13 de fevereiro de 2016

O Seminarista

Editora Agir - Capa Retina 78

"O Seminarista" é o apelido de um matador de aluguel. Que foi seminarista. Que adora livros. Que sabe latim. E que se aposentou. Ou está se aposentando. Ou gostaria de se aposentar. E é envolvido por uma tremenda confusão que traz revelações de supostos amigos, comparsas e até um grande amor.

Um livro surpreendente de Rubem Fonseca, como a boa literatura deve ser: é um estudo das relações humanas mas no limite do extraordinário, pois de ordinário já basta o jornal de hoje.

10 de fevereiro de 2016

Pequenas Grandes Mentiras

Editora Intrínseca

O que eu mais gostei em "Pequenas Grandes Mentiras" é que se trata de um livro cujos personagens principais se parecem comigo: tem filhos. Sim! Os protagonistas não são adolescentes ou jovens buscando cônjuges, nem alguém no final da vida lembrando de sua jornada. Temos 3 mulheres, totalmente diferentes, que se tornam amigas porque tem filhos da mesma idade. (Realmente é notável como é fácil fazer amizade a partir desse pressuposto).

O primeiro capítulo já entrega que vai haver alguma confusão grande numa reunião da escola, e aí a história vai e vem, com pequenos comentários de praticamente todos os personagens num inquérito policial a partir dessa noite. Eu não gosto muito desse recurso de antecipar o clímax, mas entendo que isso ajuda a construir a narrativa, e nós vamos analisando quem aparece a partir dos comentários a posteriori do grande evento (que só é explicado no final mesmo).

O mais legal é que vai ter uma série da HBO baseada nesse livro, com Reese Whiterspoon e Nicole Kidman. Elas são perfeitas para seus papéis! (E a história se passa na Austrália - legal para variar, né?)



4 de fevereiro de 2016

Criando Meninas

Editora Fundamento - Capa Commcepta Design

O livro "Criando Meninas" foi escrito pela psicóloga Gisela Preuschoff, e tem algumas perguntas interessantes na capa: "Por que elas ainda são frágeis?  Como as meninas aprendem? Quando se transformam em mulheres?". Escrito em 2004, parece algo ainda mais antigo, e bem baseado em experiências pessoais - "quando eu era criança...", "aconteceu isso com a uma amiga...", embora sejam citados alguns estudos científicos.

Uma das respostas é que os pais realmente tratam as meninas diferentes - permitem que elas desistam antes, não consideram elas realmente capazes como um garoto da mesma idade, e tendem as proteger de desafios, principalmente corporais. 

Preschoff procura tratar de vários temas relacionados a criação das meninas, as brincadeiras, a vaidade, a adolescência, a puberdade e namoro. Mas nada com muita profundidade, e contando muita "historinha", o que pode ser interessante, claro, mas não que se aplica a você e sua família.

De qualquer forma, há algumas dicas interessantes, por exemplo, como lidar com a chegada de um outro filho - sendo a menina a mais velha, e tendo um irmão ou irmã, ou vice versa. Nada muito profundo, mas indicando para tomar cuidado para não declaradamente preferir o menino a menina (porque pode criar problemas de feminilidade nessa última), ou não incentivar, mesmo não intencionalmente, uma disputa entre duas irmãs.

A parte que eu mais gostei, na verdade, é quando a autora critica a opinião de um outro psicólogo, Steve Biddulph, que é contra deixar as crianças aos cuidados de outros: "Mas, Steve Biddulph é um homem. Ele não sabe o que significa, na prática, ficar a sós com um bebê ou uma criança pequena, todo santo dia, em casa, porque ele exerce uma profissão privilegiada, exatamente como eu."

Acredito que esse livro é só para quem realmente gosta do tema, não achei ele distintivo o suficiente de um senso comum.

The 13 problems

Editora Harper

"Os 13 problemas" foi um dos primeiros livros que eu li da Agatha Christie, pré-adolescente, da biblioteca da escola. O livro gira em torno de um encontro de amigos, em que cada um apresenta um problema - um mistério, não necessariamente envolvendo assassinato - e os outros devem adivinhar a solução. Claro que praticamente todos desconsideram a senhorinha Marple, do vilarejo no interior, mas é claro que ela supreende sempre com a resposta certa. E supreendeu a mim, e conquistou uma fã!

24 de janeiro de 2016

Faça acontecer - Mulheres, Trabalho e a Vontade de Liderar

Editora Companhia das Letras - Capa Peter Mendelsund

Se eu pudesse recomendar um livro para toda garota no colegial ou na faculdade seria esse: Faça Acontecer, de Sheryl Sandberg. É um livro realmente bom, com bastante embasamento em pesquisas científicas e, claro, na experiência da autora, chefe de operações (CFO) do Facebook - e considerada uma das mulheres mais poderosas do mundo hoje. Ou para ser justa, uma das pessoas mais poderosas do mundo hoje. (Esse é um dos tópicos do livro: por que "mulher" tem que ser qualitativo diferencial de alguém no mundo profissional?)

