28 de maio de 2025

Toda mulher trabalha

 

Editora Fiel

Em algumas esferas cristãs, há todo um debate entre mulher que trabalha e mulher que não trabalha, ou que se dedica a família em tempo integral, mas Naná Castillo e Cláudia Iotti trazem "Sabedoria aplicada aos dilemas modernos", que é o subtítulo da declaração de verdade que é: "Toda mulher trabalha".

Toda mulher trabalha, hoje ou antigamente, e o que importa é se esse trabalho é feito em obediência a Deus, para servir a Ele e a outras pessoas. Essa é a tese principal do livro, e com certeza o capítulo em que isso é discutido é o melhor, até porque os princípios apresentados ali são aplicáveis para bastante coisa na nossa vida, não só a decisão de trabalhar ou não.

Depois de ler tanto sobre esse assunto (com viés cristão ou não), eu fico imaginando que realmente espantoso seria um livro como "Todo homem se dedica a família", "Todo homem cuida", "Todo homem é um ser humano integral e funcional". 



21 de maio de 2025

Apologética da Mamãe Ursa

 

Editora Pilgrim

Este livro é um conjunto de textos escritos por amigas (voluntárias?) do ministério Apologética da Mamãe Ursa, nos Estados Unidos, a respeito de movimentos ou ideologias que atacam a fé cristã.

Eu até achei o título interessante "Empoderando seus filhos para enfrentarem as mentiras da nossa cultura", mas a premissa principal da obra é que as ideologias podem fazer os filhos perderem a fé, saírem da igreja ou perderem a salvação. Aí que isso vai totalmente de encontro com a minha doutrina reformada, ou seja, a salvação vem pela graça, e é dom de Deus, não há nada que possamos fazer - como mães, como filhos, estudando, deixando de estudar - para receber a salvação. 

Então é para jogar o livro fora? 

Ainda não - porque eu realmente o li inteiro.

A ideia é boa: reconhecer que há nas ideologias não cristãs pontos válidos e pertinentes para a nossa vida (o que chamamos de graça comum), mas entender também o que não é condizente com a nossa fé. Mas as autoras fazem isso de uma maneira meio zombeteira e superficial,  para não tornar o livro muito denso (afinal as mães são muito ocupadas para estudar algo, ao que parece). Então eu fiquei bem incomodada com o tom do livro também.

Não gostei do tom, não gostei da premissa, mas, logo no final, a parte do feminismo me surpreendeu, então deu para perceber que essa história de várias pessoas escreverem o mesmo livro o deixa realmente heterogêneo demais. 



18 de maio de 2025

Uma Livraria com Aroma de Canela

 

Editora Intrínseca


Laurie Gilmore entrega um livro de romance de entretenimento romântico padrão - todo mundo lindo, problemas bem encaminhados para soluções, dificuldades de comunicação que tornam a paixão mais forte.

Promete uma "grande aventura", mas não entrega: é só um passeio de barco e enfrentar um pequeno trauma (medo de altura), sem maiores consequências.

Tem essa capa com vibe de outono - que, pelo que eu entendi do Goodreads, é quase um sub-gênero - mas a história se passa no verão de algum lugar meio frio - com mosquitos. 

Para passar o tempo.



17 de maio de 2025

No fundo do poço

 

Editora Dublinense

A personagem principal do livro mora literalmente "no fundo do poço", ou é assim que chama o condomínio que ela vive com seus 5 filhos, num aluguel social em Londres por volta de 1970. Em capítulos curtos, episódios isolados vão construindo a vida dessa personagem e dos outros ao seu redor, com uma humanidade tamanha, que cria uma conexão conosco, os leitores, mesmo estando tão longe - cultural, temporal e geograficamente.

Buchi Emecheta é uma autora como Guimarães Rosa, através do local e específico traz o que é de mais humano em nós.

