8 de julho de 2025

Sobrevidas

 

Editora Companhia das Letras

Abdulrazak Gurnah ganhou o prêmio Nobel em 2021, e esse foi o último livro que ele lançou antes de ser premiado. Em Sobrevidas, estamos no começo do século XX, na costa oeste da África, na interação entre tantos povos: os nativos, indianos, alemães e ingleses, e religiões diferentes também: local, muçulmana, evangélica. Lendo a história, ficcional, entre citações de eventos reais (como a I Guerra Mundial), tudo o que eu pensava era: como eu desconheço tanto da África!

Demora um pouco para nos envolvermos com os personagens, e o final é tão apressado que parece que estava acabando o papel do mundo, mas o livro é ótimo para abrir uma cortina sobre eventos recentes do mundo.  


2 de julho de 2025

Depois do Trovão

 

Editora Companhia das Letras

Logo no começo de Depois do Trovão, eu me peguei emocionada lembrando de Grande Sertão Veredas, um livro que eu amo. Era as reminiscências ao contar a história, um narrador mais velho, a linguagem, o sertão... 

Mas o livro de Micheliny Versunschk traz outras camadas: o foco da narrativa é indígena, assim como seus outros livros. Estamos no século XVII, no meio das guerras entre os colonizadores e a população indígena nativa, algo que não se vê nas aulas de história do Brasil. A linguagem também oscila, variando com o que está sendo narrado: às vezes temos uma proximidade maior com o português padrão (há até uma carta em escrita formal) e às vezes temos tantas palavras de idiomas nativos, que fica um pouco confuso (mas, como é dito no final do livro, é possível achar o significado das palavras na internet, e por isso que não há notas - e temos aí outra semelhança com o livro de Guimarães Rosa: o melhor é se entregar a história e ao estranhamento e a releitura, até ao encantamento).

A capa do livro é linda e totalmente pertinente: estamos sim falando da identidade do nosso país.

Agradeço a editora por me disponibilizar esse livro pelo NetGalley.

1 de julho de 2025

A Mulher Enjaulada

 

Editora Record

Aconteceu, gente.

Venho aqui comunicar a todos que achei uma série melhor que o livro. No caso, a série Dept. Q da Netflix, que se baseia no livro A mulher enjaulada do autor dinamarquês Jussi Adler-Olsen.

Eu assisti primeiro a série, e gostei tanto dos personagens, principalmente, que acabei querendo mais.  Quando eu vi que tinham 10 - DEZ - livros na série, queria ler todos. Mas aproveitei que o primeiro, em português, estava no kindle unlimited, baixei e comecei a ler (só tem os dois primeiros traduzidos, pelo que eu vi). 

Só que, como sempre, tem diferenças entre o livro e a série, e TODAS as diferenças melhoraram a trama do livro. Há mais personagens femininos e eles não são descritos apenas pela sua beleza ou utilidade para o personagem principal (que é mais chato no livro), o personagem sírio é menos caricato e traz uma outra camada de mistério para a história, e até a justificativa do crime é melhor. 

Então é isso, assistam a série, e torçam comigo por uma segunda temporada!


29 de junho de 2025

A ordem do Ipê Branco

 

Publicação Diogo Carneiro

A proposta desse livro de Digo Carneiro é escrever uma aventura épica em ecossistema brasileiro, e ele consegue ter um produto ótimo: A ordem do Ipê-Branco é o primeiro volume das tais Crônicas de Pantaikan.

Na edição de capa dura que eu li, as ilustrações são lindíssimas - e é o maior trunfo do livro. Os personagens da fauna brasileiras são interessantíssimos - temos uma capivara antes de capivara virar esse animal famoso. Mas a narração tropeça um pouco, e poderia ser melhor editada, sendo confusa em algumas partes.

23 de junho de 2025

The Wedding People

 

Editora Henry Holt and Co.

A premissa do livro é interessante: uma pessoa resolve se suicidar depois de curtir os seus últimos momentos num hotel maravilhoso, mas a noiva que vai ter seu casamento ali nos próximos dias pede que ela mude de ideia para não estragar a semana perfeita que ela planejou - e que não envolvia alguém morrendo em um dos quartos. A personagem principal então resolve aguentar mais uns dias (que envolvem ficar no quarto de graça, já que ela mesma só tinha dinheiro para uma noite). Aí que a história vai tomando um rumo cada vez mais bizarro, e encaminha-se para um romance padrão (previsível sobre quem vai ficar com quem, e todos felizes no final).

O que cansa, realmente, é o tanto que o narrador explica o que os personagens estão sentido, como se fosse uma contínua sessão de terapia. Dá para entender o apelo, e o que é discutido muitas vezes é muito pertinente para as situações dos personagens, mas, mesmo assim, fica tudo parecendo forçado.


17 de junho de 2025

Se eu fechar os olhos agora

 

Editora Record

Ao contrário do primeiro livro que eu li do Edney Silvestre, A felicidade é fácil, esse eu não gostei tanto. Até fui ver que eu achei umas partes cansativas - e esse livro "se eu fechar os olhos agora" é quase todo cansativo. Eu geralmente gosto de personagens idosos, mas o idoso da trama e os dois garotos são muito autoconscientes, esclarecidos até demais, numa época que não condiz com o discurso. As partes violentas são muito gráficas - principalmente sexuais, então é um sofrimento grande.

Além disso, o prefácio é de algum diretor da globo que adaptou o livro para uma minissérie (que eu não assisti), e logo de cara ele já fala das alterações que fez na história - então realmente parece que o livro está aí publicado para quem primeiro viu na TV (e, olha, pela quantidade de diálogo, parece que o autor já estava focando essa adaptação).

Realmente, não sei como ganhou um Jabuti.

10 de junho de 2025

Daisy Jones & The Six

 

Editora Paralela

Cheguei um pouco tarde para essa festa (o livro é de 2019, a série é de 2023), mas estava precisando de uma leitura mais leve e o livro Daisy Jones & The Six caiu muito bem. Não que a história seja totalmente leve em si - há drogas e rock n'roll - mas Taylor Jenkins Reid escreve de maneira fluida, e entrega um ótimo romance de entretenimento.

A estrutura do livro também é muito interessante: a narrativa é só feita através de trechos de entrevistas das pessoas que fizeram parte da banda ou que conviveram com ela, como se fosse uma história real.

A descrição dos personagens e de algumas cenas é tão boa, que chegou a decepcionar quando eu busquei na internet como foram feitas as imagens da minissérie - PUXA! a capa do disco parecia perfeita mesmo - sem o rosto de Daisy e Billy - e a foto da piscina também. 

A Daisy talvez exista por aí, a Camilla também, e o Billy definitivamente não - alguém sabe de onde estão saindo esses caras de livros de romance?

E sim, eu recomendo para férias, distrair e entreter.