18 de janeiro de 2011

Código Penal Celeste

Código Penal Celeste é o segundo livro que eu leio do Nilton Bonder (talvez algumas pessoas o conheçam pela obra A Alma Imoral, que já foi até adaptada para o teatro). Com isso, estou "aumentando" meu conhecimento sobre o judaísmo. Digo aumentando entre aspas, porque realmente não dá para estudar uma religião dessa forma, através de obras isoladas sobre elas. Então, o que eu tenho agora é uma visão bem parcial do Judaísmo por Nilton Bonder, esse rabino carioca, que não é muito convencional e aceito dentro de sua própria comunidade.
Considerando essa ressalva, posso comentar que o judaísmo é mais esotérico do que eu imaginava. Segundo a wikipedia, "esoterismo é o nome genérico que designa um conjunto de tradições e interpretações filosóficas das doutrinas e religiões que buscam desvendar seu sentido supostamente oculto." O que mais pode ser dito a respeito de um livro que interpreta os 10 mandamentos dando a eles um significado totalmente diferente e figurado?
Ele afirma ao longo do livro que Deus (ou D'us, já que o nome do Senhor não pode ser usado assim a toa)não se interessa entre o que é feito entre as pessoas, mas só entre a pessoa e Ele. Por exemplo, "não assassinarás":

"Os tribunais celestes não penalizam os assassinos por tirarem a vida da vítima. A violência, as lesões ou mesmo o homicídio são prerrogativas do livre arbítrio. Toda morte é parte do jogo da vida. (...) Os assassinatos acolhidos como infrações do fórum celeste serão sempre qualificados. A qualificação não é pela maldade ou malícia ao outro, porque responde por escolhas não-feitas ou por assassinatos de possibilidades. Todo assassino ou mesmo toda violência se origina na ilusão da falta de outra opção. É na inexorabilidade de seu ato que o assassino demonstra a sua incapacidade de perceber escolhas a ele disponíveis. Sua ausência é crime por algo não-feito - uma livre escolha. Todo assassinato se inicia numa morte interna através da negação de aspectos de si que constituem pequenos suicídios. Na verdade, todo assassino é um suicida. Matar o outro é escapar de perceber-se matando a sim mesmo."

Fui só eu ou vocês também se perderam no que é sentido figurado e o que é sentido literal? Todo assassinato literal é um suicídio figurado por não escolha? Ou toda não escolha literal é um assassinato figurado?
Bom, por aí vocês vêem o grau que eu não entendi o livro. Alguns pontos são interessantes sim, mas acho que é necessário muita boa vontade para pegar uma parte assim da Bíblia e expandir para tantos sentidos ocultos. (É interessante que várias referências, historinhas de exemplos, vem da tradição judaica - caso você não saiba, a tradição vale tanto quanto a Bíblia, ou quase, o que é bem diferente do cristianismo pós reforma).
Agradeço a Ania pelo empréstimo, e aguardo o livro A Alma Imoral! Outros livros dele, só se já forem validados (recomendados) mesmo. 

5 comentários:

  1. Incapacidade de perceber escolhas a ele disponíveis?
    Puts, Taci, achei mto discursinho de "pobre vítima social".
    Se ele acha que matar não faz mal pras outras pessoas... queria ver se fosse na família dele.
    Ah, mataram minha mãe? Beleza, faz parte do jogo da vida! hahahahaha... Jogo da vida pra mim é outra coisa... aquele de usar na praia! Hahahaha..
    Mas eu gostei do post, sempre gosto dos seus posts!

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  2. Vixi, Taci! Não sei se foram os dois dias das 8h às 23h falando/tentando entender franinglenhol que afetaram meus neurônios, mas me perdi total nessa passagem. :-)
    So a Ânia mesmo para entender essas coisas...

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  3. Recomendo O Sagrado; a trilogia A cabala da comida, A Cabala do Dinheiro e a Cabala da Inveja. Este último me impactou profundamente. No site do autor há vídeos e entrevistas.
    Boa resenha!

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  4. Sou judia e posso explicar. É mais simples do que parece. O assassino, ao tirar uma vida, abre mão da sua semelhança com o próprio D-us, abre mão da própria essência de sua alma (a consciência). Assim, isso é o próprio suicídio. Toda morte já está determinada por D-us, então o assassino escolhe ser o veículo daquela morte, que poderia ter ocorrido de outra forma. Por isso, o rabino Bonder diz que o assassino está cometendo suicídio. E, claro, como tudo na vida, ao optar pela violência, a pessoa não está enxergando as demais opções que tem a sua frente.

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    1. Aline, sua explicação tornou muito simples mesmo! Obrigada pelo comentário. Eu realmente achei difícil de entender o que o Nilton Bonder escreve, como você pode notar.
      Obrigada!

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