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22 de abril de 2025

Leme

 

Editora Todavia

Madalena Sá Fernandes, em capítulos curtos, nos conta suas lembranças de infância, principalmente da relação abusiva de um homem com sua mãe e com ela mesma - era abuso físico e emocional, sofrido, longo, contemporâneo.

Passei metade do livro pensando: "por que elas não vão embora?????" ao mesmo tempo entendendo o que prendia a mãe, a dependência emocional, a insegurança - mesmo que a autora não tente explicar a mãe, mas sim mostrar o seu amadurecimento ao longo dos anos em que morou com esse canalha.

É um livro muito bonito - e essa edição disponível no Biblion é a de Portugal, com suas pequenas diferenças que deixam o texto levemente não familiar, causando também esse desconforto e um tanto de encantamento. 

14 de novembro de 2022

Hífen

Editora Dublinense

Gosto muito de histórias, como Hífen de Patrícia Portela, de distopias que sacodem a forma como vemos o mundo. É uma ótima história, muito envolvente e interessante.

 

7 de julho de 2022

Equador

 

Editora Companhia das Letras

Miguel Sousa Tavares, português, conta uma história sobre o controle de uma colônia, São Tomé e Príncipe no começo do século XX, nos aproximando da vivência dessa ficção histórica através de personagens muito bem construídos. É muito bom e muito interessante.

30 de junho de 2022

Galveias

 

Editora Companhia das Letras

Galveias é a cidade de nascimento do português José Luís Peixoto, e nesse livro que começa com um meteoro (ou algo do tipo) caindo na vila, vamos conhecendo diversos moradores e um pouquinho de suas histórias. É um bom livro, mas não fenomenal - lembro de ter gostado mais do livro "Livro" do mesmo autor.




19 de junho de 2022

Memorial do Convento

 

Editora Companhia das Letras

Eu amo os livros do José Saramago, mas demorei muito tempo para ler Memorial do Convento - talvez por duvidar que ia corresponder às expectativas - e tudo tem seu tempo certo. É um livro ótimo, emocionante, que navega pela cultura de Portugal e pelos relacionamentos humanos delicadamente. Vale cada minuto, cada página, cada palavra. 

José Saramago, um gênio.

19 de fevereiro de 2018

Os Íntimos

Publicações Dom Quixote

Eu gostei muito desse livro da Inês Pedrosa, assim como eu gostei do primeiro que li dela (Fazes-me falta), e principalmente porque eu gosto muito da sua prosa, o seu jeito de escrever poético e sensível, como nesse trecho:

"Estou dentro de um cenário de cinema. Como se as casas fossem de cartão prensado, e a vida se suspendesse para poder ser inventada, debaixo das luzes que vacilam na noite por causa da chuva, uma chuva miudinha, falsa, melodiosa, regulada como banda sonora."

Em "Os Íntimos", a autora descreve uma noitada entre amigos homens, em que a voz narrativa passa de um para outro - mas mais seus pensamentos e falas, monólogos que não temos certeza se são pronunciados em voz alta.

Há personagens femininas, mas elas são secundárias - e eu achei o livro muito interessante e bonito, mas eu o terminei sem saber se o retrato dos homens é convincente, ou só como uma visão feminina.

30 de dezembro de 2015

Livro

Editora Companhia das Letras - Capa Flávia Castanheira

É realmente ousado que um livro se chama "Livro", o que, na minha opinião, cria a expectativa de que a história também se mostre fora do comum. Vou dizer que essa obra de José Luís Peixoto me surpreendeu, um pouco pelo absurdo que justifica o título lá pelo meio da história (sem spoilers), mas não é algo espetacular, trata-se de um livro bom.

O estilo é diferente, algo como Saramago com pontuação, algo meio fluido, que nos traz para perto das personagens simples que são foco da história e não são lá muito eloquentes. Na contra-capa diz que a história é sobre a imigração portuguesa para a França, mas embora os personagens principais realmente mudem para a França, acredito que seja muito mais uma história de encontros e desencontros.

(Engraçado que a França era para Portugal o que os Estados Unidos são para a América Latina hoje, um ambiente diferente, mais frio, onde se faz dinheiro para mandar para a terra natal - ou para guardar e voltar para lá.)

