28 de maio de 2025

Toda mulher trabalha

 

Editora Fiel

Em algumas esferas cristãs, há todo um debate entre mulher que trabalha e mulher que não trabalha, ou que se dedica a família em tempo integral, mas Naná Castillo e Cláudia Iotti trazem "Sabedoria aplicada aos dilemas modernos", que é o subtítulo da declaração de verdade que é: "Toda mulher trabalha".

Toda mulher trabalha, hoje ou antigamente, e o que importa é se esse trabalho é feito em obediência a Deus, para servir a Ele e a outras pessoas. Essa é a tese principal do livro, e com certeza o capítulo em que isso é discutido é o melhor, até porque os princípios apresentados ali são aplicáveis para bastante coisa na nossa vida, não só a decisão de trabalhar ou não.

Depois de ler tanto sobre esse assunto (com viés cristão ou não), eu fico imaginando que realmente espantoso seria um livro como "Todo homem se dedica a família", "Todo homem cuida", "Todo homem é um ser humano integral e funcional". 



21 de maio de 2025

Apologética da Mamãe Ursa

 

Editora Pilgrim

Este livro é um conjunto de textos escritos por amigas (voluntárias?) do ministério Apologética da Mamãe Ursa, nos Estados Unidos, a respeito de movimentos ou ideologias que atacam a fé cristã.

Eu até achei o título interessante "Empoderando seus filhos para enfrentarem as mentiras da nossa cultura", mas a premissa principal da obra é que as ideologias podem fazer os filhos perderem a fé, saírem da igreja ou perderem a salvação. Aí que isso vai totalmente de encontro com a minha doutrina reformada, ou seja, a salvação vem pela graça, e é dom de Deus, não há nada que possamos fazer - como mães, como filhos, estudando, deixando de estudar - para receber a salvação. 

Então é para jogar o livro fora? 

Ainda não - porque eu realmente o li inteiro.

A ideia é boa: reconhecer que há nas ideologias não cristãs pontos válidos e pertinentes para a nossa vida (o que chamamos de graça comum), mas entender também o que não é condizente com a nossa fé. Mas as autoras fazem isso de uma maneira meio zombeteira e superficial,  para não tornar o livro muito denso (afinal as mães são muito ocupadas para estudar algo, ao que parece). Então eu fiquei bem incomodada com o tom do livro também.

Não gostei do tom, não gostei da premissa, mas, logo no final, a parte do feminismo me surpreendeu, então deu para perceber que essa história de várias pessoas escreverem o mesmo livro o deixa realmente heterogêneo demais. 



18 de maio de 2025

Uma Livraria com Aroma de Canela

 

Editora Intrínseca


Laurie Gilmore entrega um livro de romance de entretenimento romântico padrão - todo mundo lindo, problemas bem encaminhados para soluções, dificuldades de comunicação que tornam a paixão mais forte.

Promete uma "grande aventura", mas não entrega: é só um passeio de barco e enfrentar um pequeno trauma (medo de altura), sem maiores consequências.

Tem essa capa com vibe de outono - que, pelo que eu entendi do Goodreads, é quase um sub-gênero - mas a história se passa no verão de algum lugar meio frio - com mosquitos. 

Para passar o tempo.



17 de maio de 2025

No fundo do poço

 

Editora Dublinense

A personagem principal do livro mora literalmente "no fundo do poço", ou é assim que chama o condomínio que ela vive com seus 5 filhos, num aluguel social em Londres por volta de 1970. Em capítulos curtos, episódios isolados vão construindo a vida dessa personagem e dos outros ao seu redor, com uma humanidade tamanha, que cria uma conexão conosco, os leitores, mesmo estando tão longe - cultural, temporal e geograficamente.

Buchi Emecheta é uma autora como Guimarães Rosa, através do local e específico traz o que é de mais humano em nós.