14 de maio de 2025

Ei, Deus, está aí? Sou eu, a Margaret

 

Editora Rocco

O livro de Judy Blume acompanha uma pré-adolescente, a Margaret, numa casa nova, escola nova e falando sobre assuntos novos: sutiã, menstruação e garotos. A pitada extra foi coloca-la como filha de um judeu e uma cristã, que resolvem "não ter religião" e deixa-la escolher quando adulta. Com 11 para 12 anos, ela decide fazer sua própria pesquisa sobre diferentes religiões, enquanto tem conversas com Deus quase diárias...

O engraçado mesmo é esse livro de 1970 que poderia ser usado para muitas conversas entre pais e filhos estar nas listas de livros "contestados" dos Estados Unidos...

10 de maio de 2025

Corpos Secos: Um romance

 

Editora Alfaguara


Não gosto muito de livros de terror, e não assisto filmes de terror NUNCA - realmente acho desconfortável sentir medo, mas resolvi dar uma chance para Corpos Secos, afinal, um livro de zumbis brasileiros poderia ser realmente bom, a ponto de ganhar prêmio?

E sim, pode ser sim. 

Os autores construíram uma história verossímil, não só pela origem toxicológica da pandemia, mas pelo que acontece com os personagens - as pessoas com medo, as pessoas fugindo, as pessoas negando, as pessoas criando alternativas, as pessoas se aproveitando da situação. Há de tudo, e tudo parece assustadoramente possível. 

Daria um ótimo filme também, e tenho certeza que faria sucesso em qualquer lugar do mundo.

8 de maio de 2025

A Consulta

 

Editora Fósforo

Lá pelas tantas nesse livro, A Consulta, de Katharina Volckmer, eu comecei a pensar: não gosto do narrador personagem ou não gosto do livro? E, se chegamos a esse ponto, senhoras e senhores, é porque o livro é bom - não importa quão incômodo ele seja (menos de 100 páginas, e eu resolvi lê-lo aos pouquinhos).

Porque é realmente incômodo, então não vou sair por aí recomendando para todo mundo, ou para qualquer um, ou para ninguém. 

4 de maio de 2025

O parque das irmãs magníficas

 

Editora Tusquets

Um livro triste, tristíssimo.

3 de maio de 2025

O Caderno de um ausente

 

Editora Alfaguara

João Anzanello Carrascoza é o autor desse livro que o narrador já se coloca na ausência: porque é um privilégio de pai já olhar para a criança pensando em não estar e isso não ser automaticamente condenado. O narrador, cheio de lirismo e imagens poéticas, sofre por ser mais velho e, por isso, mais perto da morte, quando sua filha nasce. Não é uma ausência planejada (como do primeiro filho, cuja mãe ele traiu e se divorciou e não está mais presente), mas, mesmo assim é a ausência de uma pessoa de 50 anos que pode viver até os 80, mas já avisa que não estará.

Olha, o livro tem passagens bonitas e é meloso de ser um risco para diabéticos, bem escrito, mas não gostei desse narrador, não gosto dessa paternidade que já se desculpa antes mesmo de ir embora, e acha tudo lindo maravilhoso de longe. (Não parece que é isso que ocorre, pela sinopse dos outros 2 livros da Trilogia do Adeus, mas realmente ainda não sei se vou dar uma chance para eles).

2 de maio de 2025

Uma família feliz

 

Editora Companhia das Letras

No último mês, esse é o terceiro livro que eu leio que fala de família: tivemos a família de margarina de O que é uma família?, uma história real de uma família disfuncional de A Menina da montanha, e este ficcional, Uma família feliz.

Raphael Montes escreve histórias de mistério e terror, e este não é diferente. Aliás, é diferente pois veio depois do filme de mesmo nome, que foi lançado em 2024, e parece mesmo que tem algumas pontas soltas, ou, na verdade, pontos mal explicados mesmo, do que foi feito na pressa (apesar das 350 páginas).

