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Editora William Morrow |
Esse livro faz parte da nova safra de literatura com perspectiva asiática na américa, que é muito interessante - diferente da perspectiva dos negros, mas também marcada pela história e por uma grande diferença cultural e um preconceito latente.
Assim, o título do livro já remete ao "blackface", brancos que pintavam o rosto de preto para apresentações de zombaria. No caso de "Yellowface", temos uma mulher que rouba o manuscrito da amiga que morre, publica, fica famosa, e aí começa a dar a entender que é de descendência chinesa, a fim de corroborar mais a autoria do livro que trata de um evento específico relacionado ao país.
A história de R.F. Kuang é direta na discussão sobre "lugar de fala" que acometeu alguns círculos literários. Eu não tenho dúvidas que alguém que cresceu numa cultura tem mais informações e vivência sobre ela, para poder escrever com mais densidade uma história que se passa na mesma cultura - e isso vale para características como ser mulher, ser brasileira, ser cristã, etc.
No entanto, literatura é ficção: importa bastante a imaginação do escritor ou escritora, sua habilidade de escrita, e sua pesquisa sobre o assunto. Assim, é totalmente válido um escritor fazer personagens de outro gênero, de outra cultura, de outra posição social, ou mesmo de outra época (passado ou futuro). (Por favor, não confundam o escritor com o narrador!)
O problema do livro é justamente a personagem - levada por seus editores - tentar criar uma identidade que não é real.
Eu gostei muito da leitura, mas achei que, no final, o livro se perde, então não é 5 estrelas, mas merece o sucesso.
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