4 de julho de 2011

Heart of Darkness & The Secret Sharer

Editora Signet Classics
Quando me apresentaram esse livro, o nome do autor, Joseph Conrad me pareceu familiar... Uma breve pesquisa me esclareceu: é dele também Lord Jim, um livro que sempre cruzou meu caminho, mas eu nunca li.

Joseph Conrad foi marinheiro, e nascido na Polônia viajou muito e aprendeu muitas línguas. Estima-se que o inglês foi seu sexto ou sétimo idioma e mesmo assim, foi com essa língua que ele escreveu suas obras e ganhou o prêmio Nobel.

A primeira história ao contrário do que o título dá a entender, The Secret Sharer  (algo como O compartilhador do segredo), já mostra o requinte de linguagem e descrição que Conrad pode atingir. O início é uma descrição do ambiente em que o navio do narrador está ancorado com muitas metáforas, como se fosse uma pintura mental, bem difícil de acompanhar. Dada sua vida náutica, a história tem vários termos referentes a essa cultura, e para quem não é familiar com ela, é mais complexo. Mas a história tem um forte cunho psicológico, trata-se do novo capitão de um navio, que ainda busca reforçar sua autoridade com a tripulação, encontrando um homem nadando nu no meio da noite, e ele o acolhe e o esconde em sua cabine mesmo quando descobre que ele fugiu de um navio onde estava preso por matar um companheiro de trabalho. Pela narrativa, às vezes há impressão de que o capitão está imaginando esse amigo (?), que só ele vê...

A segunda história, Heart of Darkness (Coração das trevas) é mais, como eu diria, popular. Ela inspirou o filme do Scorsese Apocalypse Now - e elas informações do próprio prefácio e pósfacio dessa edição - só realmente inspirou, já que o filme, que eu não assisti e não posso dizer, muita muitos dos detalhes da história (como o fato de essa se passar na África e o filme no Vietnã).

A narrativa é feita na perspectiva de um personagem, reunido a um grupo de homens sentados ao lado de um navio aguardando a noite passar, ouvindo um deles, Charles Marlow, contar sua incursão pela África. Ele foi contratado por uma empresa, para buscar Kurtz, um outro fucionário que traz muito marfim para os chefes através de um relacionamento muito forte com as tribos locais. (Este livro é terrivelmente dificil de resumir, então se você quiser saber a história toda, vá até a wikipedia ou outra fonte de sua preferência).

O que mais me impressionou foi como é gostoso de ler esse relato de Marlow, é extremamente musical, como se você o estivesse ouvindo falar, contar essa história na calada da noite. Por isso, eu recomendo mesmo você ler o original ao invés de ler um resumo. Além disso, há toda a discussão moral e psicológica do abuso e exploração da África pelos europeus no século XIX, que vale a pena ver - acostumados como estamos com a colonização brasileira, esquecemos como tudo pode ser bem mais terrível.

E interessante ver a anedota histórica - que pode ou não ser verdadeira. Contratado na Bélgica, antes de ser enviado para o continente africano, o médico da companhia o examina e mede seu crânio. Na conversa, Marlow descobre que praticamente todos enviados para lá enlouquecem, e muitos não conseguem voltar...

Embora eu tenha gostado muito, ressalto que não é uma leitura fácil, mas vale a pena. Eu gostaria de agradecer muito ao casal querido que me apresentou o desafio, ops, me emprestou a obra!

2 comentários:

  1. Taciana, como faço para entrar em contato com vc?

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  2. Oi Taci!
    Nossa, que coisa engraçada, eu nunca tinha ouvido falar deste negocio de medir o crânio, e é a segunda vez em uma semana! Aquele livro que eu te recomendei, "The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society", fala disto também em um momento.

    Sobre o livro em si, não sei se me atraiu muito. Parece muito complicado e profundo, e hj é sabado então estou com preguiça hehehe

    Beijinhos
    Fér

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