pena de morte, tem uma frase de "O senhor dos anéis" em que o Gandalf diz para o Frodo (não lembro exatamente, mas é mais ou menos assim):
    "Nem todos que vivem devem viver e nem todos que morrem devem morrer. Você pode dar de volta a vida dos que faleceram injustamente? Não? Então não julgue desta maneira".

    Posso não comentar em todos os posts, mas leio tudo que vc posta e adoro seu blog, é maravilhoso!

    Feliz Natal!
    Bjus!

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