Mas o que eu achei interessante, nesse meu período particular de leitura, é pensar sobre o que é ser uma família feliz atualmente - o que mostra nas redes sociais, o que aparece pelo whatsapp, o convívio em escolas e condomínios, é como tudo isso é um recorte da realidade - embora também real - mesmo se você não fizer parte de um thriller psicológico como esse livro.


27 de abril de 2025

A menina da montanha

 

Editora Rocco

Foi muito interessante ler as memórias de Tara Westover - "A Menina da Montanha", na mesma semana que eu li "O que é uma família?". Há paralelos óbvios: viver numa área rural, ter muitos filhos, a fé cristã (na verdade, a igreja mórmon no caso da família de Tara Westover - o que eu considero heresia), os limites claros entre quem é "família" e os de fora, e o que deve ser feito para se preservar, mas também o que pode ser feito para "evangelizar" os de fora.

Mas enquanto um livro é o tradicional comercial de margarina, o outro é praticamente um livro de terror - violência, abuso psicológico, trabalho infantil, doenças mentais não diagnosticadas e não tratadas.

Em certos momentos, fiquei chocada pelos paralelos com eventos mundiais muito recentes como a virada do ano 2000 e o ataque às torres gêmeas, pois às vezes realmente parecia algo descolado da realidade. Há também a fé irracional em óleos medicinais, um fenômeno que chegou ao Brasil e tomou a comunidade evangélica também (mas não na escala da família Westover).

Eu acredito que a pergunta O que é uma família? é extremamente pertinente para a atualidade, e sei que há respostas cada vez mais diferentes, mas é impossível não concluir que isso também da vivência que cada um teve.

Afinal, todas as famílias felizes se parece, mas as famílias infelizes são infelizes cada uma a seu modo (citação que eu não verifiquei a acurácia - Anna Karenina, Leon Tolstói).

26 de abril de 2025

Latim em pó

 

Editora Companhia das Letras

Latim em pó é um livro delicioso de ler do Caetano W. Galindo - um passeio (mesmo) pela formação do nosso português. Nosso português mesmo, porque atravessamos o Atlântico e chegamos aqui nessa mistura - e, vou falar, acabei a leitura com muito mais orgulho do que falamos e escrevemos por aqui.

É muito interessante ver um livro assim de divulgação científica desse campo, e já vi que saiu um livro dele sobre etimologia que já entrou na minha lista a adquirir e a ler.



22 de abril de 2025

Leme

 

Editora Todavia

Madalena Sá Fernandes, em capítulos curtos, nos conta suas lembranças de infância, principalmente da relação abusiva de um homem com sua mãe e com ela mesma - era abuso físico e emocional, sofrido, longo, contemporâneo.

Passei metade do livro pensando: "por que elas não vão embora?????" ao mesmo tempo entendendo o que prendia a mãe, a dependência emocional, a insegurança - mesmo que a autora não tente explicar a mãe, mas sim mostrar o seu amadurecimento ao longo dos anos em que morou com esse canalha.

É um livro muito bonito - e essa edição disponível no Biblion é a de Portugal, com suas pequenas diferenças que deixam o texto levemente não familiar, causando também esse desconforto e um tanto de encantamento. 

20 de abril de 2025

O que é uma família?

 

Editora Monergismo

Ao ler o começo do livro "O que é uma família?" da Edith Schaeffer, comecei a me sentir num manual para esposas se tornarem dignas da trend #tradwife. É algo bem incômodo para mim, principalmente ao considerar que o livro foi escrito 50 anos atrás por alguém que vivia no bucólico interior da Suiça - o que é essa idealização do passado, gente? Cadê o equilíbrio?

 Aí começou um exercício de separar o que é bom e o que não serve para mim - há muito da experiência de uma mãe de 4 crianças, avó de muitas outras, fundadora do L'Abri que é um ministério de hospitalidade e estudo de teologia que eu admiro demais (já fui aqui no Brasil!).

