26 de fevereiro de 2018

Se vivêssemos em um lugar normal

Editora Companhia das Letras - Capa Elisa von Randow 

Eu gosto muito das crônicas do Juan Pablo Villalobos no blog da Companhia das Letras, e gostei muito do primeiro livro que li dele - Festa no Covil (foi até um dos meus top livros de 2015), mas nesse livro com um título ótimo: Se vivêssemos em um lugar normal, eu acredito que ele perdeu um pouco a mão.

A história começa bem, uma família de pai professor, 7 filhos com nomes gregos,  a mãe que todo dia serve quesadillas no jantar - tão recheadas quanto possível, variando com a renda do dia, na periferia de uma cidade no interior do México. É interessante, é engraçado, mas lá pelas tantas o autor desbanca tanto para o fantástico, com ETs e tudo o mais, que causa muito estranhamento e parece que um limite foi transpassado sem vantagem para o leitor.

Para comentar melhor minha frustração - um spoiler de uma parte que me entristeceu logo abaixo.

No começo da história, os filhos gêmeos da família somem - são perdidos no meio de uma confusão num supermercado, em que a mãe estava tentando comprar comida, e não viu para onde eles foram. Ela fica desesperada, claro, o pai também - e no começo sobra mais comida para os outros irmãos - mas é isso. Eles são tão pobres e pouco importantes, que esse sumiço não dá em nada, e, no meu ponto de vista, nem é parte da trama principal. É triste como isso pode acontecer - e tenho certeza que acontece até hoje - e só ficou a sensação de que eu sofri mais com isso do que os próprios personagens.

Acho que a leitura do livro vale para conhecer a cultura, a situação econômica e social do México na década de 80, mas Festa no Covil é melhor.



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