20 de maio de 2015

O livro da Maternagem


Ser mãe e atuar como mãe hoje em dia são motivos suficientes para polêmicas em redes sociais - a começar pelo parto. "O Livro da Maternagem" segue uma linha específica que eles próprios chamam de "Pediatria Radical" - e extrapolando o uso da palavra radical, a autora Thelma Oliveira assina a capa com o pseudônimo Dra. Relva (ela é pediatra). Agora mãe de duas, posso afirmar que não me identifico com a filosofia deles - não considero prática. Eu sou o tipo de mãe de rotina, manual e disciplina (e aí o livro que eu li em seguida e postarei em breve fez muito mais sentido). Mas eu entendo que muitas mães vão encontrar eco de seus anseios com esse tipo de "maternagem" - que envolve dedicação exclusiva, colo todo o tempo, cama compartilhada, aleitamento até os dois anos e etc. Assim, não vou criticar o conteúdo em si do livro, mas a forma. 

Pelo que é explicado no livro, tudo começou numa comunidade do Orkut (pois é, e pela minha breve pesquisa, eles não sobreviveram no facebook), em que as pessoas debatiam como cuidar de bebês, como criar os filhos, como ser mãe, etc. "Surgiram" "especialistas" que participavam dos fóruns e esse livro é um compilado de textos sobre diversos assuntos relacionados a crianças. Em geral, os textos são muito superficiais, para não dizer mal escritos. É possível encontrar informações úteis e fidedignas -  como o calendário de vacinação, breve descrição das doenças mais comuns, amamentação - mas sempre bem superficiais ou breves. Há também textos estranhíssimos como um que a mãe cita quando a filha começou a falar, quais palavras foram, que isso ocorreu precocemente, olha que maravilha e é só - não vi propósito nenhum, nem um comentário sobre o que é considerado "normal", que seria bem mais útil do que descobrir que a filha da fulana é precoce, e sem também instigar aquele instinto materno competitivo que sobrepuja por aí (ok, não consegui e critiquei o conteúdo).

De qualquer forma, eu li inteiro mesmo pensando em desistir e posso dizer que não recomendo. É um livro para fãs da maternagem mesmo, depois que descobrirem exatamente do que se trata nesse caso.


10 comentários:

  1. Só esclarecendo alguns equívocos.
    A comunidade no facebook segue firme e forte, com milhares de membros. O radical desse caso vem de "raiz". No sentido de ir às causas e considerar as evidências científicas de boas práticas de cuidado. Não tem a conotação pejorativa que, comumente, se dá ao termo.
    Uma coisa é uma família não se adaptar a determinadas recomendações científicas, como a da OMS, por exemplo, de aleitamento até os 2 anos. Outra, bem diferente, é ignorar que existem caminhos seriamente comprovados como mais adequados (quando a vida permite). Uma coisa é conhecer o ideal. Outra coisa é conseguir fazer o ideal. Outra terceira coisa é, por não conseguir fazer o ideal, negar que ele existe. Eu posso não ter conseguido amamentar exclusivamente até os 6 meses, por exemplo. No entanto, só pq eu não consegui, seria desonesto (ou ignorante) da minha parte negar que o leite materno é melhor que o leite artificial. É só uma questão de deixar a vaidade de lado.

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    1. Olá,
      eu entendi que radical vem de raiz - por isso disse que extrapolando o termo (expandindo seu significado), a autora se chama Dra Relva - planta com raiz, pelo menos é a minha interpretação.
      Não acredito que você tenha dado um bom exemplo em seu comentário, pois falou da amamentação, e no meu texto eu digo:
      " É possível encontrar informações úteis e fidedignas - como o calendário de vacinação, breve descrição das doenças mais comuns, amamentação"
      ou seja, as informações sobe amamentação são boas.
      Gostaria de ler um contra-argumento sobre o texto que eu citei, o texto da mãe dizendo como foi que a filha aprendeu a falar. Aquele ali é o ideal? A experiência da fala de uma criança é cientificamente o ideal? Não há vaidade nenhuma em negar esse conteúdo. Aliás, pode-se aplicar o termo vaidade (vazio) a esse texto.
      Uma das falhas desse livro, volto a afirmar, é que não diferencia o que é científico do que é experiência pessoal, e se for científico, que sejam dadas as referências - artigos, estudos, experimentos e análises. Não em relação a amamentação, claro, a recomendação da OMS pode ser considerada suficiente, mas e com relação aos outros pontos?
      Repito, há muito a melhorar nesse livro - mas provavelmente as mães que se identificam, vão gostar.

