19 de março de 2017

The Awakening

Editora Arcade Publishing - Quadro da capa por Auguste Reinor

Eu comecei a ler "The Awakening" (O Despertar) despretensiosamente. Num balneário a beira mar, na região de New Orleans, conhecemos Edna Pontellier, uma mulher jovem, casada, com filhos pequenos (mas não bebês). A medida que a leitura foi fluindo, fica nítido: é um livro feminista! Fui atrás de mais informações: escrito por Kate Chopin no final do século XIX, ela também foi contra o fluxo de seus contemporâneos (e, é claro, não teve muito sucesso por conta disso).

Assim como em outros romances da mesma época, a crise é a traição feminina - ou melhor, o fato da esposa se apaixonar por outro (Madame Bovary, Luísa), mas Kate Chopin vai além (e o fato de ela ser mulher faz toda diferença). O despertar de Edna é um processo de auto-conhecimento, como mulher, indivíduo, e como isso se reflete no seu papel de esposa e mãe. 

Os costumes mudaram, a moral mudou, a liberdade da mulher mudou nesses últimos 120 anos, mas o a busca por identidade continua sendo algo pessoal e intransferível, um caminho curto e sem percalços para algumas, para outras mais cheio de voltas e obstáculos. Uma busca que às vezes não se completa, mas é renovada a medida que o tempo passa - e se passa de jovem para adulta, de solteira para esposa, de filha para mãe, e então para avó...

A cada dia, um novo despertar e renovar-se.

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