6 de janeiro de 2012

Vanity Fair - Feira das Vaidades

Editora Randon
Eis que o meu ano começa com um calhamaço inglês do século XVII - 834 páginas (bem leves - e gratuitas! - no kindle) de um "romance de costumes", ou seja, uma descrição da sociedade da época. Sociedade aristocrática - a tal Feira das Vaidades do título, bem dito: nobres (príncipes, duques, marqueses...), burgueses ricos (embora alguns se tornem miseráveis), militares e colonizadores da Índia (na falta de palavra melhor).

William Makepeace Thackeray centrou a história em duas personagens femininas bem diferentes: Rebecca Spark e Amelia Sadley que saem da escola juntas, como amigas, mas em situação bem diferente: a primeira, Beckie, é orfã, sem riquezas, será governanta, mas é esperta e ambiciosa, a outra, Emmy, é a feminilidade vazia em pessoa, filha de burgueses, destinada a ser esposa frágil e inocente. Acompanhamos a história das duas, que se cruzam em vários momentos ao longo de 20 anos, e como cada uma enfrenta e lida com circustâncias bem diferentes.

Eu gostei muito de como o autor se intromete na narração como se fosse um observador presente, fazendo comentários ou descrições das pessoas, citando "amigos" e emitindo opiniões sobre condutas e personagens. É o momento de dar aquela risadinha, concordando ou não com ele, mas estando muito mais próximo de toda a história.

Também é interessante ver como a sociedade bem diferente se movimentava entre a Inglaterra e o Continente, indo para Bruxelas, Paris, Bolonha, durante e após toda a confusão com Napoleão. E como era natural misturar algumas palavras ou frases em francês na conversação, e às vezes até alemão, como a gente faz com o inglês hoje aqui no Brasil.

Eu, como uma apaixonada por Londres, também me deliciei com toda a cidade descrita ali - ruas e parques como Russell Square, Regent Park, Baker Street (antes de Sherlock!), Kensington Gardens, Hyde Park.

É um romance assim interessante pelo panorama histórico e social, e também pela história e pela forma que foi contado. Mas há de ter paciência, querido leitor, porque o autor realmente abusa das digressões para encher as mais de 800 páginas.


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