21 de julho de 2011

Assassinos sem rosto


Editora Companhia das Letras - Capa João Baptista da Costa Aguiar 

No meu vasto conhecimento da literatura sueca, que inclui este livro, a série Millenium e a Pippi Meia-Longa (sendo que vou desconsiderar esta última para a conclusão que eu farei, prometendo um post  sobre ela nos próximos meses), posso concluir que suecos "apreciam" uma violência explícita. Sim, os dois são livros policiais, de suspense, ou detetive (classifique como quiser), mas o grau de detalhe da narrativa é grande, ou você tem um estômago forte ou você os lê transversalmente sem nem tentar imaginar a cena (como eu).

Nessa história, dois velhinhos da zona rural da Suécia são brutalmente assassinados sem motivo aparente e os inspetores locais vão tentar desvendar o crime. A velhinha sobrevive ao ataque e vai para o hospital, e sua última palavra é "estrangeiro". Essa informação vaza para a imprensa, e dispara ataques xenófobos pela região, que a mesma equipe tem que resolver em paralelo - meio que eles ameaçam matar mais gente se não encontrarem os culpados. O contexto, começo da década de 90, é a presença de vários refugiados do Leste Europeu e da África em "campos" aguardando o visto de permanência ou a deportação.

Interessante ver o que é o interior da Suécia cerca de vinte anos atrás, cidades pequenas, pacatas, ligadas por rodovias, com a questão econômica e política de receber imigrantes. Henning Mankell, o autor, também tem uma preocupação em "humanizar" os personagens, eles são complexos, com problemas pessoais, interação com família e amigos. Não fica aquela narração focada em um só conflito, como se ninguém mais tivesse vida, os personagens são realmente humanos.

Também é interessante acompanhar a rotina dos policiais: um crime super sério para desvendar, mas eles trabalham das 9h às 18h, horas extras precisam ser permitidas, e isso só vai acontecer quando o bicho estiver pegando mesmo mais para frente. Fico imaginando você no lugar da família das vítimas: quer uma solução rápida, justiça e tal, mas policial é trabalhador-funcionário como toda gente, tem família, tem que voltar para casa...

Por fim, em determinado ponto do livro (não é spoiler), começam a procurar por um tal de Erik Magnusson e chegam no prédio principal da prefeitura da pequena Malmo, onde uma mocinha simpática explica que existem pelo menos 3 Erik Magnusson trabalhando ali. Ora, quem diria que José Santos na Suécia é Erik Magnusson??
Agradeço ao meu amigo que curte um livro policial, por continuar expandindo meu conhecimento sobre essa categoria...

2 comentários:

  1. Interessante. Amo policiais, então vou procurar. Se vc curte o estilo noir, eu sugiro James Ellroy, é ótimo.

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  2. Pode ser João da Silva ao invés de José Santos tb, hehehe

    Sabe que aqui na França a mesma editora que lançou Millenium depois começou a publicar outros autores suecos de suspense/policial, e agora estão publicando também de outros paises - ja vi russo, inglês, americano, e até... brasileiro, sairam 3 livros do Luiz Alfredo Garcia-Roza.

    Beijos Taci!

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