O que eu realmente gostei foi a caracterização dos personagens - pessoas peculiares do interior de Portugal há quase 100 anos, que poderiam estar em qualquer lugar do mundo.

31 de março de 2013

As Intermitências da Morte

Editora Companhia das Letras - Capa Hélio de Almeida
"As Intermitências da Morte" é um dos meus livros preferidos do José Saramago, o qual é um dos meus autores preferidos. Então esse é um livro que eu recomendo certamente, e foi a minha escolha para iniciar um novo clube de leitura. Embora a temática "morte" não seja leve, o livro é todo entremeado com a fina ironia característica do autor, e uma virada no meio da história bem surpreendente.

Eu acho que a morte é um assunto tabu na sociedade de hoje - e como comentaram no clube, antigamente, com os velórios em casa, as crianças já eram acostumadas a isso - e hoje não é só da morte que fugimos e ignoramos, é também do próprio envelhecimento e do que é o curso "natural" da vida.

Cedo ou tarde, teremos que lidar com o envelhecimento e a morte de parentes, amigos, e também com o nosso próprio envelhecer e morrer. Contudo, por causa de uma pessoa, tudo pode ser diferente. Jesus morreu para justificar os nossos erros, mas ressuscitou para vencer a morte por todos nós. Por enquanto, ainda temos que lidar com a morte, que sempre será estranha, porque a vida eterna vai voltar - como Deus planejou para nós inicialmente.

Feliz Páscoa!!!

8 de março de 2013

Fazes-me falta

Editora Objetiva - Capa Erika Azuma e Rodrigo Disperati

"Fazes-me falta" é um livro lindo. Lírico. Sensível. Uma história de amor. De amizade. Diferente.

Um homem e uma mulher dialogam, próximos, mas numa distância infinita: ele tenta superar a morte prematura dela, que também revive sua vida e seus relacionamentos.

Inês Pedrosa nos envolve aos poucos dentro desse universo, (sua prosa parece ter outro ritmo, apesar de ser o mesmo português), e vamos nos aproximando cada vez mais desse casal, indo para dentro de suas mentes e corações - e podemos até encontrar um pouco de nós mesmos e nossos sentimentos...


9 de julho de 2012

A jangada de pedra

Editora Record / Altaya

O ponto de partida de "A Jangada de Pedra" é algo bem surreal: a península ibérica se desconecta da Europa e sai navegando, na falta de termo melhor, pelo Atlântico. Assim, sem aviso prévio ou explicações científicas, o fato é que a fronteira com a França rachou e o que era uma península se transformou numa ilha - eppur si muove, como diria Galileu.

No meio disso, Saramago junta 5 pessoas, cada uma com sua própria dose de fantástico:  um homem que sente o solo tremer, uma mulher que fez um risco no chão que não se apaga, outra que desfaz um meia de lã azul num fio que não se acaba, um homem perseguido por uma revoada de passarinhos e um homem que jogou uma pedra pesada no mar e ela quicou sem ele ter força para isso. Ah, e um cão que parece bem esperto.

A história não se apresenta de maneira direta assim, mas ela vai se construindo e cada vez mais envolvendo você nessa realidade tão surreal - em que a geografia faz sentido, a sociedade faz sentido, mas meia dúzia de fatos, não. No entanto, Saramago não é um autor de ficção fantástica por si só, ele é um autor de relacionamentos humanos durante crises e é isso que ele apresenta magistralmente nesse livro. Não é um livro difícil, mas se você gosta de respostas, vale lembrar que Saramago adora perguntas.

16 de abril de 2012

Claraboia


Editora Companhia das Letras - Capa Hélio de Almeida

É muito estranho ler um livro do Saramago antes de ele ser, propriamente, Saramago. Ele escreveu "Claraboia" na década de 50 e depois de ser recusado pelas editoras, o seu próximo livro só aconteceu 20 anos depois, e nesse período, ele se transformou no escritor que conhecemos hoje. Não é que o livro seja ruim - não tinha como ser - mas não é o Saramago. Para começar, os diálogos tem travessões, e todos os personagens são claramente identificados com nomes! :)

A história é a respeito de moradores de um prédio bem simples em Lisboa - pai e mãe com a filha adolescente, pai português e mãe espanhola num casamento acabado com o filho pequeno, a mulher sustentada pelo amante, as duas velhas e as duas jovens (mãe, tia, filhas), o casal que aluga um quarto para o forasteiro... A trama é contínua no tempo, então temos manhã, tarde, noite, acompanhando um pouquinho da vida de cada núcleo e vendo como essas histórias se tocam ou cruzam, como se o espaço restrito necessariamente aproximasse as pessoas (não mais, se você vive em São Paulo).