Sheryl diz, e eu concordo, que nem todas mulheres querem trabalhar fora quando tiverem filhos, ou terem posições de liderança ou carreiras executivas. Mas esse livro é para aquelas que querem, e acabam desistindo no meio do caminho. Ou são desestimuladas pelas circunstâncias. Ou para entender porque pode ser tão difícil competir com os homens em pé de igualdade - já que pé de igualdade não há na maioria dos casos. 

Ela, por exemplo, tem dois filhos e tirou licenças maternidades bem curtas. Eu não faria isso, e ela não vende isso como "ideal" - Sheryl defende sim que toda mulher deve poder escolher o que fazer com sua vida e sua carreira, pensando no melhor para ela e para sua família. Ela menciona por exemplo a mãe, que não trabalhava fora, mas se envolvia em programas beneficentes e ajudava centenas de pessoas - voluntário, não remunerado, mas trabalho e também deveria ser valorizado - acredito que a maioria das mães que ficam em casa acabam se envolvendo com programas assim, em instituições de caridade ou igrejas, e fazendo a diferença não só em suas casas. Ela também menciona o valor do trabalho de educar a próxima geração e quem se dedica exclusivamente para isso. Acredito que todas as opções tem seu valor e devem ser respeitadas - mas esse livro, claro, é principalmente para as mulheres, antes e depois de serem mães, que decidiram trabalhar fora - e eu me encaixo nessa categoria.

Posto isso, a parte que eu mais gostei para lidar com a culpa de ser mãe e profissional (e Sheryl vai mais longe e trata também das culpas que toda mulher carrega, independente de ser mãe) são as pesquisas citadas sobre os efeitos de ter os dois pais que trabalham fora sobre os filhos. Numa das notas de rodapés, é mencionado:

 "Um estudo no Reino Unido com 11 mil crianças revelou que as crianças que demonstravam os níveis mais altos de bem-estar pertenciam a lares onde os dois genitores trabalhavam fora. Tendo como variáveis o grau de instrução maternal e o rendimento doméstico, os filhos de famílias nos quais o casal trabalhava fora, especialmente as meninas, apresentaram o menor número de problemas de comportamento, como hiperatividade ou sentimentos de tristeza e preocupação. Ver Anne Mc Munn et al., "Maternal Employment and Child Socio-Emotional Behaviour in the UK: Longitudinal Evidence form the UK Millennium Cohort Study", Journal of Epidemiology & Community Health 66, no 7 (2012): 1-6".

Também fala-se que em 1975 uma mãe que não trabalhava fora dedicava cerca de 11 horas por semana aos cuidados específicos com as crianças - como contar histórias, brincar, etc. Hoje, as mães que trabalham fora dedicam esse mesmo tempo. Ou seja, há uma mudança cultural de valorização da criança, e mesmo as mães que trabalham fora tem dado mais ênfase a isso.

Embora eu tenha abordado aqui a mãe que trabalha, vale a pena ler o livro para quem está só começando na carreira. Há dicas importantes de postura, abordagem, e mesmo direcionamento do que fazer. Sheryl Sanderberg é privilegiada pela sua inteligência, sua formação, suas oportunidades de trabalho que a levaram tão longe, e até pelo marido que a apoiava demais (e infelizmente faleceu no ano passado). Nem todo mundo vai ter a vida dela - ou disposição para se dedicar e trabalhar o tanto que ela trabalha ("o facebook está disponível 24 horas por dia, e virtualmente eu também" - ela disse), mas o livro abre a mente para infinitas possibilidades - mesmo para homens que vão lidar com mulheres como suas chefes, pares e subordinadas.

7 de janeiro de 2016

4:50 from Paddington

Editora Harper

E o ano de 2016 começa (assim como o anterior) com Agatha Christie. São dezenas de livros dela, mas já estou começando a ficar triste que eles não são infinitos! (Embora a releitura deve valer a pena de vez em quando).

Continuando a minha série de livros da Miss Marple, li "A testemunha ocular do crime" em que uma amiga da nossa senhorinha detetive vê um estrangulamento num trem correndo em paralelo ao que ela está. Inusitado, mas é o ponto de partida para a Miss Marple - claro - desvendar um assassinato muito bem planejado. 

Eu desconfiei de alguém, bem improvável e inesperado - mas obviamente fui totalmente supreendida pelo final! Como será que a Agatha Christie conseguia fazer livros tão bons, hein?

31 de dezembro de 2015

Top 2015

Ficção:
Festa no Covil - Juan Pablo Villalobos
A garota no trem - Paula Hawkins
The murder at the vicarage - Agatha Christie

Contos:
Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento - Alice Munro

Não ficção:
Filhos: Manual de Instruções - Tania Zagury