É um livro inspirador que ajuda a refletir sobre o que é importante numa família, mesmo que eu não concorde com todos os métodos dela (assim como não acho que participar do L'Abri é para todo perfil de pessoas). 

O livro está baseado em princípios cristãos, e há citações de versículos - mas em certo momento coloca o "morar numa fazenda e ser quase autossustentável" como ideal - sendo que estamos caminhando para viver com Deus numa cidade (ver Apocalipse) e não voltar para o Jardim do Éden... Cadê o equilíbrio?

Edith Schaeffer trouxe o melhor da experiência e sabedoria dela para esse livro, e é bom nos aproximarmos dele também com a nossa experiência e sabedoria.

19 de abril de 2025

10 minutos e 38 segundos neste mundo estranho

 

Editora Harper Collins

Neste livro de Elif Shafak, acompanhamos os últimos 10 minutos e 38 segundos da vida de Leila Tequila, uma mulher em Istambul - lembrando de vários eventos de sua vida, e apresentando seus 5 amigos. Na metade seguinte do livro, os amigos lideram a narrativa nos desdobramentos após a descoberta da morte dela.

Rico em detalhes - cores, aromas, sensações - este mundo estranho nos é apresentado, um retrato contemporâneo da Turquia, e também sobre as amizades que são feitas pelo caminho. Tem umas partes bem pesadas - tive até que ler outro livro mais leve no meio - mas é muito bom.


13 de abril de 2025

Teto para dois

 

Editora Intrínseca

Nada como um livro de chick lit para uma leitura leve - embora esse "Teto para dois" tenha um relacionamento abusivo (da personagem principal com o ex-namorado) - eu li praticamente em 24h, o típico livro com capítulos curtos e leitura fluida super difícil de parar de ler.

Eu fiquei com vontade de ler outros livros da Beth O'Leary, bobo, mas bem construído e você não fica com vontade de matar o autor enrolando a história, mas também não fica insatisfeito de ser um livro muito curto. Entrega o que promete!




11 de abril de 2025

A Construção da Feminilidade Bíblica

 

Editora Thomas Nelson 

O livro de Beth Allison Barr fala a que veio no subtítulo: "como a submissão das mulheres se tornou a verdade do Evangelho", e é um dos livros mais esclarecedores que eu li nos últimos anos sobre o tema. 

A autora é historiadora (com mestrado e doutorado) em história medieval, mas também é cristã, e foi construindo sua caminhada alimentando esses "dois lados", o que sabemos por todos os momentos em que ela é vulnerável e se coloca nesse livro. 

Assim, vamos vendo como o papel da mulher em relação a igreja cristã mudou ao longo dos séculos, considerando tanto  os fatores internos como externos a religião, e como o que conhecemos no contexto reformado de igreja ocidental hoje é muito mais recente e não algo normal aos fiéis desde a época de Cristo.

Numa mistura de experiência pessoal, pesquisa histórica e teologia, o livro poderia ser um pouco mais claro nos pontos que faz, mas chegamos ao final sabendo que há algo estranho sim nessa construção da feminilidade bíblica e que precisamos de respostas melhores sobre alguns textos bíblicos... Meu estudo sobre esse assunto vai continuar.


9 de abril de 2025

Feliz Ano Novo

 

Editora Companhia das Letras

O livro "Feliz Ano Novo" de Rubem Fonseca foi censurado logo após seu lançamento, na época da ditadura militar - e não por ser contra o governo, mas por conta da moral e dos bons costumes. A maior parte dos contos inclui homens assassinando mulheres por diversos motivos, inclusive hobby e loucura. Mesmo mais de 40 anos depois, não parece longe do que sai como notícias de feminicídio no Brasil. 

São histórias chocantes e cruas, incômodas, e infelizmente muito perto da realidade.