A única discussão filosófica que ocorre, bem claramente, é a conversa entre o sapateiro, senhor de idade, e o jovem a quem ele aluga um quarto, sobre o sentido da vida, por assim dizer. O senhor de idade é um comunista "aposentado", que acredita no amor a humanidade, o jovem já é pessimista e desiludido. Engraçado pensar num Saramago jovem que possa ter projetado um pouco de si em um desses dois personagens... ou nos dois?

27 de janeiro de 2012

História do cerco de Lisboa

Editora Companhia das Letras - Capa Hélio de Almeida sobre relevo de Arthur Luiz Piza

O meu livro preferido do José Saramago é esse, uma verdadeira história de amor. Ou duas: nos dias de hoje, a tensão crescente entre Raimundo Silva e Maria Sara, e na época do ataque mouro a Lisboa, em 1147, entre Moogueime e Ourona. As histórias se entrelaçam porque Raimundo Silva, revisor de texto, resolve colocar um "não" numa frase de um livro da história de Portugal - que os cruzados NÃO ajudaram os portugueses a retomar Lisboa das mãos dos muçulmanos, e daí surge toda uma história paralela considerando que isso é verdade.

Meio contemporâneo, meio histórico, mas inteirinho Saramago, com muitos diálogos e orações curtas dentro de frases e parágrafos gigantes, a narração vai encantando e envolvendo. Esse livro tem um dos diálogos mais românticos que eu já li, e que me dá frio na barriga toda vez que eu releio. Para ver a genialidade de Saramago, o clímax da conversa é a simples frase "eu gosto de si".

Então vem um grão de sabedoria: quando a pessoa resolve falar, logo em seguida a essa primeira declaração, "Posso dizer-lhe que o/a amo?" (estou tentando não dar um spoiler muito nítido, por isso os dois possíveis gêneros), a conversa continua assim:

"Não, diga só que gosta de mim, Já o disse, Então guarde o resto para o dia emque for verdade, se esse dia chegar, Chegará, Não juremos sobre o futuro, esperemo-lo para ver se ele nos reconhece, ..."

(Fica subentendido, é claro, que a pontuação em Saramago é assim, sem ponto final ou de interrogação, as pessoas do discurso mudam na letra maiúscula, o que eu acho que dá muita agilidade ao texto - procure ler em voz alta.)

Gosto dessa abordagem de que o amor é algo que vem com o tempo, um sentimento construído em cima do relacionamento e um pouco de destino - desconfio das pessoas que saem amando assim a primeira vista (ao contrário da paixão, é claro, que geralmente é súbita). Mas ver o romance surgindo - que delícia que é! - é viver junto com os personagens, é aquecer o coração, é lembrar da nossa própria história ou sonhar com emoções futuras (repetidas ou novas). Genial, esse Saramago.  

13 de agosto de 2011

A máquina de fazer espanhóis

Editora Cosac Naify - Capa Lourenço Mutarelli 

Tem gente que escolhe o livro pela capa, tem gente que escolhe o livro pelo título, tem gente que escolhe o livro pela crítica que leu no jornal ou na revista. Nesse caso, eu escolhi pelo autor - victor hugo mãe - assim, em minúsculas, misturando uma sumidade da literatura mundial com um substantivo tão comum (que todo mundo tem). Para quem não conhece, valter hugo mãe é angolano e causou sensação na última Flip - recebendo declarações apaixonadas de quem o ouviu falar português de Portugal. Ele já foi premiado pela Fundação Saramago, sendo que o próprio o elogiou muito enfaticamente. Assim, não perdi a oportunidade de comprar esse livro, com um título tão inusitado, numa promoção na internet (elas não são maravilhosas?).