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  2. Taciana, olá!
    Estou procurando livros para mães de primeira viagem (meu caso) e me deparei com este texto sobre esse livro que você escreveu, super famoso por sinal.
    Esse assunto de cama compartilhada me deixa de cabelos em pé!
    Vamos ser meu marido eu, pois a família dele é de outro estado e a minha mora distante, então quero ler para me sentir minimamente segura.
    Você me indica alguma obra?
    Não quero nada romantizado, mais sim algo mais prático e objetivo.
    Espero que você possa me ajudar.
    Aguardo sua resposta.

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    1. Olá, Verônica!

      Parabéns pela gestação, que a criança venha com bastante saúde!

      Tem vários estilos de ser mãe, e o que mais combinou comigo foi o livro A Encantadora de Bebês, que realmente dá uma abordagem completa para a rotina do bebê, e é prático mesmo, tem a formulinha do que fazer. Eu atualizei a postagem com a minha experiência posterior - eu li o livro antes da mais velha nascer:

      http://www.lerounaoser.com/2013/03/os-segredos-de-uma-encantadora-de-bebes.html

      Um abraço,

      Taciana

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    2. O livro encantadora de bebês tem um método totalmente diferente do livro em questão. Você está levando em consideração a sua opinião sobre o seu do tipo ideal de maternar. Um livro e totalmente diferente do outro.

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    3. Sim, esse é um espaço para dar minha opinião pessoal sobre os livros que eu leio, há outros sites na internet para resumos ou sinopses sem juízo de valor. Eu acredito e espero que cada pessoa interessada leia o livro e chegue a suas próprias conclusões.

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  3. os comentários do Google sb a PR e a Relva são diversos, até dizendo que nem sempre há 'comprovação científica', kkkk, num país em que o presidente atribui à vacina o megapoder de produzir a AIDS; o diferencial da PR é << justamente a pluralidade de opiniões >> , que leva em conta a vivência das mães; uma lá diz que 'acredita na encantadora de bebês', com base em qual ciência? querem livro de medicina? pois é, há diversos! hahaha / ''Dra Relva //

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  4. A criança é um detalhe no meio de suas convicções, que oscilam entre apelos às crendices e rezas e o sonho tecnológico de mandar fazer TODOS OS EXAMES: – Será que ele não precisa de uma endoscopia ou tomografia? O golpe de misericórdia é quando ela pergunta: – Você não passou o remédio “x” porque não conhece? A gente respira fundo e responde com a calma possível: – Não, é que conheço demais.

    Tomar conta de criança é uma tarefa doméstica demais para ser confiada a especialistas. Então, o pediatra tem que se virar nos trinta, para aprender a ser conselheiro matrimonial, psicólogo e /ou psicanalista, o oráculo de Delfos, cartomante ou futurólogo. Enfim, a mãe espera que ele ou ela seja capaz de prever o tempo, conheça tudo de culinária para bebês, saiba todas as marcas de fraldas e sabonetes infantis. Que tenha um HD de 100 gigabytes, um coração do tamanho do mundo, uma memória de elefante, uma agenda ilimitada, o celular ligado durante os fins de semana, que não sinta sono, nem fome nem sede e que “além de tudo” seja a SUPERNANNY!

    Dra Relva

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  5. 1. vacinas se encontram no site do M. da Saúde e da SBIM 2. puericultura se faz em posto de saúde 3. especialistas não são encontráveis pela maioria da população, que mal tem o que comer; realidade mandou lembranças!

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  6. quer saber mais sobre a Pediatria Radical? segue o link https://profared.wordpress.com/.../pediatria-radical.../

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