8 de abril de 2025

O Castelo Branco

 

Editora Companhia das Letras

Eu não gostei tanto do livro "Neve" de Orhan Pamuk, mas gostei muito de "O castelo branco", um livro mais curto e ágil, com uma trama mais resolvida. Nessa história que se passa no século XVI, um veneziano é escravizado por turcos e torna-se servo de Hoja, um estudioso que, de maneira muito curiosa, é muito parecido com ele. 

Tem-se o choque entre as diferentes culturas - oriental e ocidental - e o estranhamento entre os dois vai nos levando junto para esse estranhamento de cultura separada por tantos séculos. Há uma pandemia! E agora que passamos por uma, fico chocada como é um evento tão comum ao longo dos séculos para a humanidade.

Esse livro foi tema do clube do livro da livaria da Travessa em Alphaville e foi muito boa a discussão também. Recomendo!


6 de abril de 2025

As coisas que perdemos no fogo

 

Editora Intrínseca

"As coisas que perdemos no fogo" não é um título maravilhoso?

Mariana Enriquez escreve contos de terror - algo de sobrenatural, algo de violência urbana, um retrato peculiar e não turístico da Argentina moderna.

São histórias interessantes, mas não tão horripilantes assim... O pior momento está relacionado a uma aflição imensa que eu tenho de unhas, hahahaha. Então fica aí esse alerta de gatilho.



5 de abril de 2025

A sala de espera da Europa

 

Editora Conrad

"A Sala de espera da Europa" é uma mistura de jornalismo e quadrinhos: Aiméé de Jongh foi conhecer os assentamentos de refugiados na Europa e contou o que viu e as histórias que ouviu em ilustrações.

É impossível não se impressionar com o que aconteceu - e continua acontecendo - esse fenômeno humano que se arrisca ao desconhecido, ao proibido, motivado pelo medo e pela esperança. 



3 de abril de 2025

Crônica de uma morte anunciada

 

Editora Record

"Crônica de uma morte anunciada" do Gabriel García Márquez é um livro curto, que cumpre o que diz: conta a história da morte de um homem de um vilarejo, a qual, particularmente, foi anunciada aos brados pelos assassinos. O narrador é um amigo do morto que investiga e relata fatos que levaram até a morte e o que aconteceu com os envolvidos anos depois. 

Eu me impressionei com a descrição precisa das cenas, parecia que eu estava assistindo um filme. Fazia um bom tempo que eu não lia nada desse autor que era o favorito da minha mãe (e por ter muitos livros dele em casa, eu li muitos na adolescência). Não há muito de realismo fantástico, fora alguns pequenos detalhes, mas dá para entender porque ele ganhou o Nobel, é um primor em poucas páginas.

No clube do livro, a discussão foi boa também: os personagens são complexos, e cada um pode trazer sua interpretação para as atitudes deles, principalmente da noiva. Vale muito a leitura!

26 de fevereiro de 2025

Eleanor Oliphant está muito bem

 

Editora Fábrica 231

É particularmente difícil manter o equilíbrio entre comédia e drama em um livro de entretenimento, e não há quem faça isso melhor que a Marian Keyes, mas Gail Honeyman parece tentar, nesse livro sobre a Eleanor Oliphant. Há personagem tem um trauma que vai se desenrolando ao longo da história, mas também parece ser neuroatípica, e talvez seja muita coisa para um livro só. 

Eu entendo porque fez tanto sucesso, mas não gostei tanto assim.

27 de janeiro de 2025

Persephone

 

Editora Amazon Original Stories

"Persephone", de Lev Grossman, faz parte da coleção de pequenos contos da Amazon, e está disponível no unlimited. Se o primeiro livro que eu li dessa coleção foi ótimo (As seis mortes da santa), esse realmente decepcionou. Ficou apressado, sem sentido, como se o autor não soubesse mesmo escrever um conto (são talentos diferentes do romance mais longo, com certeza!). Mas pelo menos são só 30 páginas.