Embora até tenha a sinopse na orelha do livro, resolvi ler A máquina de fazer espanhóis sem saber nada sobre a história antes, e foi muito bom. É claro que o resumo do livro ajuda na hora de decidir se vamos o ler ou não, mas também é mágico poder ser levado pelo autor, como numa peça, em que cada momento traz um novo personagem, uma nova situação. Então, realmente, não contarei nada da história para vocês - é uma motivação para que vocês leiam o livro e sejam surpreendidos e seduzidos por ele.

Incrivelmente, eu estava quase às lágrimas no primeiro capítulo.

A história nos leva numa montanha russa de sentimentos, o que causa um estranhamento muito grande - gosto ou não gosto? entendo ou não entendo? dou risada ou me ofendo? como nos posicionamentos frente ao que o autor propõe? Não é um enredo simples, é uma jornada a alma humana.

valter hugo mãe escreve só em minúsculas, diálogos no meio do parágrafo, sem indicação de quando o personagem está pensando, está falando, ou mesmo quem é que fala - lembra alguém? Demoraram algumas páginas até eu notar que os únicos sinais de pontuação eram vírgulas e ponto finais - as exclamações e interrogações são totalmente implícitas, e eu adoro esse tipo de autor que brinca com a linguagem, ela não é só o meio da história, mas também arte em si.

Acabo por aqui antes de revelar algum detalhe - mas termino ressaltando que recomendo e empresto, é claro.

13 de junho de 2011

Fernando Pessoa

Fonte: Google
O Google está homenageando Fernando Pessoa hoje, no que seria seu aniversário de 123 anos. Ele é um dos meus poetas preferidos - claro, como não gostar de pelo menos de 1 dos seus heteronômios?

Ainda no clima do dia dos namorados, compartilho com vocês uma das poesias de que mais gosto, do Álvaro de Campos.

Todas as Cartas de Amor são Ridículas


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

 
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

21 de julho de 2010

Caim


Caim é o último livro publicado pelo José Saramago antes de sua morte, e vai na mesma linha de "O Evangelho segundo Jesus Cristo", um ataque a fé cristã. De maneira irônica, nos dois livros, ele reconta a história bíblica modificando um detalhe aqui e outro ali, mas principalmente alterando as intenções dos personagens, o que eles pensam. Então, o que se vê em "O Evangelho" é um Jesus perdido, nada divino, questionador de sua própria condição.
Em "Caim", ele parte da criação de Adão e Eva, passa pelo pecado original, a expulsão do paraíso e continua até o assassinato de Abel por seu irmão Caim. A partir daí, Caim se torna um viajante do tempo, visitando e interferindo em vários outros momentos importantes da narrativa bíblica do antigo testamento.
Um dos pontos mais fortes do livro é quando Deus decide destruir Sodoma e Gomorra, cidades que estavam cheias de imoralidade. Abraão pede que Deus poupe as cidades se houver pelo menos dez justos na cidade, e Deus concorda. Mas o único justo é Ló, e um anjo o tira de lá, com sua mulher e duas filhas, antes da destruição total. O questionamento do narrador, e de Caim, é simplesmente: E as crianças?

Assim, a partir da oferta de Caim que não é aceita por Deus (o que o motiva a assassinar seu irmão por ciúmes ou inveja), Saramago vai pontualmente questionando o que é a justiça desse Deus, que faz escolhas, se agrada e se entristece, protege e salva, destrói e recomeça.
A verdade é que a justiça de Deus certamente não é a justiça dos homens, ou o que a gente entende por justiça. É fácil criar um Deus totalmente incoerente, quando o desconectamos do perfil que nos é apresentado pela bíblia, e começamos a projetar nele o que queremos que Deus seja, o nosso Deus pessoal. Deus quer sim um relacionamento pessoal conosco, mas Ele é o que É, nós somos as criaturas. Ele é bom, Ele é justo, por sua própria definição, de quem criou esses conceitos.
Se Saramago não entendeu isso, é porque não é fácil e simples mesmo. Mas livros como Caim e Evangelho segundo Jesus Cristo, só evidenciam que ele nunca esteve satisfeito com a imagem de Deus que lhe foi apresentada, eos ataques de ateu são perguntas a nós cristãos - e o próprio Saramago fala sobre escrever para compreender aqui. Então, eu lembro do que Pedro falou:
"Estejam sempre prontos para responder a qualquer pessoa que pedir que expliquem a esperança que vocês tem. Porém façam isso com educação e respeito." (1a Carta de Pedro, cap.3, vers. 15)
Então não adianta ficar ofendido, bater o pé, fugir do livro, ter medo ou raiva. É possível sim dar a razão, o motivo, da nossa esperança e fé, de maneira amorosa e clara. Usar livros como esse para pensar do outro lado, sair da caixinha, e fortelecer-se nas suas convicções. Porque não basta amar a Deus de todo o seu coração, sua alma, sua força - tem que ser de todo o seu entendimento também!

