30 de março de 2025

A mãe da mãe de sua mãe e suas filhas

 

Editora Globo

A ideia do livro de Maria José Silveira é boa: uma saga da história do Brasil através de mulheres - a começar de uma indígena que viu o barco de Pedro Álvares Cabral chegar na Bahia, se apaixonou por um português e tiveram o primeiro brasileiro - mistura do que estava aqui e do que chegou. A história continua daí, bem romantizada, nesse ideal de miscigenação e força - daí eu entendo porque fez fama fora do Brasil. 

Não é que todas as mulheres são fortes, espertas, inteligentes, bonitas e especiais, mas é quase isso. Então cansa. 

Se for para ler uma saga brasileira ficcionalizada, que seja Um Defeito de Cor.




22 de março de 2025

Sem Fôlego

 

Editora SM

O autor Brian Selznick escreveu o livro A Invenção de Hugo Cabret, que se tornou o filme, e esse "Sem Fôlego" vai na mesma linha: uma mistura de narrativa escrita e lindas ilustrações que complementam a história.

Nessa obra, há duas linhas temporais, do garoto protagonista e de sua mãe. Além disso, traz a cultura surda, de uma maneira muito delicada. É um livro lindo, de ler numa sentada só. Aqui li eu e a minha filha de quase 12 anos.

O mundo se despedaça

 

Editora Companhia das Letras

O "Mundo se Despedaça" de Chinua Achebe é um clássico - um romance histórico sobre o momento em que o homem branco entra em contato com o clã de Okonkwo - e como o mundo se desfaz. É uma obra importante, que nos sensibiliza para os eventos que impactam vidas até hoje. 

Escrito em 1958, não deixa de ser a visão de um homem, e mais voltado para a esfera externa e as relações mais amplas. Os livros de Chimamanda Ngozi Adichie e Buchi Emecheta trazem o relato de dentro de casa, a visão da mulheres, o impacto nas famílias, e por serem mais sensíveis, são mais da minha preferências - os três são Nigerianos, nascidos no século XX, recomendo todos.

18 de março de 2025

Quando a alegria não vem pela manhã

 

Editora Ultimato

Ricardo Barbosa de Sousa, pastor, escreveu esse livro depois da morte do seu filho devido a um câncer agressivo. Apesar de muita oração e fé, ele não recebeu a resposta desejada - a cura - e após passar pelo luto mais intenso, escreveu esse livro sobre as parábolas de Jesus sobre oração, dando uma outra dimensão para elas.

É um livro que serve de consolo e também mostra um caminho de esperança e amor com Jesus, não importa o que aconteça. Recomendo fortemente para quem duvida ou se sente inseguro com relação às orações, em qualquer fase da vida.

13 de março de 2025

Yellowface

 

Editora William Morrow

Esse livro faz parte da nova safra de literatura com perspectiva asiática na américa, que é muito interessante - diferente da perspectiva dos negros, mas também marcada pela história e por uma grande diferença cultural e um preconceito latente.

Assim, o título do livro já remete ao "blackface", brancos que pintavam o rosto de preto para apresentações de zombaria. No caso de "Yellowface", temos uma mulher que rouba o manuscrito da amiga que morre, publica, fica famosa, e aí começa a dar a entender que é de descendência chinesa, a fim de corroborar mais a autoria do livro que trata de um evento específico relacionado ao país.

A história de R.F. Kuang é direta na discussão sobre "lugar de fala" que acometeu alguns círculos literários. Eu não tenho dúvidas que alguém que cresceu numa cultura tem mais informações e vivência sobre ela, para poder escrever com mais densidade uma história que se passa na mesma cultura - e isso vale para características como ser mulher, ser brasileira, ser cristã, etc. 

No entanto, literatura é ficção: importa bastante a imaginação do escritor ou escritora, sua habilidade de escrita, e sua pesquisa sobre o assunto. Assim, é totalmente válido um escritor fazer personagens de outro gênero, de outra cultura, de outra posição social, ou mesmo de outra época (passado ou futuro). (Por favor, não confundam o escritor com o narrador!)

O problema do livro é justamente a personagem - levada por seus editores - tentar criar uma identidade que não é real. 

Eu gostei muito da leitura, mas achei que, no final, o livro se perde, então não é 5 estrelas, mas merece o sucesso.





3 de março de 2025

Causas não naturais

 

Editora Autêntica


O livro de Ana Elisa Ribeiro, Causas não naturais, traz contos cotidianos com pontos surpreendentes, muito bem relatados. É um bom livro, mas não muito marcante.

Homens ao Sol

 

Editora Tabla

"Homens ao Sol" foi discutido no clube de leitura da Livraria da Travessa, e o livreiro mediador, Gustavo, conhece muito bem do assunto história do Oriente Médio e enriqueceu muito a discussão - então fica aqui minha recomendação para participar de bons clubes sempre que possível. 

O livro de Ghassan Kanafani tira da zona de conforto, porque ele é seco como a terra do deserto e ainda traz um tema espinhoso, a Palestina. Se era difícil quando ele escreveu esse livro na década 1960, agora continua, certo? E é bem difícil pegar esse bonde andando e achar que uma frase de efeito explica a situação.

Fiquei com vontade de ler mais literatura da região - eu não gosto de política, mas as relações humanas sempre me interessam bastante.