23 de janeiro de 2025

Stay in your lane

 

Editora Thrive Media

Kevin A. Thompson escreve livros cristãos de auto-ajuda - e embora não seja meu gênero preferido, de vez em quando vale a pena ler um deles. "Fique na sua faixa", o que é lema de muito motoboy por aí, acaba por ser algo muito razoável para a vida. Você só controla o que está na sua faixa. Aí tem a faixa de outra pessoa que, tchantchanran, ela controla. Por fim, tem a faixa de Deus - embora eu acredite que todas as faixas estão sob o Senhorio de Deus - é bom lembrar que algumas coisas obviamente nós não conseguimos controlar nem se tentarmos (o tempo, as doenças, circunstâncias em geral).

Vale a pena ler o livro - embora a edição no kindle não seja muito boa.


20 de janeiro de 2025

A festa do Bode

 

Editora Mandarim

Mario Vargas Llosa conta nesse livro a história do governo Trujillo na República Dominicana, mais particularmente o final, através de personagens ficcionais e não ficcionais.

A parte de violência e tortura, intrínseca a uma ditadura, é de doer a alma e eu tinha vontade de pular parágrafos inteiros, mas a narrativa é interessantíssima, quase como um filme de ação.

Realmente, um autor que ganhou e merecia ganhar um Nobel.



17 de janeiro de 2025

The Six Deaths of The Saint

 

Editora Amazon

Alix E. Harrow escreveu um conto sobre "As Seis mortes da Santa", e é realmente uma santa não convencional - num mundo que não existe - e com um final surpreendente (e sim, eu estava torcendo por ele).

15 de janeiro de 2025

Luke

 

Editora Harper Collins Brasil

Luke é uma graphic novel de Rafael Fritzen, pela qual a minha filha de 11 anos se interessou numa livraria... E como amamos livros, mas não ganhamos na loteria, pegamos uma cópia disponível no aplicativo Biblion, e lemos no celular (cada uma no seu). Eu até prometi que compraria se ela gostasse muito e quisesse ter uma cópia, mas ela não gostou tanto assim...

É uma história do ponto de vista de uma criança, o Luke, passando por uma situação muito difícil, e a narração é bem sensível, mas acho que ficou um pouco confuso. Talvez "bata" diferente para cada pessoa que lê, dependendo do seu momento de vida.



Eu, Tituba

 

Editora Rosa dos Tempos

O evento, que virou história, que virou livro, que virou filme, chamada "As bruxas de Salém" é muito famoso - e se você não conhece, é um bom momento para fazer uma busca. Neste livro, Maryse Condé pega uma das pessoas que existiram relacionada a esse fato histórico, Tituba, escravizada das colônias da América Central vivendo em Salém, acusada de bruxaria, e dá vida a ela.

Acompanhamos Tituba criança, jovem, e toda sua trajetória até sua morte nesse enrosco religioso. É um retrato da cultura das colônias, dos escravizados, dos Estados Unidos do final do século XVII, mas é uma narrativa seca, sem muito encanto, e talvez por isso eu esperava mais do livro. 


12 de janeiro de 2025

A morte tem 7 herdeiros

 

Editora Moderna

Eu guardei meu exemplar de "A morte tem 7 herdeiros" por quase 30 anos, e este ano finalmente foi compartilhado com as minhas filhas: um livro de mistério antes de ler Agatha Christie, pensava eu. Eu lembrava que era claramente uma homenagem - ela é citada na história! - afinal quem matou o patriarca da família entre tanta gente interessada na herança?

Mas o livro é um pouco confuso, vai morrendo gente, e a gente se perde entre tantos personagens, e é uma farsa, e eu acho que pré-adolescentes não conseguem apreciar isso, de certa forma. As minhas duas garotas leram (quase 10 e quase 12 anos), mas definitivamente não foi o sucesso que eu imaginava (nem para mim, tanto tempo depois).