18 de junho de 2010

87 anos bem escritos

Eis que o Saramago morreu hoje. Dá uma tristeza grande, porque é menos uma fonte de literatura de alto nível. De qualquer forma, a obra que restou é imensa, e está aí, disponível, para sempre.
Comercialmente, vamos ver as livrarias colocarem os livros dele nas vitrines, promoções nas lojas virtuais, toda uma retomada de sua divulgação da mídia.
Aproveito então para recomendar algumas leituras, se você quiser pegar essa onda:
- Evangelho segundo Jesus Cristo: polêmico, escandaloso para alguns, mas para você pensar diferente.
- A História do Cerco de Lisboa: romântico, como eu já disse, está no meu top 10.
- A viagem do elefante: engraçado e leve. Eu fui no lançamento do livro em SP, com a presença dele e da esposa. Incrível, o velhinho. Eu comprei um assinado já! Relíquia.
- Ensaio sobre a cegueira: maravilhoso e assombroso. Para quem acha um exagero, lembrar das reportagens dos terremotos no chile e no haiti.
- O homem duplicado: interessantíssimo!
- A caverna: platônico mesmo, reconta o mito da caverna numa situação bem próxima da gente.
- As intermitências da morte: ótimo!!! Para pensar em imortalidade, justiça e a nossa vida mesmo.
Eu li mais alguns dele, mas esses são os que mais me marcaram, assim, para lembrar agora. Recomendo mesmo. E ainda pretendo ler todos! Vale a pena...

18 de janeiro de 2010

O Poeta Fingidor

Esse livro eu ganhei de Natal da minha mãe (sim, esse é meu!), com uma anedota familiar muito legal... Ela disse que quando estava grávida de mim sentia vontade de ler poesia, e leu várias do Fernando Pessoa... Por isso que eu nasci assim, :-), e esse poeta é especial...
Este livro fez o caminho inverso ao mais comum: esteve primeiro na TV e depois virou livro, por isso que ele inclui um DVD, com o documentário que a Globo fez comemorando os 120 anos do nascimento do poeta e, até onde eu sei, só passou na globonews. O documentário foca mais na figura do poeta, ou seja, procurando saber mais sobre sua vida cotidiana, o que fazia, como ele era. Entra em contato com uma sobrinha dele, que lembra de brincar com ele de "barbeiro" (que era ela, com 4 anos), ou com a sobrinha de uma "namoradinha" dele. E aí ele procura ir contra a ideia de que Fernando era homossexual, o que ele não gostava, pelo jeito, era de casamento. O documentário é todo em Portugal, com umas paisagens muito bonitas, realmente vale a pena - mas não espere algum estudo literário.
O livro começa com uma introdução sobre o poeta, baseado no estudo que o autor-jornalista fez tanto para o documentário como num período anterior em sua vida (sem especificar exatamente o porquê). Então, as poesias citadas no documentário são apresentadas na íntegra, com muitas fotos de Pessoa e de manuscritos - o livro todo é muito bem feito, com capa dura e páginas brilhantes, bem coloridas e bem diagramadas.
O que eu mais gostei é o registro da suposta primeira poesia, do garoto então com 7 anos, para sua mãe, que casara novamente e estava com viagem marcada para morar no exterior (na África):
" À minha querida mamã
Eis-me aqui em Portugal
Nas terras onde eu nasci,
Por muito que eu goste delas,
Ainda gosto mais de ti"
E com um pedido desses, que mãe não levaria ele junto?
(Veja bem, não sei nem que mãe deixaria o filho para trás!)
Obrigada, mamy, pelo livro!!!!!