14 de maio de 2025

Ei, Deus, está aí? Sou eu, a Margaret

 

Editora Rocco

O livro de Judy Blume acompanha uma pré-adolescente, a Margaret, numa casa nova, escola nova e falando sobre assuntos novos: sutiã, menstruação e garotos. A pitada extra foi coloca-la como filha de um judeu e uma cristã, que resolvem "não ter religião" e deixa-la escolher quando adulta. Com 11 para 12 anos, ela decide fazer sua própria pesquisa sobre diferentes religiões, enquanto tem conversas com Deus quase diárias...

O engraçado mesmo é esse livro de 1970 que poderia ser usado para muitas conversas entre pais e filhos estar nas listas de livros "contestados" dos Estados Unidos...

10 de maio de 2025

Corpos Secos: Um romance

 

Editora Alfaguara


Não gosto muito de livros de terror, e não assisto filmes de terror NUNCA - realmente acho desconfortável sentir medo, mas resolvi dar uma chance para Corpos Secos, afinal, um livro de zumbis brasileiros poderia ser realmente bom, a ponto de ganhar prêmio?

E sim, pode ser sim. 

Os autores construíram uma história verossímil, não só pela origem toxicológica da pandemia, mas pelo que acontece com os personagens - as pessoas com medo, as pessoas fugindo, as pessoas negando, as pessoas criando alternativas, as pessoas se aproveitando da situação. Há de tudo, e tudo parece assustadoramente possível. 

Daria um ótimo filme também, e tenho certeza que faria sucesso em qualquer lugar do mundo.

8 de maio de 2025

A Consulta

 

Editora Fósforo

Lá pelas tantas nesse livro, A Consulta, de Katharina Volckmer, eu comecei a pensar: não gosto do narrador personagem ou não gosto do livro? E, se chegamos a esse ponto, senhoras e senhores, é porque o livro é bom - não importa quão incômodo ele seja (menos de 100 páginas, e eu resolvi lê-lo aos pouquinhos).

Porque é realmente incômodo, então não vou sair por aí recomendando para todo mundo, ou para qualquer um, ou para ninguém. 

4 de maio de 2025

O parque das irmãs magníficas

 

Editora Tusquets

Um livro triste, tristíssimo.

3 de maio de 2025

O Caderno de um ausente

 

Editora Alfaguara

João Anzanello Carrascoza é o autor desse livro que o narrador já se coloca na ausência: porque é um privilégio de pai já olhar para a criança pensando em não estar e isso não ser automaticamente condenado. O narrador, cheio de lirismo e imagens poéticas, sofre por ser mais velho e, por isso, mais perto da morte, quando sua filha nasce. Não é uma ausência planejada (como do primeiro filho, cuja mãe ele traiu e se divorciou e não está mais presente), mas, mesmo assim é a ausência de uma pessoa de 50 anos que pode viver até os 80, mas já avisa que não estará.

Olha, o livro tem passagens bonitas e é meloso de ser um risco para diabéticos, bem escrito, mas não gostei desse narrador, não gosto dessa paternidade que já se desculpa antes mesmo de ir embora, e acha tudo lindo maravilhoso de longe. (Não parece que é isso que ocorre, pela sinopse dos outros 2 livros da Trilogia do Adeus, mas realmente ainda não sei se vou dar uma chance para eles).

2 de maio de 2025

Uma família feliz

 

Editora Companhia das Letras

No último mês, esse é o terceiro livro que eu leio que fala de família: tivemos a família de margarina de O que é uma família?, uma história real de uma família disfuncional de A Menina da montanha, e este ficcional, Uma família feliz.

Raphael Montes escreve histórias de mistério e terror, e este não é diferente. Aliás, é diferente pois veio depois do filme de mesmo nome, que foi lançado em 2024, e parece mesmo que tem algumas pontas soltas, ou, na verdade, pontos mal explicados mesmo, do que foi feito na pressa (apesar das 350 páginas).

Mas o que eu achei interessante, nesse meu período particular de leitura, é pensar sobre o que é ser uma família feliz atualmente - o que mostra nas redes sociais, o que aparece pelo whatsapp, o convívio em escolas e condomínios, é como tudo isso é um recorte da realidade - embora também real - mesmo se você não fizer parte de um thriller psicológico como esse livro.