7 de janeiro de 2025

O Empyriano

Editora Minotauro

Fui pega pela série da Quarta Asa. Uma amiga me deu o primeiro livro: vamos ler, o último da trilogia sai em janeiro.

Chega janeiro, e a trilogia vira uma série de 5 livros, sem data de publicação dos dois últimos.

Agora já era.

Livros típicos de romance + fantasia:

- uma protagonista linda, inteligente, frágil, determinada, escolhida, líder, etc, etc

- um interesse romântico lindo, inteligente, determinado, apaixonado, etc, etc

- um mundo realmente bem construído - com dragões!!!!

600 páginas cada que são possíveis de ler em um final de semana sem compromissos, ou uma semana com intervalos típicos de vida adulta.

É entretenimento, minha gente.



 

O Fazedor de Velhos

 

Editora Companhia das Letras

O livro "O Fazedor de Velhos" foi lançado em 2008 e nas descrições que eu li na internet é um romance de formação (coming of age), sobre um garoto de 18 anos que não gosta da faculdade de história e não sabe o que fazer. Ele é apresentado então a um professor de histórias mais velho que se torna seu mentor, passando tarefas e lições de vida.

Eu pensei, a princípio, que era a história verdadeira do autor Rodrigo Lacerda (ah, essa moda atual de auto ficção), mas o personagem chama Pedro e aí percebi que era só ficção mesmo.

O livro ganhou o prêmio Jabuti de melhor obra juvenil, então deve fazer mais sentido para adolescentes mesmo, porque tudo parece bem dramático demais, aquela crise existencial de perder o grande amor e não saber o que fazer da vida.


6 de janeiro de 2025

Vasto Mar de Sargaços

 

Editora Rocco

Jean Rhys, em 1966, pegou a esposa louca do livro de Jane Eyre e deu a ela uma vida de verdade, que é "Vasto Mar de Sargaços" - e o nome em inglês é mais musical: Wide Sargasso Sea. Além disso, ela trouxe luz para o passado da personagem numa colônia da América Central, o que é curioso por si só, mesmo se for a visão de uma pessoa branca deslocada no tempo (ou seja, também trazendo uma perspectiva histórica que pode ser incompleta). 

Ou seja, a ideia era boa - e acredito que por isso deve ter sido muito apreciado - mas a execução é confusa e estranha, e eu realmente não gostei muito.


3 de janeiro de 2025

Enquanto houver limoeiros

 

Editora Verus

A canadense Zoulfa Katouh, filha de sírios, escreveu esse livro - uma mistura de romance Young Adult e relato de guerra - para falar sobre a Revolução Síria que estourou na década de 2010, e esteve nas notícias no final do ano passado.

Apesar de ser uma história ficcional, tanto a violência como o sofrimento da população são relatados de maneira bem gráfica, e foi bem difícil ler o livro todo.

É interessante ver um romance jovem em outra cultura, mas os personagens são simples e há partes da trama claramente forçadas. 

Assim, é difícil recomendar esse livro porque precisa ter estômago, mas a construção da história parece para adolescentes / jovens adultos. 




2 de janeiro de 2025

Lia

 

Editora Companhia das Letras

No ano que a minha Lia faz 10 anos, o meu primeiro livro é esse mesmo - comprado não só pelo título, mas porque admiro Caetano W. Galindo faz um tempo, do blog da Companhia das Letras, entrevistas e podcasts. 

O autor logo explica que essa obra começou como folhetim - capítulos publicados num jornal independente e, ao longo do tempo, cada leitor iria conhecer (construir?) a Lia. Com tamanha liberdade, é gostoso de ver a experimentação de cada parte, são diferentes narradores e tipos de textos, diferentes visões da mesma personagem - e até do autor (será o autor mesmo?) se posicionando em um ou outro trecho. 

Eu gostei bastante, apesar de descobrir que o nome da personagem é Lucília, e recomendo para quem não se incomoda com uma literatura menos convencional.